Coluna Power Stage, por Fernando Silva: Presente francês e futuro polonês no WRC

Robert Kubica na divisão principal do WRC seria fantástico para o próprio piloto, para a Citroën e também para a categoria, que passaria a contar com um ex-piloto de F1 ainda jovem, apaixonado pelo rali, carismático e com uma história de superação que daria um filme

É muito bom estar de volta e poder abrir o segundo ano da Coluna Power Stage aqui no glorioso Grande Prêmio. O primeiro ano foi bastante positivo, aprendi muito com este espaço. E depois de um começo de 2013 bastante intenso, volto agora com a coluna e cheio de motivação para trazer as melhores informações do mundo cross-country, além de algumas curiosidades no off-road.

E nesta sexta-feira, quando já está rolando o Rali do México lá em León, escrevo sobre o glorioso WRC e essa nova fase da categoria. A temporada 2013 começou quente, embora suas duas temporadas iniciais tivessem sido disputadas abaixo de zero em Monte Carlo e na Suécia. Sébastien Loeb venceu com sobras no Principado, alcançando mais um triunfo no rali mais tradicional do mundo. No gelo de Karlstad, porém, foi a vez de outro francês comemorar: Sébastien Ogier subiu no alto do pódio na Suécia e levou a Volkswagen à primeira vitória na história do WRC.

Diante da competência de um baita piloto como Ogier, que já vinha mostrando boa performance no ano passado, quando correu na S2000 com Skoda — mas já pela equipe Volkswagen —, a vitória não foi surpresa. E levando em conta a forma como a montadora alemã trabalha e seu histórico vencedor, a conquista já era esperada. Talvez não já para a segunda prova da temporada, mas já era algo previsto.

Evidente que ainda é cedo para afirmar com todas as letras que Ogier é o grande favorito ao título. Mas é inegável que sem a ameaça chamada Sébastien Loeb, o xará da Volkswagen é quem mais tem estofo para brigar pela taça em 2013, muito mais que Jari-Matti Latvala, conhecido também como ‘Jari-Batti’ e ‘Bate-Vala’.

Mas e a Citroën? Mikko Hirvonen e Dani Sordo não têm cacife o bastante para também estarem na briga pela taça? Óbvio que sim, principalmente pela equipe em que ambos estão. Por mais que o desempenho da Volkswagen nas primeiras provas do ano tenha sido excepcional, é preciso dizer que não haverá mais etapas no gelo neste ano. Daqui pra frente, é terra ou asfalto. E é aí que a Citroën pode se dar bem. Nem mesmo a M-Sport, com seus Ford Fiesta, pode ser descartada. Mas é claro que a Volkswagen também vem muito forte.

Ao lado do navegador Ingrassia, Ogier é a bola da vez no WRC (Foto: Volkswagen Motorsport)

Entretanto, está claro que, com a saída gradual de Loeb, Ogier é o cara que vai ocupar o papel que era do próprio xará: o de protagonista no WRC, embora Seb mais novo rejeite qualquer tipo de comparação com o eneacampeão. Hirvonen, Latvala e Sordo, por exemplo, são ótimos, mas aparecem como coadjuvantes, enquanto Evgeny Novikov, Thierry Neuville e Mads Ostberg ainda são estrelas em ascensão.

A Volkswagen, claro, está feliz da vida por liderar o Mundial e ver Ogier como a bola da vez no WRC. Nem o mais fanático fã da marca poderia esperar começo tão promissor. A Citroën, por sua vez, perde demais com a ausência de Loeb. Hirvonen, Ogier e eventualmente Chris Atkinson — como neste fim de semana, no México — e Khalid Al-Qassimi não suprem a lacuna deixada pelo lendário piloto francês. Lacuna técnica e talvez, o mais importante nesses tempos de crise, a lacuna mercadológica. Afinal, sem Loeb a Citroën perde seu maior garoto propaganda. Mesmo garantida no WRC com a grana do governo de Abu Dhabi, a Citroën não tem mais sua grande referência na categoria, embora Seb seja eternamente a bandeira da montadora e deve representa-la no WTCC.

No ano passado, foram poucas as vezes que Hirvonen mostrou um grande rendimento a ponto de empolgar a Citroën em sua primeira temporada pela equipe. Vale lembrar que o finlandês terá um ano crucial pela frente em 2013, já que está no seu último contrato com a escuderia finlandesa. Ou rende bem e luta pelo título, ainda mais agora que é o número 1 da equipe, ou então vai ganhar bilhete azul e terá de procurar time para seguir sua carreira no ano que vem.

E é aí que entra outra figura importante para o futuro do WRC. Pode não ser nada, pode não ser nada, mas fato é que a Citroën anunciou, na semana passada, a contratação de Robert Kubica, ele mesmo, para disputar a temporada 2013 do WRC2, a divisão 2 do Mundial de Rali, que até ano passado levava o nome de S2000. Apaixonado pelo rali, Robert vem fazendo toda a sua recuperação pilotando carros da modalidade. No começo do ano, chegou até a testar um carro da Mercedes no DTM, mas a montadora de Stuttgart optou pelo jovem e talentoso Daniel Juncadella.

