Conway herda liderança de Dixon e vence ‘prova dos desesperados’ em Long Beach. Castroneves termina em 11º

Mike Conway voltou a triunfar na Indy. O piloto da Carpenter, contudo, foi um dos 'sobreviventes' da maluca corrida em Long Beach, que contou com vários acidentes por manobras precipitadas de nomes experientes como Ryan Hunter-Reay, Will Power e Graham Rahal. Tony Kanaan abandonou após pegar rescaldo de batida múltipla que envolveu seis carros, e Helio Castroneves fechou fora do top-10

Uma corrida de sobreviventes. Assim pode ser definido o GP de Long Beach, segunda etapa da temporada 2014 da Indy. Com tantos acidentes, pilotos fora da disputa e inversões de posições por conta das diferentes estratégias de cada equipe, coube a Mike Conway o mérito e a sorte de estar em primeiro no momento da bandeira quadriculada.
 
O inglês da Carpenter protagonizou boa prova de recuperação, mas se beneficiou de um acidente múltiplo envolvendo aqueles que até então ocupavam o top-4 da corrida – Josef Newgarden, Ryan Hunter-Reray, James Hinchcliffe e Jack Hawksworth – e teve a melhor das estratégias para herdar a liderança de Scott Dixon, que brotou em primeiro após as batidas, mas precisou abastecer a duas voltas para o final e deixou a briga pela vitória.
Mike Conway celebra vitória (Foto: Getty Images)

Depois do pit-stop do neozelandês da Ganassi, coube a Conway a missão de conduzir sem erros as duas últimas voltas para voltar a vencer na Indy, à frente de Will Power, segundo, e de Carlos Muñoz, que em grande atuação chegou em terceiro.

 
Helio Castroneves, um dos prejudicados indiretamente pelo incidente múltiplo, chegou só em 11º. Tony Kanaan, que vinha lá atrás, pegou pela frente os destroços dos carros envolvidos na batida, atingiu em cheio a traseira de Newgarden e abandonou. 
 

Confira como foi o GP de Long Beach, segunda etapa da Indy em 2014:

Largada parada e reação de 'Hinch'

 
A etapa de Long Beach foi a primeira do ano a contar com o procedimento de largada parada, que estreou em 2013 e trouxe muita polêmica pela falta de jeito dos pilotos da categoria com este tipo de situação. Desta vez, contudo, com os pilotos melhor preparados para isso, não houve nenhum incidente digno de nota.
 
Ryan Hunter-Reay partiu bem e resistiu à pressão de Sébastien Bourdais para conseguir manter a primeira posição. O francês da KV se deu bem por conta da má largada de James Hinchcliffe, que demorou a reagir às luzes verdes e caiu para quarto, com Simon Pagenaud subindo de sexto para terceiro e Marco Andretti, de sétimo para quarto. Jack Hawksworth, que havia largado em quinto, caiu para sexto.
A largada em Long Beach foi tranquila (Foto: Richard Dowdy/IndyCar)
Apesar da boa largada, contudo, Andretti começou a perder rendimento e foi alvo fácil dos carros de trás. Desempenho oposto de Hinchcliffe: depois de fazer boa ultrapassagem sobre seu parceiro de equipe, travou ótimo duelo com Pagenaud e assumiu a terceira colocação. Marco caiu rapidamente para sétimo novamente.
 
Ninguém, no entanto, teve mais destaque nos primeiros giros que Juan Pablo Montoya: o colombiano se aproveitou de uma disputa mais áspera entre Helio Castroneves e Will Power para fazer boas ultrapassagens sobre ambos na mesma volta. O trio da Penske chegou a ficar lado a lado antes da reta principal, em um grande duelo.
 
Com as posições estabelecidas depois das disputas iniciais, a corrida amornou em seu trecho inicial. Na 20ª volta, o top-6 trazia Hunter-Reay seguro em primeiro, seguido por Bourdais, Hinchcliffe, Pagenaud, Newgarden e Hawksworth.

