FIA indica que Bianchi sofreu impacto de 254G no acidente em Suzuka e diz que cockpit fechado não evitaria morte

De acordo com as informações inseridas no Banco Mundial de Dados sobre Acidentes, Jules Bianchi sofreu um impacto de 254G no grave acidente que sofreu no GP do Japão. Análise da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) é de que nem mesmo um cockpit fechado teria poupado a vida do piloto, que faleceu na última sexta-feira

Nove meses após o acidente que culminou com a morte de Jules Bianchi na última sexta-feira (17), a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) revelou que o piloto francês sofreu um impacto de 254G no acidente sofrido no GP do Japão de outubro passado.
 
Na volta 43 do GP do Japão, Bianchi perdeu o controle na curva 7 e acertou em cheio o guindaste que tinha entrado na área de escape para remover o carro de Adrian Sutil, que tinha batido no giro anterior. Socorrido ainda na pista, Jules foi levado ao hospital e submetido a uma cirurgia de cerca de 4 horas. Um boletim médico divulgado pela Marussia dois dias depois da batida informou que o piloto de 25 anos sofreu uma lesão axonal difusa, que é uma lesão ampla e devastadora e que, em mais de 90% dos casos, deixa suas vítimas em coma definitivo.
 
Sete semanas após o acidente, Jules foi transferido para um hospital em Nice, na França, onde permaneceu inconsciente até o fim.
O estado de Jules Bianchi e seu carro após bater no guindaste no Japão (Foto: AFP)
De acordo com Andy Mellor, vice-presidente da Comissão de Segurança da FIA, a impacto foi tão severo que foi “como se você jogasse um carro no chão de uma altura de 48 metros sem uma zona de deformação”.
 
As informações, que foram divulgadas pela publicação alemã ‘Auto Motor und Sport’, integram o Banco Mundial de Dados sobre Acidentes (WADB, na sigla em inglês), que reúne informações de acidentes em corridas de todas as partes do mundo e foi criado para ajudar a melhorar a segurança.
 
Os dados do GPS mostram que Bianchi perdeu o controle da Marussia no piso molhado a 132 mph (cerca de 212 km/h) e, 2s61 mais tarde, já a uma velocidade de 78 mph (aproximadamente 125,5 km/h) colidiu com um guindaste de 6.8 toneladas. O carro desviou quatro metros em direção longitudinal e dois metros para o lado.
 
Inicialmente, acreditava-se que o impacto de Bianchi tinha sido de 92G, por conta da medição feita pelos sensores instalados nos tampões de ouvido do piloto, que saíram do lugar no momento de impacto mais severo. Os novos cálculos, no entanto, indicam um choque de 254G.
 
 “O problema foi que a Marussia parcialmente mergulhou embaixo da haste do guindaste e, portanto, sofreu uma pressão vinda de cima vida do guindaste”, explicou Mellor. “Isso funcionou como um freio, com uma desaceleração abrupta. Nesse processo, nós tivemos um contato entre o capacete e o guinaste. Nós nunca tínhamos visto algo assim”, seguiu.
 
Chefe da Comissão de Segurança, Peter Wright acredita que cabe a FIA fazer uma investigação completa do acidente que custou a vida de Bianchi para evitar que algo do tipo se repita.
 
“Ainda são muito comuns os casos de acidentes que devem ocorrer primeiro para que possamos aprender com eles — o caso de Bianchi é o melhor exemplo”, citou Wright. “Este foi um cenário que não poderíamos ter imaginado previamente. É por isso que é muito importante realmente investigar este acidente em seus mínimos detalhes”, reforçou.
 
“Nós nunca investimos tanto tempo e tantos esforços em uma análise”, assegurou.
 
Wright afirmou, entretanto, que um cockpit fechado não teria poupado a vida de Jules, que não recobrou a consciência desde o acidente em Suzuka.
 
“O carro teria sido parado pela cobertura e, apesar de que a cabeça não teria batido no guindaste, teria batido na cobertura com o mesmo resultado”, explicou.
 
Ainda, o vice-presidente da Comissão de Segurança rejeitou a ideia de que o guindaste deveria ser melhor protegido, alegando que seriam necessárias “seis camadas de pneus”, o que é “inaceitável”.
 
Após o acidente de Bianchi, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) reuniu uma comissão de notáveis para investigar o que aconteceu em Suzuka. Após o estudo, os especialistas concluíram que o piloto falhou ao não reduzir o suficiente a velocidade ao contornar a curva 7 e minimizaram a presença de um trator na área de escape sem que o carro de segurança fosse acionado.
 
O grupo, presidido por Wright e que contava com mais nove pessoas, dentre elas o bicampeão Emerson Fittipaldi e os ex-dirigentes da Ferrari Ross Brawn e Stefano Domenicali, constatou que se Bianchi tivesse tirado o pé, não teria perdido o controle do carro. Também foi apontada uma falha nos sistemas de segurança da Marussia, embora ela não tenha sido determinante para o que ocorreu.
 
A principal reação da FIA ao acidente de Bianchi foi a adoção do sistema de safety-car virtual, que determina uma velocidade delta a ser seguida pelos pilotos em trechos da pista onde uma bandeira amarela dupla se faz necessária.
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