Leclerc tenta driblar zica para pegar McLaren no contrapé em Baku. Red Bull só observa
Charles Leclerc tem contas a acertar com Baku, quase como uma repetição do que aconteceu há pouco menos de quatro meses, quando enfim foi capaz de vencer em Mônaco. Não por acaso duas pistas de rua. De novo, o monegasco não só parece em melhor forma, como também a Ferrari. É hora de espantar a zica no Azerbaijão, mas tudo precisa ser perfeito, porque a McLaren tem muito a entregar e a Red Bull, apesar das dificuldades, segue à espreita
Charles Leclerc tem especial apego a algumas pistas do calendário da Fórmula 1. Mônaco, claro e por razões óbvias, é a principal delas, mas Baku também se tornou cara ao piloto nos últimos anos. Mesmo em momentos difíceis, o ferrarista é sempre capaz de tirar mais nas ruas da capital do Azerbaijão. Não à toa, só ele sai na frente por lá desde 2021. Desta vez, no entanto, a Ferrari tem o que é preciso para transformar a posição de honra do grid em vitória, mas terá de ser perfeita, porque a McLaren, ainda que confusa, aposta que Oscar Piastri vai tentar azedar o caldo italiano. E há também uma Red Bull logo ali à espreita.
O fato é que Leclerc vem se sentido à vontade em Baku desde os primeiros treinos — apesar de ter exagerado no TL1 e acertado o muro. De toda a forma, o piloto #16 parece entender bem as manhas do circuito que mescla uma enorme reta de mais de 2 km, com trechos seletivos e curvas de 90º. Aliás, foi aí que a escuderia italiana obteve vantagem. A SF-24 está voando pelo centro histórico/comercial. E perde muito pouco em velocidade de reta. Depois de comandar o Q1, Charles terminou a segunda fase só atrás de Max Verstappen, mas por uma diferença irrisória de 0s014. O melhor ficou mesmo para o fim, quando cravou 1min41s365 — impressionantes 0s321 em cima de Piastri.
Foi a quarta pole seguida de Leclerc no Azerbaijão. E uma verdade aqui: o ritmo de classificação do time vermelho voltou e é assombroso. Carlos Sainz é a confirmação disso, ainda que tenha fechado a sessão em terceiro, com 0s4 de distância para o colega de garagem. Só que a Ferrari não tem o desempenho que Piastri apresentou na sexta-feira em condição de corrida. Os laranjas sustentam aí 0s3 de vantagem. Mas é igualmente certo dizer que os comandados de Frédéric Vasseur têm nas mãos um carro capaz de vencer. Não só pela performance nos trechos mais lentos, mas também pela gestão de pneus — é bom lembrar que Leclerc venceu em Monza com apenas uma parada, pegando a McLaren de surpresa.
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Por isso, não dá para descartar os italianos da disputa. Há forças que se equivalem, e a Ferrari conseguiu colocar seus dois carros em um ponto de destaque — a única entre as ponteiras a fazer isso. Agora, é espantar a zica. “Não consigo nem explicar, mas nesta pista o meu ritmo é muito constante, é um circuito que gosto, mas não consigo explicar a razão. Meu estilo de pilotagem provavelmente se adapta bem a esse traçado, mas quero dizer também que é preciso ter confiança no carro. Acho que, desde o TL1, não tivemos de mudar muito, o carro se mostrou equilibrado desde as primeiras voltas, foi só uma questão de acompanhar a evolução da pista”, disse o monegasco, que acrescentou um fator importante.
“Sabemos que, neste ano, o nosso carro tem o ritmo de corrida como ponto forte, por isso não estou preocupado. Faremos o melhor trabalho com o nosso pacote e veremos se é bom o suficiente para vencer.”
Como há duas semanas, a resposta virá numa disputa direta com a McLaren. Piastri se colocou fortemente em segundo e possui, de acordo com a simulação da sexta-feira, o melhor rendimento em corrida. Não é uma surpresa, diante do que a equipe inglesa faz em 2024 — do ponto de vista técnico. A largada será fundamental, porque o MCL38 também rende bem nos trechos sinuosos, assim como na longa reta azeri. Portanto, a posição de pista e estratégia serão fundamentais, e o time de Andrea Stella não pode se dar ao luxo de ser pego no contrapé.