Bourdais, os freios e a bandeira amarela (1)
 
No giro 27, a etapa de Long Beach conheceu o causador de sua primeira bandeira amarela: segundo colocado, Bourdais parou nos boxes, trocou pneus e reabasteceu e, na volta de aquecimento, sob pressão de ‘Hinch’, freou tarde demais e bateu na barreira de pneus. O incidente provocou a primeira interrupção da corrida.
 
Enquanto o pace-car esteve na pista, a estratégia de pit-stops mudou um pouco a cara do jogo e permitiu, por exemplo, que a Penske entrasse na briga: Power e Castroneves deram o pulo do gato e subiram para P5 e P6 antes da relargada. Tony Kanaan, que vinha em 19º, tentou o mesmo, mas só subiu para o 11º lugar.

Power blindado
 
O reinício veio na 31ª volta. Com ele, dois incidentes no mínimo polêmicos pelos diferentes critérios da direção de prova: Justin Wilson apareceu parado na pista após ser tocado por trás por Graham Rahal, que forçou a ultrapassagem e causou o acidente. Ambos seguiram, mas o piloto da RLL acabou penalizado e teve que cumprir um drive-through por ter sido considerado culpado pelo acidente.
 
Quase ao mesmo tempo, um lance com a mesma dinâmica prejudicou Pagenaud. Na briga pela quarta posição, Power forçou a ultrapassagem e entrou no ponto cego do francês que, sem vê-lo, tangenciou a curva normalmente, levando o toque e batendo na proteção de pneus – caprichando no retorno e arrastando uma faixa publicitária no pneu dianteiro esquerdo, como se fosse um pedaço de papel higiênico flanando no ar. Neste caso, no entanto, a direção de prova inocentou o australiano da Penske…

Bourdais, os freios e a bandeira amarela (2)
 
Com Pagenaud e Bourdais longe das primeiras posições, quem se deu bem foi Hinchcliffe, que subiu para o segundo lugar. Newgarden também avançou e pulou para terceiro, seguido pelo blindado Power e por Castroneves, quinto.
 
A segunda amarela, assim como a primeira, foi causada pelo francês da KV, que mais uma vez perdeu o ponto de freada, passou direto e bateu na proteção de pneus. Já com o Pace Car na pista, foi a vez de Charlie Kimball, sexto, sair da disputa com problemas no motor. A interrupção se seguiu por mais seis giros.
 
Na 45ª volta, veio a relargada. Hunter-Reay não conseguia manter o mesmo bom ritmo da primeira parte da corrida com os pneus pretos, e acabou segurando um trenzinho com Hinchcliffe no ataque, seguido por Newgarden, Power, Helinho e Hawksworth. Mais atrás, Mike Conway fazia seu show particular e ultrapassava, na raça, Carlos Muñoz e, pouco depois, Hawksworth, assumindo o sexto lugar.

Newgarden mocinho, Hunter-Reay bandido
 
Aí veio a segunda rodada de pit-stops, e com ela, o grande momento do GP de Long Beach. A Fisher Hartman conseguiu fazer um pit-stop mais rápido para Newgarden do que a Andretti para Hunter-Reay e Hinchcliffe. O jovem norte-americano voltou na liderança, mas com pneus frios e um comboio alucinado atrás de si.
 
Aí Hunter-Reay usou a metade obscura de seu cérebro – eventualmente utilizada em circuitos mistos – para decidir por uma ultrapassagem sobre o pobre Josef em um ponto absolutamente improvável para tal. Com quatro carros absolutamente colados, naturalmente daria problemas, e deu. A Andretti amarela bateu na lateral do carro preto e branco da Fisher Hartman e ambos foram para o muro em altíssima velocidade. Hinchcliffe não teve tempo de desviar e entrou embaixo do carro #67. Sem poder reagir, o pobre Hawksworth de novo se lascou por erro alheio e também bateu.

E não parou por aí: embora alguns pilotos como Power e Montoya tenham conseguido evitar os quatro carros embolados bem no meio do traçado, Kanaan e Sato não conseguiram parar e bateram em cheio nos destroços espalhados pela curva. Um verdadeiro caos que custou mais de 15 voltas de paralisação da corrida.


