Ferrari até tem vantagem, mas Mercedes está no jogo. Verstappen é coringa

Max Verstappen perdeu para si próprio no México. Jogou fora a pole-position e agora será obrigado a assumir um papel bem diferente daquele que gostaria. Insolente que só ele, ignorou o acidente de Valtteri Bottas e achou que a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) seria branda, que anularia a volta da pole e só. Admitiu que não tirou pé no momento das bandeiras amarelas e, ao insistir na zero preocupação com a segurança, caiu três posições no grid. Certamente, será uma lição interessante para o jovem que ainda precisa dosar a alta agressividade. De qualquer jeito, Max se apresentou de maneira espetacular, com duas voltas primorosas na parte final da classificação. Teria sido uma pole daquelas, um acerto de contas com esse traiçoeiro Hermanos Rodríguez. Agora, como no ano passado, o holandês terá de extrair mais de si e desse carro da Red Bull para entrar na briga pela vitória.

 

Mas há chance? Sim. É claro que a punição joga Verstappen para uma outra posição neste cenário. Está longe de ser favorito ou de representar alguma ameaça na largada. No entanto, Max deve assumir o papel de coringa. Ou seja, aquela carta que vai trazer um novo valor a esse jogo. Isso, sim, é uma dor de cabeça para Ferrari e Mercedes, especialmente porque todas as três principais equipes largam com o mesmo composto. E tem lá suas armas. 

Antes de entrar na questão da estratégia em si, é necessário falar da Ferrari. A equipe vermelha colocou na pista uma SF90 veloz e que, dificilmente, será batida em linha reta. Ou seja, os dois carros vão voar no circuito mexicano, especialmente no retão que leva à primeira curva. Essa primeira fila caiu como uma luva para Charles Leclerc e Sebastian Vettel. A força está ao lado dos italianos. Mas eles precisam driblar a si mesmos para não colocar tudo a perder. Afinal, todo o imbróglio da Rússia ainda está bem vivo na memória.

 

Leclerc vai sair pela sétima vez na pole em 2019. Impressionante, de fato. Ninguém mais pode batê-lo e ele vai terminar a temporada à frente de companheiro de equipe no duelo de posições de largada. Tudo isso por si só já coloca o monegasco em vantagem. E a luta será apenas contra Vettel, uma vez que ninguém mais tem a velocidade de reta da Ferrari. Portanto, Mattia Binotto possui a chance de se redimir dos erros estratégicos das últimas corridas.

 

A questão maior é que só a velocidade de reta não parece ser capaz de garantir a vitória à Ferrari. Isso porque a Mercedes está muito no jogo. Apesar de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas terem encontrado dificuldade para obter performance em uma volta rápida, o ritmo de corrida dos prateados é significantemente melhor do que de suas adversárias. É bem verdade que todos têm seus temores com relação à degradação, mas isso se mostrou mais intenso com os pneus macios, daí a escolha por começar a corrida com os médios. 

E Hamilton e Bottas tiveram um desempenho sólido nas simulações com os compostos amarelos e também com os duros, no caso do finlandês. Isso deve se refletir na corrida. A tática será outro ponto. De acordo com a Pirelli, essa é uma prova para dois pit-stops. Dois trechos em cima dos pneus médios, sendo a parte final com os brancos/duros. Tudo o que a Mercedes quer e, Hamilton, principalmente. O inglês sai atrás do hexa e precisa somar 14 pontos a mais que Bottas – ainda não se sabe a condição do carro, que foi muito danificado na batida lateral. Existe a possibilidade de o finlandês largar do pit-lane. Isso, certamente, seria de grande ajuda para o britânico.

 

De toda a forma, a corrida se desenha tensa e resumida ao gerenciamento dos pneus. Enquanto a Ferrari deve tentar fugir do pelotão, Verstappen vai atrás e tem ritmo para isso. A Mercedes deve trabalhar com a estratégia, se valendo do melhor desempenho.