Stock Car vê “retaliação” em denúncia ao MP: “Queriam dinheiro”

Em Interlagos, no final de semana que decide a Stock Car, o GRANDE PRÊMIO entrevistou o chefe da categoria em meio às denúncias por irregularidade e fraude sofridas pela Vicar, organizadora do campeonato. E, para o dirigente, as acusações feitas pelos empresários Gerson e Guê Marques não procedem

Na última quinta-feira (12), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios recebeu denúncia contra a CBA e a Vicar, organizadora da Stock Car, por irregularidades na utilização de recursos advindos da Lei de Incentivo do extinto Ministério do Esporte, hoje Secretaria Especial ligada ao Ministério da Cidadania.

A ação é movida pela empresa Marques e Marques Eventos Esportivos, dos empresários Gerson Marques da Silva Junior, 49, e seu irmão Guê Marques, 43, criadores e promotores do extinto Campeonato Brasileiro de Turismo, atual Stock Light.

A denúncia aponta fraude em gestão anterior da Vicar – mas, em Interlagos, o GRANDE PRÊMIO entrevistou Carlos Col, atual chefe da organizadora da Stock Car, para entender a visão presente sobre o assunto. E, para o dirigente, a ação é uma "retaliação" e um "tiro no pé" dos empresários.

"Eles fizeram uma denúncia porque acham que tem alguma regularidade – e não tem -, e agora é com a CBA e o Ministério Público, que vão definir se tem ou não tem. Pelo que eu sei – não é da minha gestão -, não tem qualquer irregularidade", afirmou.

Carlos Col (Cauê Moalli/Grande Prêmio)
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Para Col, a Vicar não está envolvida: "Quem era a empresa promotora do Campeonato Brasileiro de Turismo? Era a Marques + Marques. Quem propôs o projeto? Foi a CBA. Então as partes envolvidas são as duas: a Vicar foi apenas a hospedeira da categoria dentro do evento dela."

O caso também envolve um pedido de indenização, baseado naquilo que os denunciantes classificam como apropriação indevida de propriedade intelectual, do Trade Dress (imagem total do negócio) e usos dos regulamentos técnicos e desportivos do Campeonato Brasileiro de Turismo por parte da Vicar. Alegam que o atual Brasileiro de Stock Light nada mais é do que o Brasileiro de Turismo com outro nome. De acordo com apuração do DIÁRIO MOTORSPORT, parceiro do GP, é substancial o material de posse dos advogados da M+M que, tecnicamente falando, ratificariam essa informação.

Para Col, esta parte do processo não tem validade: "No caso, quem propõe o projeto, o proponente, tem que ser uma entidade oficial, como a CBA, que vai ao Ministério do Esporte e propõe um projeto através da Lei de Incentivo. A CBA propõe alguns projetos buscando incentivar o automobilismo, e fez isso para o Brasileiro de Turismo. O processo relacionado a esse assunto (a Stock Light ser cópia do Brasileiro de Turismo) eles abriram contra a Vicar há um ano e tanto e perderam na justiça."

"O que eles estão fazendo agora é uma retaliação. É uma denúncia no Ministério Público, que qualquer um pode fazer, uma retaliação por não terem atingido os objetivos financeiros das negociações que eles tentaram fazer. Se existe a denúncia, fica para o MP ver. Caso o MP acate a denúncia, vai correr o processo. A CBA vai mostrar a documentação, a comprovação de que essa denúncia não tem fundamento. A Vicar não vai perder nada. As partes são a M+M, que era a detentora dos direitos junto à CBA para organizar o campeonato, e a própria CBA. A Vicar era só a hospedeira."

"Eles questionam que perderam, entre aspas a categoria, mas eu já expliquei para eles várias vezes que ninguém é dono da categoria. A Vicar não é dona da Stock Car, a Vicar tem um contrato com a federação, que é renovado de quatro em quatro anos, e tem a cessão dos direitos para organizar o campeonato já há muitos anos. Por quê? Porque sempre é renovado, já que a Vicar sempre cumpriu com as suas obrigações contratuais e não tem motivo para não renovar. No caso da M+M, eles não cumpriram, não pagaram as taxas, ficaram devedores e foram devedores contumazes, porque não foi a primeira vez que eles ficaram com dívida na CBA. E, em determinado momento, a CBA, nada a ver a Vicar, resolveu por ela mesmo não renovar o contrato", seguiu.

