Guia 2023: Alonso vai para última cartada com meta clara: pôr Aston Martin no elevador

Próximo a completar 42 anos, Fernando Alonso chega à Aston Martin motivado em cumprir objetivo de mudar equipe de patamar na Fórmula 1

Já faz 22 anos desde que Fernando Alonso descolou o bilhete premiado para estrear na Fórmula 1 na temporada 2001, defendendo a pequena Minardi, tradicional porta de entrada de jovens pilotos no grid. Agora, perto de completar 42, Fernando viveu mais da metade da vida como uma figura da F1. É impressionante, pois, que chega a um novo ano, o único daqueles tempos de virada de século ainda de pé, motivado e visto como esperança de mudança de patamar de uma equipe de nome poderoso e orçamento grande. Mas é exatamente isso que acontece.

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Alonso fechou com a Aston Martin meio que de surpresa, no ano passado, quando o mundo aguardava uma renovação contratual com a Alpine. Que nada! Assim que Sebastian Vettel resolveu pendurar as luvas, a Aston Martin foi atrás do bicampeão, na surdina, e fechou negócio. Alonso não queria esperar a Alpine para sempre, não queria ser feito esperar, e foi o que aconteceu e o desagradou.

A experiência Vettel na Aston Martin foi amarga. E nem foi por conta do piloto, ainda que o tetracampeão não vivesse a fase técnica que o consagrou como um dos maiores da história, mas porque a equipe mergulhou numa reformulação profunda e gerou dois carros que não nasceram bem, definitivamente. Decidiu sair de cena, mesmo contra a vontade da equipe, quando as coisas prometiam mudar.

Cabe a Alonso pegar a nova fase de uma Aston Martin que tem o primeiro projeto sob o chefe Mike Krack, que assumiu no início do ano passado para ser a grande força motriz do passo à frente. A construção tão falada da fábrica de última geração, ultramoderna, continua a toda. O túnel de vento prometido como revolucionário ainda vai demorar um pouco, mas boa parte das novas instalações estão disponíveis.

Fernando Alonso estreia na Aston Martin em 2023 (Foto: AFP)

“A Aston Martin está dando os passos necessários para vencer em um futuro próximo. A equipe está determinada a se tornar uma candidata ao título, e eu farei tudo que puder para chegar lá”, falou.

Desta maneira, o que a Aston Martin vendeu a Alonso foi ambição. Não quer apenas controlar o pelotão intermediário, algo que parece satisfazer a Alpine, mas pensa em vencer corridas. Quer um novo passo, flechar as nuvens e brigar com os gigantes. Aos 42 anos de idade, Alonso foi cantado por uma organização que prometeu dar a Fernando a chance de ser Alonso. Aquele que não apenas guia bem, mas que pode guiar na frente.

“Essa ambição chama a atenção de qualquer piloto”, opinou. “Você vê todo o investimento, a nova fábrica, os talentos se juntando à equipe, e você quer ser parte disso. E então há o nome, Aston Martin. Ela é — e sempre será — uma marca icônica no automobilismo e na indústria automotiva”, declarou.

O otimismo contrasta com aquele sujeito aborrecido do ano passado, que já não aguentava mais os azares da pista, os problemas de confiabilidade que ceifaram bons pontos e a chance de superar o então companheiro Esteban Ocon e que faziam até espalhar a farofa para cima da direção de prova.

Fernando agora é animado, diz que a Aston Martin não se contenta com pouco e, no melhor estilo Fernando Alonso possível, ainda aproveita para cutucar Alpine e McLaren de uma vez só.

“Todos aqui são humildes. Todos estão com fome de sucesso. Talvez eles não tenham experimentado lutar por vitórias regularmente, campeonatos ou um pódio todo fim de semana, mas eles confiam em si mesmos. Eles têm autoconfiança e sabem que podem conseguir isso, mas eles nunca o fizeram ainda”, apontou.

Fernando Alonso destacou investimento da Aston Martin em busca de se tornar uma equipe de ponta (Foto: Aston Martin)

“Isso é muito diferente em comparação com qualquer outra equipe em que estive nas últimas ocasiões, onde tiveram sucesso no passado e estavam em uma posição confortável. Eles [Aston Martin] estavam apenas em quarto lugar e ficaram felizes. Eles estavam em quinto lugar e ficaram felizes. Se eles fossem os sétimos, seria uma festa”, disse.

O ex-chefe na equipe francesa, Otmar Szafnauer, até retrucou. Bater boca publicamente com Alonso é um dos exercícios mais inúteis da humanidade, mas boa sorte para Szafnauer, que terá de fazer isso sempre a partir de agora.

Os testes de pré-temporada mostraram que o caminho é positivo e o AMR23 promete força. É chover no molhado dizer que os testes da Aston Martin foram muito mais impressionantes que os de Alpine e McLaren, essa de desempenho especialmente miserável, rivais principais no pelotão intermediário. Mas e a Mercedes, foi melhor que a Aston Martin? É claramente questionável.

Ainda há um certo golpe de favorecimento do destino, porque seria cruel chamar de sorte: a lesão de Lance Stroll, que facilita ainda mais o caminho para Alonso abrir o campeonato não apenas como o melhor piloto, mas como o piloto que melhor conhece o carro, independente de ter acabado de chegar. Mesmo que Stroll corra na primeira etapa do ano, o tempo perdido nos testes vai contar quando tiver de se comparar com um nome histórico como aquele que divide a garagem.

O que a Aston Martin espera de Alonso? É fácil dizer: quer que o bicampeão coloque a equipe no elevador, abra a porta e aperte o botão. O andar desejado é o mais alto possível, alguma cobertura de um arranha-céu que corte as nuvens e vença as intempéries climáticas. E Alonso, que tinha se aposentado, que passou dos 40, que não vence uma corrida há dez anos, recebeu uma chance dourada para a última cartada nas pistas da Fórmula 1.

PÉREZ 1º, HAMILTON 2º, DRUGOVICH 10º, DIA 3 DOS TESTES DA F1 | Briefing
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