“Como deixamos continuar?”: Häkkinen lembra acidente de Senna e “vergonha”

Bicampeão mundial de F1, Mika Häkkinen iniciava a caminhada na categoria, conquistando o segundo pódio na carreira justamente no GP de San Marino de 1994

Mika Häkkinen viu sua história cruzar com a de Ayrton Senna no final da temporada de 1993. A vaga na McLaren para disputar as três últimas corridas daquele ano permitiu ao então piloto de 25 anos a chance de dividir os boxes com um dos maiores gênios do esporte a motor. E é por essas e outras razões que a trágica morte do brasileiro foi tão devastadora.

Em seu primeiro confronto direto com Senna na equipe inglesa, no GP de Portugal, Häkkinen, quem diria, foi mais rápido: alinhou em terceiro, enquanto o tricampeão ficou em quarto. Na corrida, ambos abandonaram por razões distintas, e Senna deixou para mostrar na etapa seguinte, no Japão, por que era digno de todo o status que o circundava ao vencer pela penúltima vez na Fórmula 1.

Só que Mika também começou a escrever a própria história ao terminar a corrida japonesa em terceiro, o primeiro pódio na carreira. No ano seguinte, eles estariam mais uma vez lado a lado no grid, porém vestindo cores distintas. Enquanto Häkkinen permaneceu com a McLaren — equipe pela qual conquistaria o bicampeonato no final da década de 1990 —, Senna agora era piloto da Williams.

Foi, porém, um início de ano complicado para os dois. Senna tentava se acertar com o carro e chegava à terceira etapa sem pontos após dois abandonos por incidentes. Häkkinen também buscaria em Ímola o que seriam os primeiros tentos da temporada após dois abandonos por quebras. E, de fato, o GP de San Marino trouxe para o finlandês o segundo pódio na carreira, porém aquele 1º de maio sempre será lembrado pelos tristes fatos que se desdobraram desde a sexta-feira.

O acidente que encerrou a vida de Ayrton Senna em Ímola (Foto: Reprodução)

“Aquele fim de semana foi horrível”, recordou Häkkinen à revista Warm Up nos 20 anos da morte de Senna. “A morte de [Roland] Ratzenberger deixou o fim de semana terrivelmente triste, e o acidente de Senna, então, foi absolutamente devastador”, frisou.

“Eu só soube da situação real de Ayrton momentos antes da coletiva depois do pódio. Fui isolado para que não visse nenhuma imagem, então quando soube, fiquei chocado. Foi realmente terrível perder duas vidas naquele fim de semana, uma coisa que não se pode aceitar, uma coisa que levantou muitas questões, ‘como é que deixamos isso acontecer?’, mas também depois da morte de Roland, ‘como é que deixamos isso continuar?’. Eu era um piloto muito jovem e sentia que não poderia fazer nada. Voltei para a casa naquele domingo mesmo pensando em tudo que tinha acontecido. Eu me senti envergonhado. Eu me senti mortificado”, revelou.

“Todo mundo acordou no dia seguinte pensando que algo deveria ser feito para que a gente não perdesse mais vidas. A segurança na pista progrediu muito desde então. Acho que a F1 nunca mais foi a mesma depois daquele fim de semana. Ayrton deixou um vazio no esporte”, destacou.

“E como piloto, estamos falando de um piloto ‘real’, alguém que colocou seu coração inteiro no esporte. Senna fazia de tudo para vencer, pronto para assumir os riscos. Ele era um competidor duro e mostrou a todos os outros que não tinha medo algum. Quando você o via no retrovisor, sabia que tinha de deixar espaço para passar”, finalizou Häkkinen.

Nos 30 anos da morte de Ayrton Senna, o GRANDE PRÊMIO resgata depoimentos dados à revista Warm Up de diversas personalidades da F1 que fizeram parte da vida do brasileiro.

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