Opinião GP: Grande Prêmio apoia temporada de manifestações que buscam transformação do Brasil

O GRANDE PRÊMIO expressa clara e plenamente sua posição a favor destas manifestações populares, repudiando quaisquer atos que levem aos males físicos e públicos. Porque há um bem maior com que se preocupar. Há um bem a se transformar


SEGUNDA-FEIRA COSTUMA SER o dia da preguiça e do tédio por ser o dia mais longe do próximo fim de semana. Mas esta que vem marca a importante primeira rodada efetiva da tentativa de mudança no sistema que oprime o cidadão brasileiro sob a túnica da democracia que existe até a página 2 da Constituição. O GRANDE PRÊMIO vive um microcosmo de um esporte que representa bem as castas superiores da sociedade, independente dos partidos ou das ideologias. Quem está por dentro tem ciência de que o automobilismo é um poço de maus tratos em que seus comandantes se eximem das responsabilidades e estão envoltos em histórias escusas. São casos positivos de dopings que se tenta esconder, autódromos que se vão para dar lugar à especulação imobiliária sem que haja reposição obrigatória pela lei, má formação dos pilotos e prática inexistência de uma categoria de base, omissão de responsabilidade em mortes em eventos clandestinos. Os paralelos são conhecidos: os governos omitem e agem na calada da manhã, da tarde e da noite, os lugares que brotam e tungam o dinheiro público a pouquíssimo troco, a péssima formação intelectual e educacional das novas gerações e as tantas mortes que até a ditadura ainda não esclarece, que dirão as que se sucedem no cotidiano das grandes e pequenas cidades, periferias ou centros urbanos.
 
Os centavos – os 20 em São Paulo e outros tantos e variados em vários lugares – foram o pavio desta dinamite social que ganhou contornos nacionais. As primeiras explosões que surgiram apontaram a falta de jeito dos manifestantes, que atacaram justamente o sistema de transporte que tentavam defender ou torná-lo gratuito, e encobriram o que acabamos evidenciando até este domingo: o despreparo abissal da Polícia Militar em lidar com uma situação adversa. Mas é evidente que os adversários desta instituição não são os jovens com faixas empunhadas ou até mesmo rostos tapados e sprays que delineiam nas pixações as palavras de ordem. A ação em casos como o do Pinheirinho corroboram que a PM age com a empáfia e a imposição de quem tem a ditadura no DNA e se defende na lei que permite o abuso das autoridades, deixando ao largo a sensibilidade da conversa, da negociação e da pacificação.
A manifestação sem vandalismo é a resposta mais contundente do povo para seu descontentamento (Foto: Getty Images)
Apesar dos vídeos que invadiram as redes sociais – que finalmente se tornam as grandes aliadas para o desdobramento destes movimentos e palco da veracidade dos tantos cenários que vimos nos últimos dias – vazando a força desproporcional e desmedida das balas de borracha e cassetetes de efeito imoral, a própria polícia e quem as manda agir desta forma se apoiaram na desfaçatez da negativa das ações, transferindo o caos que provocaram aos manifestantes que, em sua absoluta maioria, gritavam para que não houvesse violência. Nem a Bandeira nem as flores foram respeitadas em seus simbolismos, e não há como plantar a paz num jardim de terra improdutiva. Aqueles tais centavos geraram prejuízos muito maiores que os financeiros, e ainda hão de gerar porque a cansada sociedade enfim se ligou e se dispôs a se mobilizar para, pelo menos, expor ao mundo que há um severo descontentamento com esse modus operandi.
 
As primeiras revoltas que se surgiram nas principais capitais foram uma espécie de testes de pré-temporada, dos quais se tiram conclusões evidentes de quem vem forte para a briga e de quais armas pretendem usar. A partir de hoje, os povos que hão de se unir devem ter a consciência de, intrinsicamente, cortar aqueles pré-dispostos em ir para o confronto direto. Os milhares de cidadãos que estiverem engajados em um bem comum vão às ruas aos montes com suas faixas, cartolinas e bandeiras, e seus apitos, megafones e vinagres, sem entrar em choque com o Choque para que a população não sofra nem termine o dia novamente chocada com as cenas que dele decorreriam – e que muito provavelmente apontariam para o vandalismo das massas nas câmeras e reportagens das grandes mídias velhamente interessadas em deturpar os fatos.
 
O GRANDE PRÊMIO, ainda bem, não faz parte destes grupos de comunicação, não tem a pretensão de fazer cobertura destes eventos e nem tem uma posição política enquanto site. Mas expressa clara e plenamente sua posição a favor destas manifestações populares – e, novamente, repudiando quaisquer atos que levem aos males físicos e públicos. Porque, acima de tudo, deseja que o Brasil inicie um processo de eliminação das múltiplas chagas que o impedem de ser um país grande e deem voz a quem tem sido recriminado não só nestes últimos dias, mas há tantos anos. O automobilismo, neste sentido, tem de ficar de oitavo plano porque há um bem muito maior com que se preocupar. Porque há um bem a se transformar.
Protestos nas várias cidades têm de evitar o choque com a polícia, que só tem nele sua arma (Foto: Getty Images)
A temporada em si começa hoje, com um calendário que vem sendo definido aos montes. Era intenção do GRANDE PRÊMIO detalhar as datas, os horários e os pontos de concentração, mas surpreendentemente verificou, com absoluto entusiasmo, que em mais em mais de 200 cidades brasileiras já há protestos marcados, além das outras tantas em vários países que abraçaram a causa – e onde a polícia soube desempenhar seu papel de protetora e conciliadora. Assim, para facilitar, deixaremos as nossas redes sociais livres para divulgação dos mesmos.  

O GRANDE PRÊMIO sabe que as disputas nestas pistas serão inevitáveis, que as farpas serão trocadas e que as dificuldades serão imensas. E torce para que este povo que se finalmente juntou termine a temporada das manifestações com um título inquestionável.


Opinião GP é o editorial semanal do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
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