Fórmula 1 entra em status de caos após saída de Alonso da Alpine. Dava para prever?

O que significa a ida do bicampeão mundial para a Aston Martin? Para piloto e equipe, o casamento faz sentido - e o espanhol deu pequenas pistas do que viria a acontecer...

ALONSO TROCA ALPINE POR ASTON MARTIN! ENTENDA MOTIVOS POR TRÁS DA DECISÃO

O dia seguinte ao GP da Hungria de Fórmula 1, primeiro das férias de meio de ano da categoria, prometia ser tranquilo. Só prometia. Logo nas primeiras horas de recesso, a Aston Martin anunciou que a sangria pela aposentadoria de Sebastian Vettel tinha sido rapidamente estancada. De veterano para veterano, campeão mundial para campeão mundial, a equipe de Silverstone substituiu o alemão por ninguém mais, ninguém menos, do que Fernando Alonso.

O choque foi geral. A surpresa pelo timing, mais ainda. Alonso foi de ‘em negociações com a Alpine’ para ‘fechado com a Aston Martin’ em um espaço de cinco dias. Passado o tempo para digerir a brusca mudança – e com uma nova polêmica encaminhada, envolvendo justamente Oscar Piastri, equipe francesa e McLaren -, busquemos entender o que significa a movimentação e os indicativos de que isso iria acontecer. A silly season vai muito bem, obrigado.

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Começando pelo começo, claro. Para entender o que significa a ida de Alonso para a Aston Martin, precisamos compreender os motivos pelo casamento ter dado certo e fazer sentido para ambas as partes. O bicampeão mundial queria a equipe de Silverstone por três fatores centrais: questão financeira, planos a longo prazo na F1 e um sentimento de a equipe francesa o tenha desvalorizado.

Para explicar cada um deles melhor: Alonso queria ser recompensado por acreditar no projeto de Alpine e depositar esperança na equipe – a escolhida para seu retorno à Fórmula 1. A questão salarial era um entrave nas negociações – e se tem um time que pode pagar o espanhol, e pagar bem, este time é a Aston Martin, oras.

Fernando Alonso: saída inesperada e repentina da Alpine (Foto: Alpine)

Segundamente, o ‘Príncipe das Astúrias’ não dá sinais de que deseja se aposentar da F1 tão cedo. Pelo contrário: quer continuar pilotando na principal categoria de automobilismo do mundo por um bom tempo, ainda. A Alpine não tinha a mesma visão; o chefe Otmar Szafnauer confirmou que a idade do espanhol foi um fator para o arrasto das conversas entre as partes. A equipe francesa queria prorrogar o contrato por um ano, com opção para 2024 – e uma reavaliação, temporada a temporada, das condições físicas e desempenho de Alonso.

Só que o bicampeão mundial, claro, queria maior estabilidade. É preciso ter garantia de que a meta pessoal traçada seja cumprida. E adivinha quem, depois da aposentadoria de Vettel, chegou batendo na porta com um contrato “multianual”? Pois é.

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Por fim, o sentimento de desvalorização. Alonso não queria servir somente para esquentar o banco do queridinho Piastri. Antes de todo o ‘quiprocó’ envolvendo Alpine, McLaren e piloto australiano, a equipe francesa queria porque queria achar um lugar para seu prodígio no grid. Era questão de tempo – e é bizarro falar isso no pretérito – para que Piastri assumisse um lugarzinho no time. E isso ia contra o ‘El Plan’ de Alonso, de permanecer o maior tempo possível na F1.

E já que falamos em desvalorização… você, leitora e leitor, imagine a reação de Alonso quando Szafnauer afirmou, com todas as letras, que “não estava na Alpine quando contrataram” o bicampeão mundial, mostrando clara e evidente preferência a Piastri. Pois é.

OSCAR PIASTRI; ALPINE; F1; FÓRMULA 1; LOSAIL; CATAR;
Oscar Piastri era o queridinho da Alpine. Era… (Foto: Alpine)

Mas dava para prever que Alonso sairia assim tão rápido da Alpine? Difícil responder a essa questão sem levar em consideração o auxílio da retrospectiva. E apesar dos sinais confusos – como quando o bicampeão mundial pediu que a equipe francesa focasse em 2023 “o mais rápido possível”, enquanto a própria Alpine sinalizava com a permanência do piloto -, alguns indicativos de divórcio já se mostravam presentes na Hungria. Principalmente por conta do comportamento do espanhol.

