Desespero, paciência, dor infinita, tortura diária, morte: o drama enfrentado pela família de Bianchi

Foram nove meses entre o acidente no GP do Japão e a morte, nesta sexta-feira (17), em um hospital na França. Neste meio tempo, o drama encarado pela família de Jules Bianchi enquanto o piloto estava em coma emocionou

A frase pode parecer cruel, mas de longe é esta a intenção: Jules Bianchi não foi quem mais sofreu desde o acidente do dia 5 de outubro de 2014, na 42ª volta do GP do Japão. Foram seus familiares, que conviveram por nove meses com a dor e o medo constante de saber que, a qualquer momento, o ente querido poderia ser declarado morto. O medo do que se ouviria a cada ligação atendida.

O triste anúncio foi feito na noite desta sexta-feira (17), já madrugada de sábado na França, por meio de um comunicado divulgado pela família.

Durante este período, o pai de Bianchi não optou pelo silêncio, como, por exemplo, a família de Michael Schumacher após o acidente de esqui do heptacampeão em dezembro de 2013. Philippe Bianchi, pelo contrário, deu diversas entrevistas, e, com o passar do tempo, elas refletiam a perda das esperanças diante da situação do jovem francês de 25 anos.

Os pais de Jules, Phillipe e Christine Bianchi, diante do hospital no Japão (Foto: Getty Images)

Possivelmente, a mais marcante foi a que a 'France Info' publicou na última segunda-feira. "É mais terrível do que se ele tivesse morrido", falou Philippe.

O histórico da lesão axonal difusa mostra que, quanto mais se demora para apresentar sinais de melhora, menor a chance de sobrevivência. E assim aconteceu com Bianchi.

A família de Bianchi não estava em Suzuka naquele fim de semana, precisando viajar às pressas após a corrida. Chegando lá, soube do diagnóstico e da gravidade. O impacto da cabeça do piloto contra o trator que removia a Sauber de Adrian Sutil o deixou em uma condição delicadíssima. "A situação é desesperadora", reconheceu Philippe em entrevista ao jornal italiano 'La Gazzetta dello Sport' no mês de outubro. "Toda vez que o telefone toca, nós sabemos que pode ser do hospital nos dizendo que Jules morreu. Mas ele não vai desistir, tenho certeza disso. Eu posso ver. E acredito nisso."

Naquela mesma semana, a mãe do piloto, Christine, demonstrou seu descontentamento com o modo como a F1 tratou o caso. Perguntada se estava sendo pedida para ficar em silêncio, respondeu que "a F1 é um grande negócio".

google_ad_client = “ca-pub-6830925722933424”; google_ad_slot = “2258117790”; google_ad_width = 300; google_ad_height = 600;

Em novembro, a estabilidade do quadro médico permitiu que Jules fosse levado do hospital de Mie, no Japão, para Nice, sua cidade natal. Após a conclusão da transferência, a equipe comunicou e reiterou que a situação continuava crítica. E, em dezembro, Philippe Bianchi forneceu um novo boletim. A principal frase: "Leva tempo e paciência".

Com o passar do tempo, o sofrimento aumentou na mesma medida que a esperança diminuiu. Em abril, as palavras escolhidas para descrever os sentimentos foram "dor infinita e tortura diária". Em maio: "Pensamos na vida e na morte dele". A mais recente aparição já foi mencionada.

O relatório divulgado pela comissão de notáveis formada pela FIA para investigar o acidente concluiu que Bianchi não tirou o pé o bastante para evitar o acidente e isentou a presença de um trator na área de escape. A principal mudança de procedimento para 2015 foi a introdução do safety-car virtual, que limita a velocidade dos pilotos em casos em que se faz necessária a entrada de fiscais na pista para algum tipo de remoção/resgate.

Mas, para a família Bianchi, o acidente "certamente não foi normal". “Ainda não sabemos o que vamos fazer, mas certamente não foi uma situação normal de corrida. Se há alguém que é responsável por isso, vai ter que pagar, sem dúvida”, afirmou.

Jules é o segundo Bianchi que morre no automobilismo. Seu tio-avô, o belga Lucien Bianchi, disputou 17 GPs nos anos 60, tendo como melhor resultado um terceiro lugar em Mônaco em 1968. A grande glória de sua carreira veio no mesmo ano, junto do mexicano Pedro Rodríguez: a vitória nas 24 Horas de Le Mans. No mesmo circuito, no ano seguinte, teve o acidente que custou sua vida ao rodar e acertar um poste que ficava à beira da pista.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.