Como luta contra coronavírus promoveu nova união “impensável” entre Red Bull e Renault

Red Bull e Renault se uniram novamente nas últimas semanas. Mas a aliança não foi para algo relacionado à F1, mas sim para tentar salvar vidas. Como parte do chamado Projeto Pitlane, as duas equipes trabalharam em conjunto no desenvolvimento de respiradores e ventiladores para auxiliar pessoas infectadas pelo coronavírus. Algo “impensável em circunstâncias normais”, definiu Christian Horner


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A luta para salvar vidas de infectados pelo novo coronavírus promoveu uma aliança inimaginável até pouco tempo atrás. Red Bull e Renault, que juntas conquistaram quatro títulos do Mundial de Pilotos e outros quatro do Mundial de Construtores entre 2010 e 2013, romperam laços no fim de 2018 com direito a muita polêmica e troca de farpas entre seus chefes, Christian Horner e Cyril Abiteboul, respectivamente. Mas as duas marcas se uniram novamente nas últimas semanas como parte do chamado Projeto Pitlane, em que equipes da F1 trabalharam para desenvolver respiradores e ventiladores.

 
Engenheiros da Renault trabalharam em conjunto com profissionais da Red Bull nas instalações de Fórmula 1 da equipe taurina em Milton Keynes, na Inglaterra. Via de regra, são espaços muito bem guardados e com acesso muito restrito, justamente para que segredos dos carros não sejam revelados. Mas nada disso foi considerado quando o objetivo era correr contra o tempo para ajudar as vítimas do Covid-19.
 
Assim, as antigas parceiras e novas adversárias nas pistas desenvolveram um ventilador de baixo custo que, em teoria, seria usado pelo serviço público de saúde do Reino Unido, o NHS (National Health Service, ou Serviço Nacional de Saúde). Entretanto, o governo local, liderado pelo premiê Boris Johnson, considerou que o equipamento não seria necessário no momento.
Red Bull e Renault voltaram a unir forças por um objetivo muito além da F1 (Foto: Renault)
O Reino Unido é o quarto país com mais infectados pelo coronavírus. Segundo números atualizados da Universidade Johns Hopkins, são 191.832 pessoas que contraíram o Covid-19 e 28.809 vítimas fatais.
 
Em entrevista ao site norte-americano ‘Motorsport.com’, Horner exaltou o trabalho feito pelos funcionários das duas equipes e ressaltou o esforço feito para ajudar o serviço de saúde a salvar vidas. 
 
“Acho que foi algo grande para a F1. Entramos em contato com o governo assim que vimos a crise se aproximar e também entramos em coordenação com as outras equipes. Identificamos um projeto ao qual fomos designados e à Renault. Fiquei espantado ao ver os voluntários avançando de forma incondicional, 24 horas por dia, 7 dias por semana, para apoiar este projeto”, explicou.
 
“Tínhamos pessoas, como nosso designer-chefe Rob Marshall, trabalhando nisso. Acho que ele trabalhou por três noites inteiras de forma sucessiva, e fez esforços inacreditáveis para transformar o que era um conceito bastante rudimentar em um ventilador totalmente funcional e totalmente desenvolvido”, elogiou o dirigente britânico.
 
Horner se mostrou orgulhoso por deixar de lado qualquer tipo de rivalidade entre Red Bull e Renault em prol de algo muito maior e mais importante. “Neste ponto, seu espírito competitivo vai embora pela janela, e você busca encontrar soluções. Então, tínhamos pessoas da Renault trabalhando em nossa fábrica, na nossa base de corrida, nas nossas baias, em nossas instalações. Impensável em circunstâncias normais”.
 
“Tivemos Bob Bell [consultor da Renault] trabalhando ao lado de Rob Marshall, apresentando soluções que surpreenderam a indústria. Não foi somente a solução, mas a velocidade com que a F1 opera, porque as soluções foram identificadas e usinadas da noite para o dia, e sendo executadas numa plataforma no momento em que as pessoas voltaram na manhã seguinte. O que normalmente levaria cerca de três anos para que essa máquina estivesse pronta foi feito em três semanas e meia”, ressaltou o chefe da Red Bull.
 
Quanto ao fato de o ventilador projetado em conjunto com a Renault não ser produzido em série, ficou uma ponta de decepção por um lado, mas de alívio por outro. 
 
“Claro que houve uma certa decepção quando não entramos em produção em série quando estávamos prontos para isso. Mas, também, quando você pensa sobre isso, foi bom que os ventiladores não foram necessários porque isso significou que a necessidade do Serviço Nacional de Saúde não foi tão terrível, de modo que esses ventiladores de emergência não fossem necessários”, disse.
 
“Acho que isso destacou a engenhosidade da F1, sua capacidade de resolver problemas, protótipos rápidos e de propor correções, e a atitude de fazer tudo e de jamais ser vencida, a filosofia da F1. Acho que isso sintetizou todos os aspectos positivos do esporte e de alguns engenheiros mais inteligentes do país, que trabalham na F1”, finalizou Horner.

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