Norris chega com pompa e mérito à McLaren, mas carimbo de ‘novo Hamilton’ exige trabalho árduo

Lando Norris enfim conseguiu a chance pela qual trabalhou todos esses anos: a vaga de titular em uma equipe da F1. A McLaren já vinha embalando com cuidado o talentoso piloto inglês e decidiu que é hora de colocá-lo à prova. Norris chega quase como Lewis Hamilton, mas o cenário que vai encontrar em Woking é bem diferente, o que, necessariamente, não é algo ruim

Aos 18 anos, Lando Norris venceu uma disputa com veteranos da F1 para assegurar a vaga de titular na McLaren, ao lado de Carlos Sainz, para a temporada 2019. Isso diz muito sobre o jovem inglês, que passou por diversas categorias de base e se destacou por vitórias e títulos, o que é sempre importante quando se almeja o maior campeonato de monopostos do mundo. Desde muito cedo, Norris chama atenção por boas atuações e talento natural, então não é surpresa entender a razão pela qual a equipe de Woking soube reconhecer seu potencial a ponto de rapidamente ‘adotá-lo’ – o piloto chegou a ser cortejado pela Toro Rosso/Red Bull ainda neste ano, mas a esquadra chefiada por Zak Brown tratou de frear o ímpeto dos rivais. Além da corajosa participação em Daytona neste ano, Norris também vem forte  na F2, apesar da irregularidade nos resultados durante a metade da temporada. Mesmo assim, não há como minimizar seus feitos e o piloto é promissor. E diante da maneira como construiu sua carreira, é quase inevitável não associar a história deste britânico a de outro, que também chegou ao Mundial em condições muito similares. 
 
A verdade é que dificilmente Norris vai escapar das comparações com Lewis Hamilton – que estreou na F1 também como pupilo e sob os cuidados da McLaren, depois de ter sido campeão em quase tudo que disputou antes. Quer dizer, como o hoje tetracampeão, o novato possui currículo bem semelhante e já carrega a expectativa de reproduzir aquilo que o compatriota fez no Mundial. Só que Lewis é uma referência quase ingrata – especialmente depois dos últimos anos. Portanto, é preciso colocar esse cenário em perspectiva. 
Lewis Hamilton chegou chegando à F1 e mudou o campeonato (Foto: AFP)

Embora realmente seja possível lembrar o que Lewis viveu sob o comando de Ron Dennis, Norris não desfruta dos mesmos ‘mimos’, mas conta com grande respaldo da equipe inglesa desde sempre, situação que certamente traz uma pressão que o jovem terá de lidar e a maneira como vai fazer isso pode também mostrar que tipo de piloto Lando quer ser na F1. 

 
Mas há um fator importante nisso tudo: a McLaren de 2019 não é a mesma McLaren de 2007, quando Hamilton fez sua estreia, muito longe disso. A equipe britânica ainda ocupava seu lugar de destaque na F1, era protagonista, brigava por títulos e vitórias, e tinha em um de seus carros ninguém menos que Fernando Alonso, recentemente coroado bicampeão. A luta foi intensa, e Lewis fez o nome naquele ano. E no seguinte, foi campeão do mundo, confirmando toda a expectativa que se tinha em torno dele. Pode-se dizer que as cobranças foram mais brandas com Hamilton, e que isso, de certa forma, o ajudou a ter um início tão meteórico. Norris, por sua vez, chega em uma McLaren que tenta se reerguer. E isso pode servir para o bem e para o mal. 
 
A equipe inglesa, embora ainda conte com a força de seu nome e um grande orçamento por trás, capenga para entrar na zona de pontos e viu o mesmo Alonso desistir da F1 por não ter condições de entregar a ele um carro minimamente competitivo. Então, pode-se dizer que, por um lado, Lando será poupado da cobrança por resultados expressivos em seu debute, mas, por outro, terá de demonstrar que a aposta do time foi válida. E o trabalho não será dos mais fáceis. 
Lando Norris desbancou Vandoorne para virar titular da McLaren (Foto: Mclaren)
Como exemplo, Norris tem o próprio Stoffel Vandoorne, a quem substitui no ano que vem. O belga também chegou à McLaren cercado de expectativa devido a seu ótimo currículo. Mas isso praticamente se apagou quando teve de enfrentar as dificuldades do carro laranja e da parceira com Alonso. Vandoorne não teve chance, especialmente em 2018, após um primeiro ano até regular. E nem seu histórico vitorioso foi capaz de assegurá-lo por mais uma temporada. Aí que mora o perigo para Lando. 
 
Norris ainda tem a batalha da F2 para vencer – o inglês se vê em uma disputa ferrenha com o compatriota George Russell –, mas talento não lhe falta. A McLaren acerta ao promover alguém que ‘criou’ e que obteve a vaga por mérito, porém, para ser um novo Hamilton (se realmente quiser ser), Lando vai precisar percorrer um caminho muito mais longo. E isso não é, necessariamente, ruim, pois vai mostrar seu real valor. A chance está aí. 
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