GUIA 2023: F1 encara ano de afirmação do novo regulamento após 2022 capenga

A verdade é que a revolução no regulamento não teve o maior sucesso do mundo na F1 2022, com um Max Verstappen absolutamente dominante. A Ferrari cresceu, sim, mas se sabotou sozinha várias vezes e deixou a Red Bull nadar de braçadas diante de uma Mercedes bem problemática. Para 2023, a categoria precisa ser mais competitiva

A F1 2023 chega como segundo ano de um regulamento completamente reformulado na categoria. E, por mais que ainda possa parecer cedo, já é uma temporada vital, quase que um vai ou racha. É que, depois de um 2021 histórico, a temporada do ano passado perdeu muita força, viu sumir a disputa pelo título e o nível das corridas também reduziu consideravelmente. Está aí um desafio real.

A grande questão aqui é que a própria categoria colocou as expectativas muito lá no alto. A promessa de um pelotão mais compacto e, principalmente, um festival de ultrapassagens com os carros novos. Isso tudo, convenhamos, não passou nem perto de rolar ainda. Aliás, a F1 falava até em tirar o DRS nos próximos anos e, na verdade, parece cada vez mais distante de acontecer.

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Para sermos justos também, campeonatos com ordem de forças clara já aconteceram outras vezes em mudanças bruscas de regulamento. É que, ao mesmo tempo em que permite que as coisas se embaralhem, regras novas também podem fazer alguns times acertarem em cheio e comandarem as ações desde o dia 1. É um risco, sim, que inclusive foi visto também em 2014, quando a Mercedes passou a nadar de braçadas no grid.

Nico Rosberg x Lewis Hamilton foi o duelo que salvou a F1 da pasmaceira no começo da Era Híbrida (Foto: LAT)

Por isso também que 2023 tem um peso tão grande. Já que falamos da mudança de regras de 2014, 2015 foi fundamental para ver que realmente a Era Híbrida seria amplamente dominada pela Mercedes. Convenhamos: não fosse Nico Rosberg, teria sido um dos momentos mais previsíveis da história da F1. Ninguém quer que isso se repita com outros personagens, não é?

O próprio Max Verstappen, que dominou ano passado, tem falado em entrevistas que quer um campeonato mais competitivo em 2023. Lógico que o holandês pretende empilhar taças, mas, acima de tudo, não gostaria de ver a categoria ganhar contornos de previsibilidade real. Quem somos nós para discordar, não é mesmo?

“Penso que, para o interesse do esporte, você sempre quer que os times estejam próximos uns dos outros”. Tem razão, Max.

Em meio a um ano decisivo para o ainda novo regulamento, em que a F1 precisa desesperadamente de mais competitividade especialmente em suas corridas, já que é bem possível que a Red Bull comande as ações outra vez no campeonato, há também a direção de prova. E aí o buraco parece ainda mais fundo.

Max Verstappen levou a F1 2021 com polêmica na decisão (Foto: Red Bull Content Pool/Getty Images)

É que aqui estamos falando de pessoas tomando decisões e, vamos lá: as decisões estão cada vez piores por aqueles lados. Michael Masi parecia firmado como diretor de provas, preenchendo uma difícil lacuna deixada pelo lendário Charlie Whiting, mas sucumbiu grandiosamente no primeiro desafio real que teve – e que enorme desafio, aliás. A disputa de 2021 simplesmente foi muito grande para Masi, faltou tamanho para o australiano.

O fim de campeonato, colecionando polêmicas, com direito à péssima chamada durante o safety-car da decisão do título em Abu Dhabi que terminou com a vitória de Verstappen foi a gota d’água, simplesmente não dava para seguir com ele. O problema é que quem veio depois foi ainda pior.

É que, se Masi fracassou quando o negócio apertou, a ‘junta’ escolhida por Mohammed Ben Sulayem já nasceu um retumbante fiasco. Simplesmente não havia o menor risco de dar certo, como diria o poeta, a escolha da FIA por enfiar na direção de prova da F1 os homens por trás da aplicação das regras do WEC e do DTM. Eduardo Freitas e Niels Wittich, respectivamente, não tinham condição alguma.

Freitas, português, estava acostumado com corridas caóticas no Mundial de Endurance, mas com funcionamento bastante diferente em relação ao mundo da F1. Já o alemão Wittich teve anúncio ainda mais controverso, já que era o responsável por comandar o DTM na final de 2021, que conseguiu ser mais polêmica que a da F1. Talvez a mais escandalosa do esporte a motor nos últimos tempos, com batidas propositais e tudo.

Niels Wittich segue bastante contestado (Foto: FIA)

O resultado foi uma F1 absolutamente revoltada, pilotos e dirigentes que perderam a vergonha de reclamar e que, em muitos casos, até saudade de Masi sentiram. Simplesmente Lewis Hamilton, maior prejudicado pela inoperância do australiano, chegou a dizer que “não sabia” se queria Michael de volta. Sebastian Vettel, por sua vez, queria, sim.

Limites de pista, punições esquisitas, bandeira preta com disco laranja a torto e a direito, uma série de confusões nos briefings com os pilotos e até um absurdo trator na pista do Japão marcaram um ano grotesco da direção de prova da F1. Wittich foi considerado o menos pior e seguiu, enquanto Freitas foi para a geladeira ainda com o campeonato em andamento, dando fim ao inóspito revezamento de diretores de prova.

O problema é que o futuro não indica muita melhora, não. Primeiro porque Wittich não inspira a menor confiança e, de quebra, ainda vai chefiar um projeto de formação de novos comissários e diretores. Também porque, segundo Ben Sulayem, a ideia do revezamento continua bem vista na FIA, só falta um nome. Dá medo só de pensar.

A F1 entra em 2023 clamando por um crescimento de Ferrari e Mercedes e precisando, para ontem, de regras mais claras e bem executadas. No fim das contas, uma coisa está intimamente ligada à outra, afinal, raramente um grande jogo consegue ser um grande jogo com uma péssima arbitragem.

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