Dixon líder, Rahal barbeiro
 
Só com 16 giros para o fim é que veio a relargada. Com tantos pilotos fora, estratégia de boxes e uma verdadeira bagunça na classificação, Scott Dixon, que foi coadjuvante durante toda a prova, apareceu na liderança, seguido por Justin Wilson, Power e Conway. Com menos ação, o neozelandês da Ganassi recebeu forte pressão do inglês da Dale Coyne, que emparelhou e faria a ultrapassagem se não tivesse recebido um ‘chega para lá’ do campeão, que o jogou para o muro e o fez bater.
 
O ataque franco, então, passou a ser de Conway sobre Dixon, que dependia de mais uma bandeira amarela para tentar ir até o fim, sem reabastecer mais. E ela veio, graças ao genial Graham Rahal, que surgiu repentinamente de frente para o pequeno murinho do hairpin, como se ali houvesse estacionado milimetricamente. Com o carro parado, seu freio dianteiro direito começou a ficar em chamas. Um dos fiscais de pista não teve dúvida: pegou um pequeno balde e jogou água para acabar o mini-incêndio.

E deu Conway
 
A nova interrupção durou três voltas e deu sobrevida ao guerreiro Dixon, mas não o salvou. Com 13 giros para o fim, veio a relargada. O piloto do carro #9 manteve tranquilamente a ponta, mas passou a receber pressão ainda mais forte de Conway e, com a missão de economizar combustível para conseguir chegar a mais uma vitória na categoria, não resistiu e foi obrigado a parar para reabastecer a duas voltas do fim.
 
Desta forma, o inglês da Carpenter só precisou de frieza e sangue frio para conduzir as duas últimas voltas sem cometer erros, e assim o fez. Foi a terceira vitória do inglês na Indy. Power cruzou a linha de chegada em segundo, e um ótimo Muñoz fechou o pódio, resistindo à pressão de Montoya, que chegou em excelente quarto lugar. Pagenaud e Aleshin completaram o top-6. Helinho, por sua vez, ficou só em 11º.
 
A categoria volta a se reunir no próximo dia 26, no Alabama.
 

Indy 2014, GP de Long Beach, final:

1 20 MIKE CONWAY ING CARPENTER CHEVROLET   80 voltas
2 12 WILL POWER AUS PENSKE CHEVROLET +0.900  
3 34 CARLOS MUÑOZ COL ANDRETTI HONDA +1.559  
4 2 JUAN PABLO MONTOYA COL PENSKE CHEVROLET +2.022  
5 77 SIMON PAGENAUD FRA SCHMIDT PETERSON HONDA +2.816  
6 7 MIKHAIL ALESHIN RUS SCHMIDT HONDA +3.857  
7 16 ORIOL SERVIÀ ESP RLL HONDA +4.962  
8 25 MARCO ANDRETTI EUA ANDRETTI HONDA +8.194  
9 17 SEBASTIÁN SAAVEDRA COL KV CHEVROLET +8.902  
10 18 CARLOS HUERTAS COL DALE COYNE HONDA +24.229  
11 3 HELIO CASTRONEVES BRA PENSKE CHEVROLET +30.055  
12 9 SCOTT DIXON NZL GANASSI CHEVROLET +30.731  
13 15 GRAHAM RAHAL EUA RLL HONDA +1 volta  
14 11 SÉBASTIEN BOURDAIS FRA KV CHEVROLET +3 voltas  
15 98 JACK HAWKSWORTH ING BRYAN HERTA HONDA 64 voltas NC
16 19 JUSTIN WILSON ING DALE COYNE HONDA 60 voltas NC
17 8 RYAN BRISCOE AUS GANASSI CHEVROLET 59 voltas NC
18 10 TONY KANAAN BRA GANASSI CHEVROLET 55 voltas NC
19 67 JOSEF NEWGARDEN EUA FISHER HARTMAN HONDA 55 voltas NC
20 28 RYAN HUNTER-REAY EUA ANDRETTI HONDA 55 voltas NC
21 27 JAMES HINCHCLIFFE CAN ANDRETTI HONDA 55 voltas NC
22 14 TAKUMA SATO JAP FOYT HONDA 55 voltas NC
23 83 CHARLIE KIMBALL EUA GANASSI CHEVROLET 41 voltas NC

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Indy direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.