5 coisas que aprendemos no GP da Austrália, 3ª etapa da Fórmula 1 2023

Max Verstappen foi ultrapassado pelas duas Mercedes na largada, mas a força da Red Bull e circunstâncias do GP da Austrália fizeram o líder do campeonato recuperar a ponta de uma prova absolutamente caótica, acidentada e de final absurdo

A tradição das corridas do GP da Austrália desde a mudança para o Albert Park, em Melbourne, em 1996, não é de grandes corridas, memoráveis para o público. Mas a edição de 2023, realizada na madrugada deste domingo (2), mereceu destaque. Uma prova movimentada, acidentada e caótica. Apesar disso, o vencedor foi o líder do campeonato: Max Verstappen. O bicampeão chegou a ser terceiro, mas se recuperou a conquistou a vitória #37 da carreira, o que o coloca a apenas quatro de empatar com Ayrton Senna na quinta posição da lista de maiores ganhadores de GPs em todos os tempos.

A situação de Verstappen chegou a se complicar nos primeiros metros. Na largada, George Russell saiu bem melhor e foi embora, enquanto Lewis Hamilton grudou no holandês e atacou até tomar a posição. As circunstâncias da prova fizeram com que Russell sumisse da frente, enquanto a ultrapassagem para cima de Hamilton foi inevitável na 18ª de 58 voltas. Uma vez de rosto para o vento, desapareceu… até que foi forçado a conviver com os rivais novamente, nas voltas finais. Mas sustentou a dianteira sem maiores problemas.

A parte inicial da corrida foi lotada de drama, entretanto. Na confusão da largada, enquanto os primeiros colocados disputavam mais espaço que comumente acontece, Charles Leclerc e Lance Stroll se tocaram, num incidente de corrida que sequer foi investigado. Pior para o monegasco, que foi parar na brita e por lá ficou. O fim de corrida dele causou a entrada do safety-car.

Mas a segunda intervenção do carro de segurança também não estava longe. A relargada veio no sexto giro e, durante a oitava volta, Alexander Albon, que ocupava um sexto lugar de encher os olhos, perdeu a traseira do carro na entrada da curva seis e foi parar direto na barreira de pneus. Desta feita, o safety-car foi chamado e ficou por uma volta, antes da necessidade de bandeira vermelha ser averiguada.

GP da Austrália: caos, caos, caos e mais caos (Foto: F1/Reprodução)

O problema foi que, no espaço entre o safety-car e a bandeira vermelha, o então líder da corrida, Russell, fora chamado para os boxes para trocar pneus e colocar os duros — algo que Carlos Sainz também fez. Com a bandeira vermelha e a permissão para todo mundo trocar pneus e mexer no carro, a sétima colocação, que era momentânea, virou real. A corrida do inglês foi gravemente prejudicada e terminaria um pouco depois, quando a traseira do W14 começou a pegar fogo.

A corrida se estabilizou na sequência até as últimas cinco voltas, quando Kevin Magnussen se enrolou sozinho, deu no muro e deixou sujeira geral e uma roda no meio da pista. Nova bandeira vermelha, então, o que permitiu uma corrida sprint para fechar a prova. Na segunda relargada parada do dia, uma confusão inominável que fez Sainz tocar e fazer Fernando Alonso rodar, causou batida das duas Alpine uma na outra, viu Lance Stroll passar reto e Logan Sargeant abalroar Nyck de Vries. E, claro, mais uma bandeira vermelha.

Como os pilotos não haviam passado do primeiro setor da pista quando a terceira bandeira vermelha apareceu, a situação foi a seguinte: a FIA ordenou, como acontecera na volta de abertura do GP da Inglaterra do ano passado, que a ordem para a última relargada fosse a mesma ordem da relargada anterior, tirando somente os que abandonaram. Assim, Alonso, por exemplo, recuperava o terceiro lugar.

Com esta decisão e uma última volta atrás do safety-car, Verstappen confirmou a vitória, seguido por Hamilton e Alonso num pódio de 11 títulos mundiais. Sainz, Stroll, Sergio PérezLando NorrisNico HülkenbergOscar Piastri e Guanyu Zhou fecharam o top-10. Mas Sainz recebeu punição de 5s por causa do incidente com Alonso e, desta maneira, caiu para fora dos pontos. Yuki Tsunoda marcou o primeiro ponto dele na temporada. Pérez ficou com o ponto extra da melhor volta da prova.