Gue e Gerson Marques (Foto: Fernanda Freixosa)

Col ainda afirma não entender o objetivo da ação dos irmãos Marques: "Eu não entendo o que os irmãos Marques estão fazendo com essa denúncia, sendo que eles eram os promotores dessa categoria. A CBA fez a proposição do projeto para beneficiar a categoria deles. Eu não entendo.. parece que eles estão dando um tiro no próprio pé. Mas, tudo bem, vai lá, vamos esclarecer, a CBA vai aparecer lá com toda a prestação de contas. E mais, a lei exige que uma empresa inscrita, ou reconhecida pelo Ministério, seja a controladora de todo o projeto. E ela é remunerada, dentro do projeto, para fazer a prestação de contas."

Para os denunciantes, estão incluídos na ação documentos que comprovariam que a verba obtida via Lei de Incentivo, na verdade, teria sido utilizada para cobrir as despesas não apenas da categoria, mas do evento Stock Car como um todo. Para Col, isso não procede: "O Ministério, quando aprova o projeto, abre uma conta do projeto, em nome do projeto e do proponente, que é a Confederação, uma conta específica que só movimenta aquele dinheiro, e aí o dinheiro é depositado ― não é o dinheiro público, é o dinheiro do patrocinador, que resolveu depositar dinheiro nesta conta do projeto. Então o patrocinador X, A, B, C, D depositam o dinheiro lá. E, a partir desta conta, é que são pagos os outros fornecedores. É isso. Primeiro que o Estado não faz um cheque, não faz um depósito. Segundo que o dinheiro é colocado pelos patrocinadores numa conta específica para isso dentro da CBA/projeto." 

Por fim, o dirigente afirma que analisou os documentos da Vicar e CBA e, "aparentemente", não há irregularidades: "Em tudo que a CBA me mostrou, tudo que a Vicar me mostrou, para mim, aparentemente, está tudo certo, tudo correto. É só, vamos dizer assim, uma indignação deles. Eles, entre aspas, acham que perderam a categoria, e isso ele vai discutir com a CBA, e uma indignação que eles tentaram tirar um dinheiro da Vicar ameaçando fazer a denúncia ao Ministério Público e a Vicar disse que não."

"Sob chantagem, não vou dar dinheiro nenhum. Se fosse uma coisa justa aqui, um negócio que a gente entende que vocês foram prejudicados, que vocês tinham alguma coisa a receber e não receberam, tudo certo, mas, se não há isto, mediante extorsão, zero. Isso foi a decisão do presidente da companhia. Não foi minha. Eu também não tinha nada que ver com isso. Eu só tentei ajudar. E eles queriam dinheiro. Só isso que eles queriam. E eu falei por várias vezes: eles ameaçaram isso já, faz um ano que eles estão ameaçando fazer isso, entrar com a denúncia."

"Gente, isso é só vingança. Você vai ganhar algum centavo lá com essa pseudo investigação do Ministério Público. Para mim, não vai sair nenhum dinheiro para vocês. É só vingança. Uma retaliação porque eles não conseguiram nada com a CBA, nem com a Vicar, para tirar dinheiro deles. E gente, não tem. Eu procuro ser muito justo, com eles mesmos, fiz negócios no passado, fui muito correto com eles, sou correto com todo mundo, tento fazer justiça Por isso até que eu ouvi eles, para entender se eles tinham alguma motivação justa aí nessa causa, mas não achei. Não encontrei. Não tem. Não tem nada. Não tem nada. Infelizmente. Agora, o problema chato disso tudo é que, em parte, eles atingem o objetivo deles de retaliação, porque respinga em todo mundo do automobilismo inteiro, respinga em todo mundo uma denúncia vazia como se diz. Até explicar que gato escreve com G, já gera um desgaste. E é péssimo. Eu gostaria muito que eles não tivessem tido essa atitude aí horrorosa, mas a CBA diz que está tranquila, então vai entender se for acatada a denúncia. Vai entender. Vai fazer a auditoria, vai mostrar tudo", concluiu.

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