Diante disso e da péssima classificação de Lando Norris, Oscar precisa entrar na briga com a Ferrari. “Tentei tirar tudo do carro porque é uma pista que te premia quando você busca o limite. Tentei maximizar o desempenho do carro. Estava me sentindo bem o tempo todo”, afirmou o australiano. “De onde estamos saindo, teremos ritmo para brigar pela vitória, mas vai ser difícil. Tomara que eu tenha ar limpo na minha frente. O ritmo de corrida era bom, mas as Ferrari realmente não estão lentas”, completou.
Grande parte do foco da McLaren, de fato, tem de estar na disputa pela ponta, até porque a Red Bull não está longe. Sergio Pérez obteve uma importante quarta posição no grid e parece muito confortável nesse revisado RB20 — além do próprio apreço por circuitos urbanos. Enquanto isso, Verstappen terminou a classificação apenas em sexto. É um resultado estranho, diga-se, uma vez que o neerlandês liderou o Q2 com força. Há algo inexplicável ainda, mas o ritmo de corrida é sólido. Não à toa é onde reside a esperança dos taurinos em capitalizar em cima do revés de Norris, somente 16º no grid — depois de abortar a tentativa final ainda no Q1 após um erro e uma bandeira amarela.
“Foi um Q3 com muitas dificuldades. Na verdade, o equilíbrio do carro parecia muito bom no Q2. Max estava muito feliz. Mas o equilíbrio simplesmente desapareceu nos dois últimos jogos de pneus. Por isso, precisamos analisar o motivo”, reconheceu o chefe Christian Horner, que, apesar de tudo, vê o copo mais cheio. “É uma pista onde é possível ultrapassar. Portanto, essas posições no grid não são desastrosas. Acho que nunca fizemos uma pole-position aqui. Então, infelizmente, hoje também não quebramos esse tabu.”
Importante adendo aqui diz respeito ao tricampeão — talvez sirva de incentivo à McLaren. Apesar das palavras de otimismo de Horner, Verstappen foi mais crítico e se mostrou mais preocupado com o rendimento geral no RB20, quase como se voltasse a Monza. “Fizemos algumas mudanças no carro para a classificação, que dificultaram a pilotagem e a conexão com a pista. Depois do Q1, eu sabia que seria difícil. Não consegui otimizar o carro nas curvas e tive problemas. Você nunca quer isso em um circuito de rua”, falou Max. “E sobre amanhã, a sensação que temos agora não é boa. Vamos ver.”
Ainda que a performance tenha sofrido uma queda na comparação com a sexta-feira, a Mercedes não pode ser retirada da imagem em Baku. George Russell é um elemento surpresa na quinta colocação. O inglês costuma dar trabalho em largada e pode ser esse caso novamente. Lewis Hamilton vem mais atrás, em sétimo, amargando nova derrota para o companheiro em grid, mas também é uma ameaça, porque o desempenho em corrida das Flechas de Prata se mostrou bem interessante.
Por fim, é também fundamental entender que o GP do Azerbaijão em condições normais é disputado com apenas uma parada, na combinação pneus médios e duros. Isso só muda em caso de safety-car, bandeira vermelha e tudo mais, situações plenamente possíveis por lá, diz a história. De acordo com a Pirelli, a fornecedora única de pneus, “a primeira parada deve acontecer entre as voltas 13 e 20 para aqueles que optarem por começar com o composto médio, enquanto aqueles que deixarem o grid com o pneu duro devem parar entre os giros 32 e 38. Claramente, uma neutralização pode levar a uma série de pit-stops, como no ano passado, por exemplo. Um fator a ser considerado será a degradação, dado que a pista ainda está muito suja.”
Então, novamente, a tática vai desempenhar papel crucial, mas um senso de oportunidade nunca é demais. E esse é, sim, um recado para a McLaren.
O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP do Azerbaijão de Fórmula 1 e transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após treinos livres e classificação, além de antes e depois da corrida. No domingo (15), os pilotos disputam a corrida em Baku a partir das 8h (de Brasília, GMT-3).
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