O pódio do GP da Austrália teve 11 títulos mundiais somados (Foto: Red Bull Content Pool)

Diante deste cenário, o GRANDE PRÊMIO aponta cinco coisas que aprendemos na terceira etapa da F1 2023, na Austrália:

A FIA e sua sanha por entretenimento estragam a corrida

O GP da Austrália entregou uma corrida interessante, facilmente a melhor do ano até agora. Mas a FIA, de novo, foi muito, muito mal. Na busca por entretenimento a qualquer custo, a entidade resolveu deixar o lado esportivo de canto e premiou o aleatório, puxando uma bandeira vermelha sem sentido no final, forçando nova largada parada com duas voltas para o fim. O resultado foi óbvio: caos total e absoluto, como se fosse uma prorrogação da Nascar. Só que lá é legal, faz parte da cultura da categoria. Na F1 é só ridículo. Termina em safety-car, se for o caso, mas não me apronta uma dessas…

A Austrália e o ponto alto: misturar a ordem de forças atrás da Red Bull

Se a Red Bull tinha, nitidamente, de novo o melhor carro, atrás dela a coisa ficou engraçadinha. Hamilton chegou em segundo, mas puxando, quase a corrida inteira, um pelotão bem compacto com Aston Martin, Ferrari e até Alpine. Pode ter sido algo só do Albert Park? Sim, mas ao menos não repetiu Bahrein e Arábia Saudita, quando a ordem de forças estava muito mais clara e previsível. Especialmente no caso da Alpine, que nem nessa briga estava.

Pierre Gasly entra nos nossos itens 2 e 3 (Foto: Alpine)

Russell, Gasly e Albon: abandonos cruéis por motivos diferentes

Aqui temos três pilotos que brilharam em Melbourne e saíram sem pontos. Foi duro de ver, coitados. Mas as histórias foram diferentes entre eles. Vamos a elas. Russell sofreu uma quebra, mas a verdade é que a corrida já estava comprometida na primeira bandeira vermelha, quando tentou dar um pulo do gato indo aos boxes e deixou a liderança de mão beijada para Hamilton e, consequentemente, Verstappen. Já Gasly era o nome da corrida, colocou a Alpine em patamar inimaginável, mas foi vítima do estrago da última relargada efetiva, coroando da pior forma ao fechar Ocon e encerrar o dia da Alpine: no muro. Outro que estampou a parede foi Albon, que tinha tudo para pontuar firme com a Williams, estava em sexto quando perdeu o controle. Uma pena para os três, mereciam sorte melhor.

Acidente na largada mostra versão desesperada de Leclerc

Os rádios, as entrevistas e agora a pilotagem mostram: Leclerc vive em estado de pânico. O monegasco perdeu o brilho nos olhos e a fé na Ferrari, perdeu também a paciência com o time. Em Melbourne, ficou apagado o fim de semana todo, mas a batida na largada ao forçar a barra em cima de Stroll foi o que faltava para cravar: desesperou.

Não é chegando em 5º nesse caos todo que Pérez vai disputar um título

A Red Bull pode até elogiar, o público pode eleger piloto do dia, mas aqui a gente não achou que a corrida de Pérez na Austrália foi grandes coisas, não. Com um carro muito superior aos demais, com bandeira vermelha, o mexicano tinha tudo para jantar o pelotão e pelo menos brigar por pódio. A realidade é que, não fosse o caos final patrocinado pela direção de prova, Checo seria apenas sétimo e, no fim das contas, terminaria a corrida apenas na frente de carros pouquíssimo competitivos. Não fez mais que a obrigação e, para quem diz que quer ser campeão, não provou nada.

Fórmula 1 faz um recesso forçado de quatro semanas, por conta do cancelamento do GP da China, e retoma a temporada 2023 entre os dias 28 e 30 de abril, com o GP do Azerbaijão, nas ruas de Baku.

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