Russell se vê “guiando melhor que nunca” e rejeita ideia de que desmonta sob pressão
Depois do GP do Canadá, teve quem questionasse a capacidade de George Russell desempenhar sob pressão. O piloto rejeita totalmente a ideia
George Russell tem problemas para mostrar bom desempenho na Fórmula 1 quando está sob pressão? É um questionamento que ganhou força após o piloto da Mercedes errar e ver ir pelos ares a chance de vencer o GP do Canadá, semanas atrás, após largar na pole-position – e antes de receber no colo a oportunidade de vencer na Áustria. Russell nega e, mais do que isso, crê que vive o melhor momento na categoria.
Em entrevista concedida antes da vitória do último fim de semana, a primeira em 19 meses para a Mercedes, Russell garantiu que não muda o comportamento na pista por ter qualquer carga extra de expectativa sobre si. Na verdade, o que mudou nesta temporada, de acordo com o piloto, é o fato de andar no máximo do carro o tempo todo para superar Lewis Hamilton na batalha interna da Mercedes. Decisão que tomou após o veterano sobrar na comparação em 2023.
“Não preciso responder a essas pessoas [que dizem que eu falho sob pressão], porque estou focado no meu próprio trabalho. Poderia pilotar um 0s1 fora do ritmo [mais veloz] por 70 voltas seguidas e não cometeria um único erro”, respondeu em entrevista à revista inglesa Autosport.
“Em 2022, não cometi um único erro durante toda a temporada, mas não estava me desafiando da maneira como estou agora. A forma como estou me desafiando agora me permitiu superar meu companheiro [Hamilton] de equipe na classificação oito vezes em nove corridas nesta temporada [é 9-2 nas classificações pós-Áustria] e me permite estar à frente dele na maioria dessas corridas”, comentou.

Russell lembrou dos momentos da carreira em que realmente teve chance de vencer, incluindo o GP de Singapura de 2023 em que um erro custou a oportunidade. Mas enxerga como parte do processo de buscar o limite do carro que tem nas mãos.
“As pessoas podem dizer o que quiserem. Estou me esforçando ao absoluto máximo. E talvez tenha me esticado um pouco porque estou tentando. Podia guiar 0s1 mais lento, não cometer um único erro e ainda terminar em terceiro [no Canadá], e pareceria uma corrida perfeita de fora. Mas sabendo que eu tinha 0s1 na mesa, eu me sentiria frustrado por não ir ao limite”, continuou.
“Parece que tive três oportunidades em 115 corridas para alcançar a vitória. E tentando alcançar isso no momento em que as coisas acontecem, como quando eu era criança, correndo na F2, F3, GP3 e tudo mais, quando venci campeonatos, sempre simplesmente peguei o resultado que era possível”, seguiu.
“Se era uma vitória, eu aceitava a vitória; se era um terceiro lugar, aceitava o terceiro lugar. Se eu estava em terceiro lugar, não ficava forçando além do necessário para tentar alcançar a vitória, porque sabia que para vencer o campeonato só precisava pontuar”, explicou”.
“Então, sim, os erros acontecem, faz parte da vida. Todos nós passamos por momentos em que esses erros acontecem, mas eles acontecem porque estou me esforçando além da conta e acho que estou nessa posição porque estou pilotando melhor do que nunca”, pontuou.
“Acredito que se estivéssemos em uma era diferente, provavelmente teria oito poles nesta temporada e várias vitórias”, concluiu.
Com relação especificamente sobre o Canadá, admite que errou, mas aproveita para enumerar as circunstâncias.
“Nunca deixei de ter fé ou orgulho em mim mesmo. E talvez minha abordagem nas corridas fosse um pouco diferente se estivesse lutando por um campeonato em vez de uma única vitória em uma temporada. Naquela corrida no Canadá, estava pilotando muito além dos meus limites porque senti que era minha única chance de vitória [no ano], enquanto, se estivesse lutando por um campeonato contra Max, provavelmente teria dito ‘P2 é o resultado hoje'”, contou.

“Aceito isso. E preciso reduzir a relação custo-benefício de como estou pilotando. No momento da corrida, estou com a cabeça totalmente sintonizada em conquistar outra vitória na F1. Essa é a mentalidade que estou adotando no momento. Para ser honesto, não gosto de pilotar assim, prefiro ser mais consistente, como fui em 2022. Mas depois de seis anos na F1 já não me satisfaz apenas terminar consistentemente no top cinco”, continuou.
“Em 2022, terminei no top cinco mais do que qualquer outro piloto do grid [Russell teve o mesmo número de resultados nos pontos que Verstappen e Sergio Perez, com 20], mas preferiria terminar em sexto em cada corrida e ter duas vitórias do que terminar quinto, quarto, terceiro em cada corrida e não conseguir a vitória. Espero que essa mentalidade possa mudar no próximo ano, se tivermos um carro que possa lutar pelo campeonato”, apontou.
“Fui um pouco duro comigo mesmo [no Canadá]. Quando olhei para a corrida como um todo, todos cometeram erros em determinados momentos. Max saiu da pista na curva 1 e perdeu 3s e saiu novamente na curva 3, quando Logan [Sargeant] bateu, mas o safety-car entrou. Lando também saiu da pista na curva 1”, elencou.
“Cometi meu erro quando estava à frente de Lando, que foi um erro de 10 cm. Na volta anterior, eu estava ao lado da linha branca, e naquela volta eu estava 10 cm além. Um pequeno erro, com consequências um pouco maiores. O maior foi com Piastri, não conseguindo a ultrapassagem na última chicane, onde tocamos levemente. Mas saí pensando que, claro, poderia ter feito diferente, mas se eu tivesse vencido aquela corrida e o Lando não, ele estaria dizendo a mesma coisa. Ou se eu tivesse vencido a corrida e o Max não, ele estaria dizendo, ‘sobre esse erro aqui e aquele ali’.”
“Foi apenas uma daquelas corridas em que você precisava estar lá no final com o pneu certo para conseguir. E acho que realisticamente naquela corrida, sem as entradas do safety-car, Lando teria vencido. Ele acertou a pressão dos pneus. Provavelmente cometi o erro de bombear meus pneus demais no grid, porque estava chovendo e pensávamos que mais chuva viria em 20 minutos. Mas veio em 40. Por isso fomos tão rápidos no início, mas depois caímos como uma pedra”, recordou.
“Acho que Max fez algo semelhante, já que ambos seguimos o ritmo um do outro. Ele também poderia argumentar que foi uma grande oportunidade perdida. Às vezes, é assim que as coisas acontecem.”
Apesar das críticas, o triunfo na Áustria destacou a imprevisibilidade de uma F1 equilibrada. E é fato que chegar à corrida de casa, o GP da Inglaterra, logo após vencer eleva as expectativas dos fãs. Mesmo assim, é difícil imaginar que a Mercedes entrará na disputa pelo 1º lugar em condições normais. Resta contar com a sorte e, o mais importante para Russell no momento: eventos novos erros.
A Fórmula 1 volta de 5 a 7 de julho em Silverstone para o GP da Inglaterra, o último da perna tripla atual. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades da temporada 2024.
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