GUIA 2023: Piastri, Sargeant e De Vries ganham chance de provar talento visto na F2
A temporada 2023 da Fórmula 1 terá três novatos dispostos a provar o mérito pela vaga: Piastri, Sargeant e De Vries. Mais do que isso, porém, eles já começam o ano com uma meta óbvia, ainda que implícita: garantir a renovação para 2024, porque a fila só cresce
O ano de 2023 verá a escrita de ao menos um piloto da base no ano vigente ser promovido para a Fórmula 1 na temporada seguinte ser mantida, graças à estreia de Logan Sargeant na Williams. Além do americano, no entanto, outros dois pilotos também terão a chance de provar na prática que já deveriam estar no grid há muito tempo: Nyck de Vries e Oscar Piastri.
Mas vamos a Sargeant primeiro. Aos 22 anos, o piloto foi um dos destaques da última temporada da Fórmula 2, fechando o ano como o melhor novato do grupo. Quarto colocado, obteve os pontos necessários para garantir não só a superlicença, como também o passaporte definitivo para a elite do automobilismo mundial.
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A escolha da Williams, aliás, chamou atenção na ocasião porque Logan foi anunciado quando ainda não possuía o passe exigido pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo), mas o time de Grove optou por não criar falsas ilusões nos demais candidatos.

E o que Logan tem de tão especial para merecer essa chance? Em sua trajetória nas categorias que integram a escada do chamado ‘Road to F1’, Sargeant não possui nenhum título: foi terceiro colocado na F4 britânica, em 2017, e terceiro também na temporada 2020 da Fórmula 3 — coincidentemente, no ano em que Piastri foi campeão.
O americano, no entanto, entrou no radar para valer quando passou a integrar a Academia de Pilotos da Williams, ao final de 2021. Ainda no mesmo ano, esteve na rodada de Jedá da F2, o estágio final na exigente ‘peneira’ do automobilismo.
A presença efetiva veio no ano seguinte: contrato com a Carlin, e Sargeant conquistou duas vitórias em corridas principais, na Inglaterra e na Áustria. Foi após a rodada do Red Bull Ring, aliás, que Logan deu um pequeno susto em Théo Pourchaire, ao assumir a vice-liderança. Naquele momento, ainda faltavam seis etapas para o fim do campeonato, e o americano surgiu como uma potencial ameaça ao líder Felipe Drugovich.
Não se concretizou, claro, mas foi o suficiente para deixar a Williams com uma opção certa para a vaga de Nicholas Latifi. Mais, até: ver um americano se destacando certamente encheu os olhos da F1, que não esconde o objetivo de expandir a popularidade do esporte cada vez mais. Acabou sendo, parafraseando, como aquele famoso ditado: unir o útil ao agradável.
Agora, os outros dois, Piastri e De Vries: o primeiro varreu em sequência Fórmula Renault, F3 e F2, até que foi o centro de uma das maiores polêmicas da F1 recente. À espera de uma definição sobre o futuro de Fernando Alonso na Alpine, o jovem australiano se viu frente a uma possibilidade que o assustou: a de, após três títulos seguidos, ficar mais um ano parado.
Piastri era até então o menino dos olhos da equipe francesa, só que o medo de não ter novamente onde competir o levou a buscar um plano B, e ele se chamou McLaren. Um acordo legítimo que surpreendeu a todos, mas ainda que tenha sido acusado de deslealdade, Oscar fez a coisa certa, tal como Mark Webber falou: um piloto precisa correr.
O caso de De Vries foi o mais fora da curva de todos. