Aston Martin volta à F1 com pé nas raízes. Mas de onde veio seu tradicional verde?

A Aston Martin confirma que irá usar o tradicional verde inglês das corridas para retornar ao grid da Fórmula 1 após ausência de 60 anos

Os ventos dos primeiros dias úteis de 2021 sopram forte e trazem consigo o começo das movimentações de maneira oficial para o campeonato marcado para dar a partida no fim do próximo mês de março – mas não na Austrália, como o calendário previa, já que a corrida está próxima de um adiamento. Na última quinta-feira, a Aston Martin realizou a apresentação oficial de uma nova patrocinadora-máster, a estadunidense Cognizant, do ramo de TI. E aproveitou para apresentar a nova cor: verde. Mas não qualquer verde: o verde das corridas inglesas.

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A decisão encerra uma das pinturas mais facilmente identificáveis da Fórmula 1 nos últimos anos: o rosa da Force India e Racing Point, fruto da parceria com a empresa austríaca BWT e que durou entre 2017 e o ano passado.

Com a passagem de bastão de Racing Point para Aston Martin, agora um time de fábrica, a cor adotada é aquela com a qual a companhia melhor se identifica. O verde-escuro de tom metálico que caracterizou os carros de companhias inglesas nas pistas do mundo desde o começo do Século XX.

A Aston Martin chegou nas redes sociais (Foto: Reprodução)

O tom de verde, apelidado de british racing green, surge nas origens do esporte a motor: em 1900, o milionário estadunidense Gordon Bennett começou a organizar a Gordon Bennett Cup, na qual os inscritos de cada país seriam identificados por uma cor específica. O Reino Unido viu as cores de sua bandeira serem disputadas e tomadas por outros países: o vermelho pelos Estados Unidos, o azul pela França e o branco pela Alemanha.

Desta forma, o verde metálico acabou selecionado. A história mais romântica conta que a decisão foi tomada de vez apenas em 1903, quando a corrida foi realizada na Irlanda, que tem o verde como cor nacional, mas os carros daquela cor já apareciam para representar o país antes disso. Foi a oficialização.

Ao longo dos anos seguintes, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial [1914-18], o sucesso dos carros verdes da Bentley em Le Mans – quatro vitórias seguidas dos ‘Bentley Boys’ entre 1927 e 1930 – e da Bugatti no primeiro GP de Mônaco da história – com William Grover-Williams, em 1929 -, reforçariam a sensação de identidade. E a tradição foi carregada para a formação da Fórmula 1, nos anos 1950, quando as montadoras inglesas enchiam o grid.

O Bentley Blower, um dos carros lendários da Bentley nos anos 1920 e 1930 (Foto: Reprodução/Pinterest)

O sucesso da cor na F1 é notório. Jack Brabham, com a Cooper de 1959 e 1960 e a Brabham de 1966, Graham Hill na BRM em 1962, Jim Clark na Lotus de 1963 e 1965 e Denny Hulme na Brabham de 1967, todos comemoraram a glória no verde inglês.

A própria Aston Martin deu seus pulos na Fórmula 1 nos fim dos anos 1950. O DBR4, projetado em 1957, foi o primeiro monoposto feito pela fábrica inglesa. Os atrasos para finalizar o projeto, porém, fizeram com que a Aston Martin segurasse o carro até 1959. No fim das contas, a passagem pela F1 foi velocíssima e decepcionante: apenas quatro corridas em 1959, então nas mãos de Carroll Shelby e Roy Salvadori. Um carro atualizado foi feito para 1960, o DBR5, mas seu motor na parte da frente já o fazia diferente demais dos carros mais leves da época. Após nova decepção no GP de casa, na Inglaterra, a montadora abandonou a F1.

A saída da Fórmula 1 foi reforçada pela companhia quando as dificuldades foram comparadas ao sucesso encontrado em Le Mans naquele 1959. Com o DBR1, os mesmos Shelby e Salvadori venceram a prova de longa duração mais tradicional do mundo de maneira dominante com a dupla Maurice Trintignant e Paul Frère, também num Aston Martin DB1, em segundo. O verde inglês, claro, era o que dava a identidade visual aos vencedores.

Note quantos carros verdes das montadoras inglesas na F1 de 1960 (Foto: Reprodução/Pinterest)

Mesmo que fora das pistas de corrida, as montadoras inglesas sempre surgem com novos modelos esportivos dotados daquele verde. Contudo, na F1, antes deste retorno efetuado pela Aston Martin, a cor reapareceu em duas oportunidades neste século XXI: a primeira quando a Jaguar fez parte do grid, entre 2000 e 2004, e depois quando o consórcio malaio 1Malaysia Racing Team Sdn. Bhd reviveu a marca inglesa Lotus para a F1, entre 2010 e 2011, desaparecendo quando o nome foi bloqueado após batalha judicial. Mas o empresário Tony Fernandes resolver manter a cor na Caterham, equipe que serviu quase que de descendente espiritual da reencarnação da Lotus, embora fosse da Malásia.

Agora, com o tetracampeão mundial Sebastian Vettel e Lance Stroll, o verde inglês está de volta ao grid.

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