A começar, na sala de imprensa. Perguntado se a aposentadoria de Vettel dificultava negociações, Alonso respondeu, com um sorriso no rosto: “não para mim”. Ainda assim, o bicampeão mundial batia na tecla de que dava para chegar a um final feliz com a equipe francesa em “10 minutos” – algo replicado pela Alpine.

O que os dois não sabiam é que as resoluções pensadas estavam em caminhos opostos, com o CEO da Alpine Laurent Rossi pensando que podia forçar a mão de Alonso na mesa de ofertas, afinal, qualquer coisa, Piastri estava aí para jogo. Por outro lado, o bicampeão mundial já passava a receber a visita de Lawrence Stroll e a Aston Martin em seus aposentos na Hungria.

Na pista, também, Alonso estava diferente. O clima de paz entre o espanhol e Esteban Ocon na Alpine deu lugar a reclamações acintosas – com o bicampeão mundial dizendo, após se sentir bloqueado pelo parceiro de time na largada em Hungaroring, que “nunca na vida vi uma defesa como essa do Esteban”.

Fernando Alonso e Esteban Ocon, aparentemente, seguem bem (Foto: Alpine)

Se a reclamação chama atenção, a atitude de Alonso pós-corrida também diz muito. Nos tempos áureos, dava até para imaginar um princípio de treta começando ali. Mas não: o espanhol colocou panos quentes na situação e nem se deu ao trabalho de discutir mais.

“Nós sempre disputamos fortemente nossas posições, mas também damos aquela margem, 1% que seja, para evitar incidentes. E nunca tivemos incidentes, nunca teremos também. Aquilo ali foi algo que eu faço de vez em quando, que ele faz também, aquilo acontece”, pontuou Alonso.

Com esse capítulo concluído, a busca agora é entender os motivos pelos quais a Aston Martin queria Alonso – mas isso é bem mais simples. Lawrence Stroll deseja sempre ter um grande nome ao lado de seu filho, Lance. Marketing é importante, afinal – e tutelagem também, ao menos a ideia de uma. E depois da aposentadoria de Vettel, parecia lógico e natural virar os olhos a Fernando Alonso.

Lawrence Stroll se mexeu rapidamente e garantiu substituto de Vettel na Aston Martin (Foto: Aston Martin)

Além disso, o bicampeão mundial pode ser importantíssimo para o projeto a longo prazo da equipe de Silverstone. Não é segredo para ninguém que a Aston Martin investiu – e investe – pesadamente em estrutura e operações. Basta olhar para a fábrica em construção e para os nomes que a esquadra atraiu, como Dan Fallows e Martin Whitmarsh. Ter a opinião e o feedback de Alonso pode ser, pois, valiosíssimo.

Entendemos agora o que a movimentação significa para Alonso e para a Aston Martin. Mas e o restante da Fórmula 1? Dá para pensar em uma palavra: caos. A ida do bicampeão mundial ao time de Silverstone causou um furacão no grid e mercado de pilotos da principal categoria de automobilismo do mundo.

Claro, porque a Alpine se precipitou em anunciar Piastri como substituto do bicampeão mundial – apenas para ser desmentida pelo próprio piloto, horas depois. O namoro do australiano com a McLaren deixa perguntas no ar.

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A primeira: e Daniel Ricciardo? Veja você, por ironia do destino, o piloto de 33 anos pode acabar de volta ao esquadrão da Alpine. Mas se Piastri não será emprestado para a Williams, então, quem ficará com segunda vaga? Afinal, Alex Albon renovou com a equipe de Grove e Nicholas Latifi deverá deixar o time em 2023.

Tudo está ligado – e em uma silly season que promete mundos e fundos após a aposentadoria de Sebastian Vettel, mais ainda. A ida de Alonso a Aston Martin significa muito mais somente do que diz respeito ao piloto e à equipe. Tal movimentação abriu os portões do caos na Fórmula 1 – que promete, nessas férias, ser qualquer coisa. Menos tranquila.

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