Chefes de equipe defendem decisão de correr em Jedá: “Sair não era melhor escolha”

Pilotos decidiram em reunião entre si continuarem normalmente com o GP da Arábia Saudita, e chefes de Ferrari, McLaren, Haas e Aston Martin saíram em defesa da decisão

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Após horas de reunião no paddock de Jedá, os pilotos chegaram à mesma conclusão dos chefes de equipe da Fórmula 1 e decidiram continuar normalmente o GP da Arábia Saudita apesar das tensões no local após um míssil atingir a refinaria da petrolífera estatal Aramco, a 10 km do circuito que hospeda a categoria. Neste sábado (26), antes do último treino livre e da classificação, alguns chefes abordaram o assunto e concordaram com as decisões de seus pilotos.

Mattia Binotto, comandante da Ferrari, tratou como “positivo” o fato dos pilotos terem se reunido para tomarem suas próprias decisões e destacou a importância dos competidores para o esporte. Além disso, o italiano admitiu que nem todos ficaram contentes com a decisão, mas tentou destacar efeitos positivos que a F1 pode trazer a Jedá.

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“Existem 20 pilotos, cada um deles tem sua própria opinião”, disse Binotto. “Foi importante para eles iniciarem a discussão. A voz deles importa, eles são a estrela do esporte. Não tem muito a adicionar. Somos um esporte, mas também precisamos espalhar positividade e tentar fazer mudanças positivas”, destacou.

Mattia Binotto é o chefe da Ferrari, que ganhou a primeira corrida de 2022 na F1 (Foto: Ferrari)

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“Não é apenas sobre democracia, também é sobre trazer diversidade e inclusão”, continuou Binotto. “Você pode discutir se é certo ou não correr aqui, não dissemos que eles [pilotos] estão 100% felizes com isso. Foi importante terem iniciado a conversa, e o fato de que eles fizeram isso é algo positivo”, ressaltou.

Binotto foi o primeiro a revelar que as autoridades locais deram garantias reais aos personagens do paddock de que estão em segurança. Além disso, o italiano deixou claro que a categoria está se garantindo no fato de que as famílias dessas autoridades estão presentes no paddock e completou dizendo que a Arábia Saudita “não pode permitir” que ameaças tomem os holofotes em Jedá.

“Se existisse uma ameaça mínima, as autoridades da Arábia Saudita teriam cancelado a corrida na hora”, opinou. “[Ameaças] são a última coisa que eles podem permitir nos holofotes agora”, finalizou o chefe da Ferrari.

ANDREAS SEIDL; MCLAREN; F1;
Chefe da McLaren, Andreas Seidl admitiu que F1 é um “grande negócio” e precisa continuar (Foto: McLaren)

Andreas Seidl, chefe na garagem da McLaren, seguiu em linha parecida ao italiano. Para ele, foi importante que os pilotos tenham se reunido para ouvir as garantias das autoridades locais, para que fosse possível entender melhor como seria feita a segurança dos membros do paddock.

“Foi muito alarmante a notícia de ontem, quando vimos o incidente”, admitiu Seidl. “Acho que foi importante ter nosso tempo junto aos pilotos ontem, os pilotos entre si também e junto à FIA, a Fórmula 1 e as autoridades daqui [Jedá] para obterem uma visão boa e transparente do que aconteceu e do que podemos esperar em termos de segurança”, comentou.

“Nossos pilotos são os heróis desse esporte, eles precisam fazer suas vozes serem ouvidas”, explicou. “É importante que eles tenham tido essa discussão. Todos chegamos à mesma conclusão: o certo é continuar, depois das garantias que nos foram dadas”, afirmou.

Como não poderia deixar de acontecer, a Fórmula 1 foi duramente criticada por decidir manter a corrida no país, que além da ameaça do grupo rebelde Houthi, também é um importante agente na guerra do Iêmen — considerada pela ONU como a maior crise humanitária do planeta, na qual 19 milhões de pessoas devem entrar em regime de fome nas próximas semanas.

Steiner ventilou até mesmo a possibilidade de colocar Pietro Fittipaldi para pilotar em Jedá (Foto: Eric Calduch/GRANDE PRÊMIO)

Seidl rebateu as acusações afirmando que a F1 é, de fato, um negócio. Para ele, embora a segurança seja importante, todos têm a intenção de fazer com que o esporte cresça, e o dirigente disse confiar que a melhor decisão será tomada em prol da segurança de todos.

“A F1 é um esporte global, um grande negócio”, prosseguiu. “Todos temos interesse em fazer o esporte crescer. Ao mesmo tempo, a segurança precisa vir em primeiro lugar. Eu confio 100% que a F1 vai tomar a decisão correta”, salientou.

Guenther Steiner, chefe da Haas, seguiu em linha um pouco diferente dos outros dirigentes. O italiano não demonstrou interesse na conversa dos pilotos e ressaltou o fato de que as famílias das autoridades seguem presentes no circuito de Jedá mesmo após o ataque a míssil, o que para ele é garantia suficiente de que a situação esteja segura.

“Não sei o que os pilotos discutiram, mas também não preciso saber”, afirmou. “Quando entramos, eles foram muito racionais. Nos deram garantias de que seria seguro. Não faço ideia do motivo de terem se juntado por tanto tempo. Se as autoridades estão aqui com suas próprias famílias e se sentem seguros, então eu me sinto seguro”, admitiu.

MIKE KRACK; ASTON MARTIN; BMW
Mike Krack agora é chefe da Aston Martin, e já iniciou sua primeira coletiva falando de polêmica (Foto: BMW Motorsport)

“As principais autoridades nos deram detalhes técnicos das medidas de segurança”, revelou Steiner. “Essas pessoas e seus parentes estão aqui na pista, então também por essa razão, nós acreditamos nas garantias”, completou Steiner, antes de criar a possibilidade de ter Pietro Fittipaldi na pista em caso de desistência de algum de seus pilotos.

“Se algum piloto não quiser correr, nós colocaríamos Pietro [Fittipaldi] dentro”, afirmou. “Ele mal pode esperar. Essa seria a solução”, finalizou Steiner.

Por fim, Mike Krack, novo chefe da Aston Martin, deixou claro que a equipe não tentaria forçar nenhum piloto que não queira correr a entrar na pista — apesar de indicar que a decisão não seria imediatamente aceita.

“Obviamente, você não pode forçar alguém que não quer correr a entrar lá, ou não será uma pilotagem confortável”, destacou. “Não estávamos nessa situação, mas se estivéssemos, teríamos respeitado a opinião ou as preocupações dos pilotos. Claro que tentaríamos conversar, entender, chegar a um consenso. Mas acho que precisamos respeitar o que essas pessoas [pilotos] querem”, encerrou.

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