Mas a identificação com Kubica é mesmo com o rali, não tem jeito. Desde quando voltou a competir, ele o fez em exibições promissoras com modelos de menor potência em provas realizadas na França e na Itália. Até que, em novembro do ano passado, Robert teve a primeira experiência com um carro da Citroën, nada menos que o C4, mesmo modelo que deu tantos títulos a Loeb. E mesmo ainda não estando 100%, o polonês fez bonito e venceu fácil o Rali de Como.

Apaixonado pelo rali, Kubica pode ser um grande nome para o futuro no WRC (Foto: Robert Kubica/Facebook)

A performance de Kubica parece ter agradado muito a Citroën, tanto que os franceses deram ao piloto uma chance de ouro para voltar de vez ao automobilismo mundial. Robert disputará nada menos que sete etapas do WRC2 em 2013 e também vai participar de provas do Europeu, como o Rali das Ilhas Canárias, entre 21 e 23 de março. Já no WRC2, sua estreia será no Rali de Portugal, em abril. Robert deverá disputar também o Rali da Argentina, para delírio dos amigos e amantes do automobilismo em Córdoba.

Kubica vai correr com um DS3 RRC (Regional Rally Car) devidamente adaptado às suas condições atuais, já que seu braço e sua mão direita ainda não estão 100% recuperados do acidente sofrido em 6 de fevereiro de 2011, no Rali Ronde di Andora, na Liguria.

Assim, caso Kubica mostre boa performance no meio de craques do Mundial, não seria surpresa alguma se a Citroën fizesse de 2013 um degrau antes de promover o polaco a um dos seus carros oficiais na próxima temporada ou em dois anos, talvez. Ver Kubica na divisão principal do WRC seria fantástico para o próprio piloto, para a Citroën e também para a categoria, que passaria a contar com um ex-piloto de F1 ainda jovem, apaixonado pelo rali, carismático e com uma história de superação que daria um filme.

Claro, é preciso ir bem devagar com o andor e esperar para ver o que Kubica poderá fazer correndo em um nível acima em relação às competições que disputou no ano passado. Só de ter sobrevivido àquele terrível acidente já foi incrível vitória; voltar a competir, então, nem se fala. Vê-lo ao ápice do seu amado esporte depois de ter vencido a morte seria a consagração de um mito das pistas. E depois de tudo o que Robert vem feito, nada mais é impossível. Absolutamente nada.
 

Dakar 2014

Tudo indica que o Rali Dakar terá um novo país em sua rota. Segundo informações da revista argentina ‘Corsa’, o maior rali do mundo vai abrir sua edição de 2014 em Rosario, na Argentina, e terminará no Chile, em cidade ainda a ser definida. Mas diferente dos dois anos anteriores, desta vez a prova não vai atravessar o Peru, que será substituído pela Bolívia. É esperado que o paradisíaco Salar de Uyuni faça parte do trecho. Porém, o Peru poderá voltar a receber o lendário rali em 2015.


Chi-chi-chi-le-le-le

Francisco ‘Chaleco’ López é o novo contratado da KTM. O carismático piloto chileno agora é piloto oficial da montadora austríaca e vai disputar algumas etapas do Mundial de Cross-Country da FIM, como o Ruta 40, na Argentina, e o Rali dos Faraós, no Egito. Entretanto, sua presença no Rali dos Sertões, que voltará a fazer parte do calendário do Mundial neste ano, ainda é incerta.

Chaleco López agora é piloto oficial da KTM (Foto: KTM/ Marcelo Maragni/ Red Bull Content Pool)


Preparativos

Falando em Sertões, a Dunas Race divulgou recentemente as cidades de largada e chegada da 21ª edição da prova, que será disputada entre 25 de julho e 4 de agosto. São Luís, a exemplo de 2012, abre a competição, que terá Goiânia como ponto de chegada. A organização do rali já iniciou os trabalhos de levantamento aéreo. A expectativa é que o lendário Jalapão siga como parte do roteiro do Sertões.


Renascimento

Baita notícia! Aos poucos, Felipe Zanol vai se recuperando do gravíssimo acidente sofrido no fim do ano passado no deserto de Mojave, na Califórnia. O mineiro deu uma emocionante entrevista ao site ‘BRMX.com.br’ e vibrou com sua recuperação. Felipe, que perdeu cerca de 10 kg, disse que só voltará a competir “se estiver 150%”.

Zanol se recupera bem do acidente sofrido no fim do ano passado (Foto: Fabio Piva/ Red Bull Content Pool)

Seguuuuuura peão!

O tradicionalíssimo Rali Barretos abre oficialmente a temporada 2013 do Campeonato Brasileiro de Cross-Country. A prova, que será disputada entre 9 e 10 de março, terá cinco categorias em disputa (carros, caminhões, motos, quadris e UTVs) e já conta com 106 equipes inscritas.


O retorno do Flecha

Daniel Oliveira retorna às competições internacionais neste mês de março. O piloto baiano vai disputar o Rali das Ilhas Canárias do Europeu de Rali com um Ford Fiesta da Stohl Racing. O português António Costa será seu navegador.


Não tá fácil pra ninguém

Com o tanto de bucha que Paulo Nobre, o Palmeirinha, está tendo de encarar nos seus primeiros meses como presidente do Palmeiras, não é impossível imaginar que ele já esteja com saudades de disputar ralis no Brasil e no mundo.

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