Bahrein e Arábia Saudita comprovam: F1 ainda precisa repensar dependência do DRS

Corridas no Bahrein e na Arábia Saudita, primeiras do calendário da F1 2022, comprovam: novas regras da categoria permitiram maior aproximação entre os carros, mas aumentaram grau de complexidade das ultrapassagens. Confira a análise do GRANDE PRÊMIO

FÓRMULA 1 PASSA VERGONHA NA ARÁBIA + RED BULL X FERRARI É DISPUTA DE 2022 | Paddock GP #280

O NOVO REGULAMENTO TÉCNICO da Fórmula 1 para 2022 causou uma revolução esportiva na categoria, fato. A chegada de novos conceitos aerodinâmicos, o retorno do efeito solo, pneus maiores, redução do teto orçamentário… tudo foi pensado para esquentar disputas e tornar o esporte mais emocionante e atrativo para novos e velhos fãs. Mas dá para dizer, 100%, que Ross Brawn – diretor-esportivo da F1 e principal idealizador de tais mudanças – atingiu seu objetivo?

Depois de duas corridas na conta, já dá para traçarmos algumas conclusões e pensarmos em respostas. Vamos analisar, por agora, o motivo central para a elaboração das novas regras: ultrapassagens. Após os GPs do Bahrein e da Arábia Saudita, de fato, a quantidade de ar sujo despejada por cada carro diminuiu – muito por conta da remodelagem aerodinâmica dos novos bólidos, ainda que a faca tenha um outro gume, já que os modelos passaram a quicar nas pistas.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2

Max Verstappen e Charles Leclerc brigam pela vitória em Jedá (Vídeo: F1 TV)

Isso permite a facilitação na perseguição do carro à frente – o que, inegavelmente, vem acontecendo. Mas Kevin Magnussen ‘cantou a bola’. “Não sei se é tão fácil ultrapassar. Você consegue seguir muito melhor, mas o efeito do vácuo é menor”, disse o dinamarquês, que recebeu endosso de Fernando Alonso.

“Ultrapassar ainda não é tão fácil quanto parece na TV. Todas as ultrapassagens que vimos foram porque um carro tinha dois segundos a mais de ritmo com pneus mais novos do que outros”, afirmou o espanhol.

O bicampeão mundial levantou um interessante ponto: os pneus. Maiores, imponentes, de aro 18, prometiam diminuir o desgaste nas disputas e estender a “janela ideal” de temperatura para os pilotos. No entanto, o que se vê até agora é contrário: tanto no circuito de Sakhir quanto no de Jedá, a deterioração dos compostos – como Alonso fez questão de frisar -, tornou-se problema ao invés de solução. 

Fernando Alonso criticou deterioração dos pneus e revelou dificuldades para ultrapassar no GP Bahrein (Foto: Alpine)

“Estávamos batalhando de forma dura na frente e apenas tentamos jogar o jogo a longo prazo. A Ferrari era muito rápida nas curvas, nós éramos rápidos nas retas, mas os pneus estavam se desgastando rápido aqui”, disse o atual campeão mundial após o GP da Arábia Saudita. 

“Acho que os carros são melhores de seguir, só depende dos pneus. O pneu duro era capaz de seguir de perto, os outros compostos — e isso depende da pista — apenas se desmanchavam. Então, assim que você consegue perseguir por algumas voltas, eles se abrem”, analisou Verstappen. Ou seja: o processo de ultrapassagem está mais complexo, calculado. Um indicativo positivo na direção de destacar a qualidade individual dos pilotos, que precisam estar mais precisos do que nunca, mas negativo no sentido de chacoalhar a ordem do grid.

E o DRS?

E já que estamos falando das ultrapassagens… a briga entre Verstappen e Leclerc em Jedá, inclusive, mostrou a importância do DRS – e olha que a asa móvel tem (tinha?) os dias contados com a chegada do novo regulamento técnico. Claro, o circuito de Jedá possui duas zonas de ativação quase que consecutivas do mecanismo, o que precisa ser levado em conta na análise. Mas a busca incessante do holandês e do monegasco pela vantagem foi notável: os dois chegaram a inverter o sentido natural de uma corrida e disputaram uma freada – sim, uma freada – no final da segunda zona. Valia tudo para ficar atrás do oponente e entrar na reta principal podendo abrir a asa. 

Charles Leclerc e Max Verstappen travaram batalha tática em Jedá (Foto: F1)

“Acho que o DRS tem que ficar por enquanto, do contrário as corridas seriam muito chatas. Por mais que esteja mais fácil seguir outro carro do que no ano passado, e é um passo positivo, ainda não acho que é o suficiente para nos livrarmos do DRS”, revelou Leclerc. “Se eu não tivesse o DRS, não teria ultrapassado”, concordou o detentor atual do Mundial de Pilotos. “Sem o DRS, é praticamente impossível ultrapassar hoje em dia. O que melhorou foi que o carro está mais previsível ao seguir, nos dando um balanço melhor e a habilidade de ficar mais próximo nas curvas. Mas, sem esses três ou quatro décimos que o DRS te dá em cada reta, seria impossível passar, até porque o vácuo está menos poderoso esse ano”, bateu o martelo Carlos Sainz.

Ainda arma importantíssima, o DRS mostra-se indispensável, ao menos por agora, e ‘força a mão’ da F1. Se a intenção de Ross Brawn era de eventualmente se livrar do sistema de redução de arrasto, ajustes no regulamento terão que ser feitos para que a hipótese siga viva. Ultrapassar permanece sendo uma tarefa difícil e, pelo visto, somente a muleta da asa móvel pode continuar suavizando tal dificuldade. 

LEIA TAMBÉM
Leclerc nega blefe da Ferrari em Jedá: “Estávamos prontos para parar”
Ricciardo questiona perda de direção em Jedá, mas elogia “progresso” da McLaren

FÓRMULA 1 2022: TUDO SOBRE O GP DA ARÁBIA SAUDITA DE F1 | Briefing

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.