Diretor diz que sucesso ou fracasso da Renault na F1 “vai dizer muito sobre a saúde do esporte”

A Renault acredita que seu desempenho na temporada pode dizer muito sobre os caminhos que a F1 está tomando quanto à competitividade das equipes. Em 2018, a equipe baseada em Enstone tem figurado frequentemente como a quarta força, sendo a “melhor do resto” — posição ocupada nos dois últimos anos pela Force India — e só atrás do chamado 'trio de ferro', o top-3 formado por Mercedes, Ferrari e Red Bull. A Renault entende, portanto, que acompanhar essas equipes de ponta seria o fator necessário para mostrar o equilíbrio no grid.

 

Cyril Abiteboul, diretor da Renault, disse que sua equipe estava "no topo do segundo mundo”, mas que queria alcançar uma posição melhor e integrar o primeiro pelotão.

 

"Eu acho que o sucesso ou não da Renault vai dizer muito sobre a saúde do esporte. Se um carro como a Renault, que na minha opinião tem as pessoas certas e a infraestrutura certa, não é capaz de passar do segundo mundo para o primeiro mundo, diz muito. Se não podemos fazer isso, ninguém será capaz de fazê-lo. Então, estamos congelando as posições como estão”,  afirmou Abiteboul em entrevista veiculada ao site norte-americano 'Motorsport.com'.

Mesmo sendo atualmente a quarta melhor equipe do Mundial de Construtores — com 56 pontos —, a Renault ainda está muito atrás das três maiores potências do grid. O time anglo-francês tem menos da metade dos pontos da Red Bull, terceira colocada do campeonato, com 134 tentos. 

 

"Eu não acho que é saudável ter um esporte onde não há capacidade de mudar as posições e ter novos participantes chegando, e assim por diante. Precisamos olhar para a evolução da Renault e a limitação em nossa evolução como um sinal claro de todas as coisas que precisam ser feitas para mudar a F1", completou.

 

Abiteboul disse ainda que a Renault toma a frente do desenvolvimento das maiores equipes e que isso é uma tarefa “extremamente desafiadora”. No mesmo caminho, o regulamento do teto orçamentário, ainda em debate para 2021, pode ajudar na missão de igualar forças no grid e aproximar as equipes no âmbito financeiro. 

 

"Isso é algo que todas as partes interessadas realmente devem olhar. Eu espero que a nova liderança da F1 analise esta questão muito rapidamente e com muita força, porque não é positivo, não é um esporte que devemos ter", acrescentou.

 

Ainda assim, nem todas as equipes concordam que o dinheiro é o único empecilho para um bom desenvolvimento em pista. A Williams, equipe com aporte financeiro abastecido pelos seus dois pilotos, é um exemplo claro que de a boa performance pode encontrar dificuldades mesmo com dinheiro em caixa.

 

Paddy Lowe, diretor-técnico da Williams, reconhece que existem diferenças muito grandes entre as três ponteiras do campeonato e as demais, e que a categoria não pode continuar nessa discrepância.

 

"Podemos fazer muito melhor do que fizemos com o material e os recursos que temos disponíveis, por isso não é de forma alguma uma explicação para a nossa atual falta de desempenho. Eu acho que se você olhar para o esporte em geral, há claramente um problema. Notei que algumas revistas começaram a falar sobre o grid Classe A e o Classe B. Acho que é um péssimo sinal. Isso é uma frustração dentro do esporte como um todo", encerrou.