A carta do lobby: como a Fórmula 1 pressiona por autódromo e acordo com Rio Motorsports

Carta de Chase Carey, diretor-executivo da Fórmula 1, ao governador do Rio de Janeiro foi divulgada na íntegra durante a edição #217 do Paddock GP

A indefinição da permanência da Fórmula 1 no Brasil ganhou um capítulo nebuloso na última semana, quando o site DIÁRIO MOTORSPORT, parceiro do GRANDE PRÊMIO, publicou que Chase Carey, diretor-executivo do Liberty Media, grupo que gerencia a Fórmula 1, enviou uma carta ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, tentando influenciar, mesmo que subliminarmente, que acelerem as licenças ambientais para a construção do autódromo de Deodoro, no Rio de Janeiro.

Durante o Paddock GP #217, a carta foi divulgada na íntegra. Nela, Carey afirma que o acordo para a realização do GP do Brasil no Rio está pronto, e depende apenas das licenças ambientais para que o acordo seja concretizado.

Assista em primeira-mão a carta enviada por Chase Carey:

Entenda o caso

O processo de construção do autódromo na região militar é alvo de suspeitas pelo envolvimento da citada Rio Motorsports, de José Antonio Soares Pereira Júnior, que virou JR Pereira para evitar expor os problemas judiciais que enfrenta desde que uma de suas empresas, a Crown Processamento de Dados, acumulou dívidas superiores a R$ 25 milhões à União.

A Rio Motorsports, através do próprio JR Pereira e de uma das companhias vertentes da Crown, acabou participando da regulação do processo de licitação da obra, algo que qualquer ente público proíbe. Ainda, nunca houve comprovação, por parte da Rio Motorsports, da origem dos mais de R$ 800 milhões inicialmente previstos para a obra — na região da floresta do Camboatá, área de Mata Atlântica.

A promessa da Rio Motorsports era tirar o GP do Brasil de Interlagos já a partir de 2021. A proposta ganhou apoio do presidente Jair Bolsonaro, que, em 24 de junho do ano passado, disse que era “99% certo” que a corrida passaria a ser realizada no RJ. O projeto do novo autódromo de Deodoro segue parado.

Os últimos meses foram marcados por intensa batalha judicial envolvendo o licenciamento do autódromo. É que ainda em maio a juíza Neusa Regina Larsen de Alvarenga Leite, da 14ª Vara da Fazenda Pública, suspendeu a audiência pública para apresentação do EIA/RIMA [Relatório de Impacto do Meio Ambiente] referente à tentativa de construção da pista na região do Camboatá.

Meses e liminares depois, em meio a uma pandemia de coronavírus, o prefeito Marcelo Crivella pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a realização da audiência pública virtual. O governante obteve êxito.

Em agosto, na audiência pública virtual que durou mais de dez horas e atravessou a madrugada, o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro concluíram que o projeto de autódromo de Deodoro é ilegal por conta do impacto ambiental em área de mata atlântica, além do processo de licitação irregular.

A carta do lobby de Chase Carey

Carta enviada por Chase Carey ao governador do Rio de Janeiro pede liberação das licenças ambientais (Foto: Reprodução)
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