“Os franceses aplaudiram de pé”: Éder Luiz recorda “volta mágica” de Senna em Mônaco

Duas imagens de Ayrton Senna ficaram marcadas na mente do locutor esportivo Éder Luiz. Uma delas foi em Mônaco, uma pole-position que fez a torcida de Alain Prost reverenciar a magistralidade do brasileiro em volta rápida

Uma gripe muito forte impediu o narrador Éder Luiz de cobrir o GP de San Marino de 1994 ‘in loco’, como costumava fazer na ocasião pela rádio Bandeirantes. Acabou narrando à distância, do estúdio, o que seria um dos finais de semana mais trágicos do esporte a motor na história, o da morte de Ayrton Senna.

O acidente, claro, causou perplexidade. “Para mim, foi como para qualquer brasileiro: um negócio horrível”, relembrou o locutor esportivo à revista Warm Up nos 20 anos da morte do tricampeão. Éder era um dos que tiveram grande convívio com Senna, o que deixou no profissional o sentimento “de perder alguma pessoa da família”.

Assim que a batida de Senna na Tamburello aconteceu, Éder lembra que a esperança era de que o piloto tivesse suportado. “Mas a gente sabia o nível de gravidade”, admitiu. “Naquela curva ali, o Nelson [Piquet] já tinha batido, o [Gerhard] Berger, mas não de uma forma frontal. Sabia que a desaceleração ia causar danos. Ficamos cerca de dez, 15, 20 minutos na esperança de que tivesse um caminho de salvação para ele. Mas quando a gente pôde rever a cena, já ficou a certeza de que lamentavelmente seria fatal”, lamentou.

Embora não estivesse em Ímola, o parceiro de cobertura, Cândido Garcia, hoje já falecido, estava no local. Éder recorda que ainda pairava uma esperança no ar de Senna ser reanimado. Ao longo da transmissão, o repórter fazia entradas ao vivo direto do hospital para atualizar o quadro de saúde do piloto da Williams.

Ayrton Senna morreu de um jeito trágico há 30 anos (Foto: Fórmula 1)

“Foram momentos absolutamente horríveis. Eu diria que, em termos de transmissão, foi a mais difícil que eu fiz”, afirmou. “Não tinha vontade mais de falar nada. Queria saber se tinha alguma possibilidade, alguma chance de ele ser reanimado e dar essa notícia. E quando a gente teve de dar a notícia de que tinha sido confirmada a morte dele, foi triste demais”, continuou.

A morte de Senna causou abalo em Éder Luiz, assim como em tantos outros que acompanharam o tricampeão ao longo dos anos. “Foi difícil voltar a transmitir uma corrida de F1. As corridas seguintes foram horríveis, havia um clima de consternação em todos os autódromos. A afinidade do Ayrton com o torcedor, com o aficionado por F1, era fortíssima”, destacou.

E dessa relação entre Senna e a torcida, Éder contou à revista Warm Up que duas cenas em especial foram muito marcantes. A primeira foi a decisão no GP do Japão que rendeu o primeiro título de Senna na F1, em 1988. “Estava em Suzuka, e os japoneses tinham uma verdadeira veneração pelo Ayrton. Lembro de um japonês aos prantos com a bandeira brasileira na saída do autódromo, gritando ‘Senna, Senna’, chorando como se fosse um brasileiro. Parecia que o imaginavam como um super-herói.”

“E outra cena que me chamou muito a atenção foi uma disputa dele com o Alain Prost pela pole do GP de Mônaco. Ficou aquela alternância na primeira colocação entre ele e o Prost, e na última saída, ninguém esperava que ele conseguisse fazer um tempo que tirasse o Prost da pole. E ele conseguiu. Em Mônaco, 99,9% da torcida era francesa, e eu estava na cabine, que lá fica praticamente junto dos torcedores naquela curva reta de Mônaco, e os caras numa torcida maluca pelo Prost. De repente, o Ayrton consegue recuperar a pole, passa e os franceses aplaudem de pé. Voltas mágicas que ele conseguia dar”, afirmou.

São duas imagens que Éder disse que “vão ficar marcadas pela vida inteira”. “São algumas das cenas mais bonitas do esporte que eu vi na minha carreira. Que, às vezes, não aconteciam dentro da prova, mas mostrava como ele era querido e amado não só pelos brasileiros, mas por todos aqueles que gostam de F1”, finalizou.

Nos 30 anos da morte de Ayrton Senna, o GRANDE PRÊMIO resgata depoimentos dados à revista Warm Up de diversas personalidades da F1 que fizeram parte da vida do brasileiro.

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