Após acidente de Rossi, pilotos veem risco como “parte do trabalho” e lembram: “Jogadores de futebol jogam para treinar”

Valentino Rossi não está em Misano por conta da dupla fratura que sofreu na perna direita em decorrência de um acidente de enduro na semana passada, mas nem por isso deixou de ser assunto no circuito Marco Simoncelli. Nesta quinta-feira (7), os rivais saíram em defesa do sistema de treino escolhido pelo multicampeão e classificaram o risco como inerente ao trabalho.

 

Assim como fizeram em junho passado, os pilotos voltaram a sublinhar nesta quinta-feira (7) a importância dos treinos com motos, ainda que de forma complementar aos treinos físicos tradicionais.

Líder da MotoGP, Andrea Dovizioso apoiou a decisão de Rossi de treinar com motos e avaliou que este é o único caminho para estar em forma para a MotoGP.

 

“Como eu sempre digo, acho que temos de treinar com diferentes esportes e diferentes motos, porque não podemos testar muito com a MotoGP”, disse Dovizioso. “No fim, nós temos de estar em forma. A consequência é que você pode correr muito risco, mas eu sou do tipo de piloto que acredita nesse treinamento. Na minha opinião, acho que temos de andar com motos de motocross. Temos de treinar a condição física, mas também treinar na moto”, defendeu. 

 

“Claro, é perigoso. Temos de tentar não correr riscos demais quando treinamos, mas se você quer melhorar sua situação, você tem de forçar talvez não 100%, mas quase 100%. E isso pode acontecer”, reconheceu. “É algo que, infelizmente, é fácil de acontecer, mas é a única forma de estar pronto, eu acredito, para a MotoGP”, opinou.

 

Também acostumado aos treinos com motos, Marc Márquez colocou o risco como parte do esporte e lembrou que os atletas podem se machucar de diferentes maneiras, como aconteceu, por exemplo, com Cal Crutchlow, que cortou o tendão do dedo indicador esquerdo enquanto cortava queijo na semana passada.

 

“Eu concordo completamente com Andrea. Odeio quando leio às vezes: ‘Por que você está pilotando motos? Isso é perigoso’. Isso é parte do nosso trabalho”, apontou. “É claro que nós gastaríamos de estar na praia relaxando, mas lá você não pode melhorar as suas habilidades. Para aprimorar suas habilidades, você tem de pilotar motos, você precisa treinar em casa”, frisou. 

 

“Lesões podem acontecer. E podem acontecer a qualquer momento. É parte do nosso trabalho”, insistiu. “Mas você também pode se machucar cozinhando, como aconteceu com Cal”, exemplificou.

 

Lesionado por conta de um acidente doméstico, Crutchlow contou que não treina com motos por entender que isso não ajuda em sua performance, mas frisou que todo atleta treina com sua respectiva modalidade para poder se aprimorar.

 

“Eu não piloto motos fora do fim de semana de corrida, mas é uma escolha minha. Acho que para muitos pilotos, isso os ajuda a serem mais rápidos, mas eu não acho que isso me ajuda a ser mais rápido. Essa é uma escolha completamente minha e eu entendo completamente a razão deles pilotarem”, afirmou Cal. “Se você olhar os jogadores de futebol, eles jogam futebol para treinar. Os de tênis, jogam tênis. Eu acho que é bom que pilotos de moto pilotem motos”, opinou. 

 

“Mas, para mim, não funciona e eu não quero pilotar, mas não pelo risco. Como disse o Marc, se eu não quisesse me arriscar, não entraria nem na cozinha”, reconheceu.

 

Maverick Viñales considerou que os pilotos precisam estar bastante em forma para pilotar a MotoGP e, por isso, precisam também treinar com motos.

 

“Eu acho que é impossível estar em forma se você fica só no sofá, não treina na moto ou não corre nenhum risco, como indo pedalar ou fazendo outras coisas. O risco sempre existe, mas se você quer estar em forma na moto, você tem de arriscar”, alegou. “Você tem de tomar cuidado e tentar correr menos riscos, mas pilotar moto, pedalar, correr na montanha é sempre um risco. É algo que precisamos ter”, comentou.

 

Também adepto ao treinamento com motos, Tito Rabat contou que acredita que este tipo de atividade dá mais resultados do que aquelas feitas em academias.

 

“Quando você treina em casa, você força para tentar melhorar, tentar melhorar sua performance. No meu caso, também para entrar em forma é melhor na moto do que na academia. Mas todo piloto tem sua visão. Estas coisas podem acontecer”, concluiu.