Coluna Apex, por Andre Jung: Cronômetro atemporal

Sou quase 20 anos mais velho que Räikkönen, que cometeu a façanha de vencer na F1 atual, aos 39. E, como se fosse aquele garoto que precisava ver e ouvir de perto carros de corrida riscando os 8 km de Interlagos, me impressiono com a idade avançada do rapaz

Ainda lembro quando, para surpresa geral, Peter Sauber anunciou que um jovem de 21 anos iria sair da Fórmula Renault para pilotar um de seus carros na temporada de 2001. Se a diferença de potência entre as categorias era brutal, o fato de o garoto ter completado apenas 25 corridas de automóvel causava verdadeiro assombro.
 
Que brilhante. Peter Sauber tinha um faro para pilotos espetacular. Naquele tempo, sua equipe conseguia se manter sem depender de pilotos pagantes, e seus carros foram a porta de entrada de algumas feras do volante. No caso de Kimi Räikkönen, Sauber teve de peitar diversos questionamentos, dentro e fora da pista.
 
O compatriota Mika Salo tachou de irresponsável a promoção do novato, crítica que Kimi respondeu com uma sólida 13ª posição na largada e um surpreendente sexto lugar na corrida de estreia, o GP da Austrália. Colunas atrás, comentei que o sucesso de Kimi sopra a brasa dos nossos melhores valores. É muito bom saber que gente como ele continua a vencer.
Coluna Apex #292 (Ilustração: Marta Oliveira)
Meditando sobre o ‘Iceman’, percebi que tenho um ‘eu interior fã das corridas’ que é atemporal e que está vinculado à memória afetiva que me foi tatuada na alma, ainda nos anos 70. Dessa forma, olho a evolução dos pilotos ‘de baixo para cima’; quando chegam à F1, os pilotos sempre são mais velhos do que esse ‘eu interior fã das corridas’.
 
Sou quase 20 anos mais velho que Räikkönen, que cometeu a façanha de vencer na F1 atual, aos 39. E, como se fosse aquele garoto que precisava ver e ouvir de perto carros de corrida riscando os 8 km de Interlagos, me impressiono com a idade avançada do rapaz.
 
Se assistir ao finlandês vencer não tem preço, Max Verstappen foi o showman da corrida. Há que se rezar para que o motor Honda empurre o suficiente para esse fenômeno poder lutar pelo título em 2019. 
 
Sair de 18º e chegar em segundo, pressionando o líder e segurando a Mercedes de Lewis Hamilton é uma façanha digna dos melhores. Com apenas 21 anos e com toda essa bagagem acumulada, o holandês deve ter seu tempo de reinado pela frente.
 
Sebastian Vettel continua sendo traído por si próprio: tem velocidade para disputar com Hamilton, mas perdeu a confiança. Acredito que o acidente tolo no GP da Alemanha tenha provocado um desmoronamento do qual os outros incidentes foram consequência.
 
Ao alemão, restou o consolo de ter tido o ritmo mais veloz durante a corrida, mas no caso do outro finlandês, não houve consolo. Se no ano passado, Valtteri Bottas, contratado às pressas, conseguiu deixar uma boa impressão, rivalizando diversas vezes com Hamilton, em 2018 ele se viu completamente dominado. 
 
Nesse contexto, o GP dos EUA foi um dos pontos mais baixos, o que já levanta vozes a favor de uma imediata substituição por Esteban Ocon, que, ao menos para 2020, parece garantido.
 
A Renault finalmente conseguiu fazer uma corrida digna de sua performance na primeira fase da temporada e, justamente na casa da Haas, parece ter garantido o quarto lugar no Mundial de Construtores.
 
 
Enquanto isso . . .
 
. . .  uma melancólica McLaren se arrasta impotente, triste perspectiva para as últimas provas do grande Fernando Alonso . . .
 
. . . votarei no Fernando Haddad no próximo domingo.
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