Peterhansel vê Sertões “completamente diferente do Dakar” e revela admiração por brasileiros

Estrela maior da edição de 20 anos do Rali dos Sertões, Stéphane Peterhansel, que corre pela primeira vez no Brasil, vibrou com a empolgação do povo nordestino e disse que a prova é “completamente diferente” do Dakar

 

Era fim de tarde na última segunda-feira (20) em Bacabal, cidade de 100 mil habitantes, localizada no centro do Maranhão. Dentro da área de boxes no Cefram (Centro Franciscano de Animação Missionária de Bacabal), um grande grupo de pessoas chamava a atenção.

Fãs do esporte, ou simplesmente curiosos, disputavam cada espaço em frente aos boxes da equipe alemã X-raid. Do outro lado da faixa que separava os boxes do público, estava o imponente Mini All4 Racing e, ao lado, ninguém menos que Stéphane Peterhansel, que estava mexendo em algumas mochilas. Depois de pedido da reportagem do Grande Prêmio para uma entrevista, o francês, de 47 anos, sorriu e fez um sinal pedindo um minuto, pegou uma camiseta de sua equipe e presenteou um fã que foi visitá-lo levando consigo uma bandeira da França.
 

Peterhansel elegeu Spinelli como principal rival pelo título do Rali dos Sertões (Foto: Jean Tonsig)


Depois de presentear morador de Bacabal, emocionado com o presente que acabara de ganhar, Stéphane tirou fotos com outros tantos fãs que o aguardavam em frente aos boxes. Esbanjando simpatia e simplicidade, o decacampeão do Dakar e maior nome da história do rali cross-country era, no fim das contas, mais um no meio da multidão.

Após atender, com satisfação, cada um dos fãs que lhe pediram um autógrafo ou uma foto, Peter, como é chamado pelos seus colegas pilotos e navegadores no Rali dos Sertões, não escondeu sua admiração pelo povo brasileiro. Questionado pelo Grande Prêmio sobre sua opinião a respeito do clima que encontrou em sua primeira competição em solo tupiniquim, o piloto, lenda viva do esporte mundial, não conteve os elogios.

“A atmosfera é muito boa. Eu posso imaginar o quanto o brasileiro gosta de esportes a motor”, destacou Stéphane, que comparou o que está acostumado a ver e viver no seu cotidiano na Europa em relação ao que tem visto a cada dia no Brasil. “Há uma grande diferença da Europa em relação aqui. Aqui as pessoas estão sempre sorrindo, se divertindo, cantando… É uma mentalidade diferente, isso é muito bom”, falou.

As comparações entre o formato das provas do Dakar, maior e mais desafiador rali cross-country do mundo, e o Sertões, que também está na lista dos maiores, são inevitáveis e acabam sendo citadas aqui e ali. Contudo, Peterhansel deixou claro que, em sua opinião, uma prova não tem nada a ver com a outra. “O Sertões é completamente diferente em comparação ao Dakar.”

Entretanto, mesmo após ter disputado mais de 20 vezes o Dakar, tendo conquistado a mítica prova em dez oportunidades, Peterhansel, humilde, entende que é sempre hora de aprender.  “É preciso aprender, aprender o traçado, o piso. A navegação não é tão diferente, porque nós usamos o GPS (no Sertões), mas os pontos são completamente diferentes. É completamente diferente, é preciso entender as alternativas desta prova.”

O lendário piloto francês avaliou o seu desempenho e também de seu navegador, Jean-Paul Cottret. Peter reconheceu que a segunda etapa do Rali dos Sertões, disputada entre Barreirinhas e Bacabal, foi dura, mas bem menos caótica em relação à especial que abriu a competição no domingo.

“Hoje fomos, em comparação com a última etapa, um pouco mais rápidos, com uma mistura de dunas e areias. Isso determinou que o trajeto fosse mais rápido que ontem. Então foi tudo ok”, comentou Stéphane, negando que tivesse enfrentado uma jornada tranquila. “Não, não foi fácil. Não foram condições fáceis, ainda que ontem tudo foi ainda mais terrível (risos).”

Peterhansel e Cottret abrem a terceira etapa do Rali dos Sertões, batizada de ‘Assum Preto’, em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga. Será também a primeira etapa Maratona, onde os competidores não poderão receber o auxílio das equipes de apoio ao longo dos próximos dois dias. Experiente, Peter disse que sua principal estratégia será a cautela. “Na etapa Maratona você precisa administrar porque, se você tiver um problema, como se trata de uma etapa Maratona, isso tudo vira um problema duplo, porque no dia seguinte você tem de guiar a etapa toda com esse problema. É poupar o carro, não forçá-lo, guiar de forma leve e tranquila”, explicou o decacampeão do Dakar.

Por fim, Peterhansel exaltou o potencial de Guilherme Spinelli e o elegeu como maior oponente na luta pelo título do Sertões. Após duas etapas, o piloto da Mitsubishi Petrobras, que corre ao lado de Youssef Haddad, está na liderança da prova, mas apenas 3s à frente de Stéphane, que não poupou elogios ao amigo brasileiro. “Eu acho que ele é o meu principal rival aqui no Sertões, até porque ele é tetracampeão da prova. Seu carro também é muito bom, ele tem muita experiência. Ele é muito bom, muito técnico, por isso é meu principal rival”, encerrou.

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