Coluna Apex, por Andre Jung: Black is beautiful

Ainda hoje, o perfil dos que se dedicam ao esporte a motor, é, com raras excessões, povoado de caucasianos. Quase não existem negros disputando corridas de automóvel, motocicletas e lanchas

O velho Jackie Stewart costuma proferir frases polêmicas, aqui e ali, que já fazem parte do folclore da categoria. Na oportunidade mais recente, diminuiu o feito de Lewis Hamilton afirmando que o terceiro título não faz dele um dos grandes. Acho que o velho escocês, ele próprio sucessor de outro grande escocês, não gostou de ver o rapaz inglês igualar seu feito.
 
Quem acompanha a F1 há tempos sabe que a categoria sempre reagiu com irritante lentidão às mudanças. Quando o mundo todo pressionava a África do Sul a abandonar o vergonhoso e tirânico sistema do Apartheid, a F1 fazia de conta que não era com ela e continuava a correr em Kyalami. Coisa parecida aconteceu com o patrocínio da indústria tabagista.
 
Ainda hoje, o perfil dos que se dedicam ao esporte a motor, é, com raras excessões, povoado de caucasianos. Quase não existem negros disputando corridas de automóvel, motocicletas e lanchas.
Hamilton era apenas sorrisos depois de garantir o tricampeonato (Foto: Getty Images)
Dentro desse universo restrito, há de se celebrar esse rapaz – o melhor estreante que a categoria já viu – como bem-vinda e necessária renovação da F1, trazendo a representação de uma parte tão significativa e influente da população mundial para dentro do grid.
 
Sua história é fruto de um talento excepcional e um pai determinado. Menino de classe média, de uma família sem tradição alguma no automobilismo, Lewis devolveu com vitórias todas as dificuldades que o pai teve de contornar na primeira fase da sua carreira.
 
Talento indiscutível desde a infância, conseguiu abrir todas as portas em seu caminho com a decisão de um predestinado. Ganhando tudo por onde passou rapidamente foi conduzido por Ron Dennis, que desde logo investiu na carreira do rapaz, ao cockpit de um F1.
 
A partir daí, Lewis tornou-se protagonista; na pista, andando sempre entre os ponteiros, fora dela arejando o comportamento anódino que campeia entre os seus pares. Lewis é notícia dentro e fora das pistas, seja por seu corte de cabelo, nova namorada, tatuagem, amigos estelares do mundo da música, ou por ganhar corridas e títulos, todos falam de Lewis Hamilton. Esse negro inglês que conquistou o tricampeonato mundial da F1, carrega consigo a esperança que temos de ver o racismo, esse lamentável resíduo das injustiças passadas e presentes, um dia tornar-se insignificante.
 
O disputado GP dos Estados Unidos foi uma justa retribuição aos investidores que acreditaram e construíram para a categoria esse belo traçado que hoje hospeda a F1 no país. Desde sempre travando dura luta para agradar o público norte-americano, seus carros já correram em uma grande variedade de pistas por todo o país. Com a construção do circuito de Austin, tomara que a corrida se mantenha na nova sede por bastante tempo.
Rosberg e Hamilton: uma foto que resume a temporada 2015 (Foto: Getty Images)
O incidente da primeira curva, com Hamilton forçando Rosberg para fora da pista, deve ter mexido com os brios do alemão, que vinha fazendo sua melhor corrida do ano até se atrapalhar numa curva, a sete voltas do final, e entregar a prova de presente para seu rival. Fácil de entender a expressão desolada de Nico no pódio texano.
 
Méritos para Sebastian Vettel, que mais uma vez foi o melhor do resto, chegando colado em Rosberg e alegrando o box ferrarista, que viu progressos notáveis na nova geração da sua unidade de potência.
 
Aliás, unidades de potência estão no centro do debate com a FIA pressionando as equipes e montadoras a aceitarem a introdução de um motor (sim, um velho motor) genérico para abastecer os times com menos recursos.
 
Com a Ferrari bloqueando as propostas para a criação de um teto para o custo das unidades de potência vendidas à clientes, a FIA encontrou um caminho para impor uma alternativa que abasteça as equipes menores, ou mesmo casos como o da Red Bull, que ainda não tem definição sobre 2016.
 
Lamentável a perda de competitividade de Ricciardo e Kvyat conforme a pista secava, numa demonstração de que o chassi é muito superior à motorização. 
 
Enquanto isso . . .
 
. . . Verstappen volta a impressionar alcançando um bravíssimo quarto lugar e cimentando seu espaço entre os nomes do futuro . . .
 
. . . enquanto a Honda investiga o que provocou a perda de potência no carro de Alonso, Jenson Button fica na expectativa para saber se vai andar com a nova especificação no GP do México.
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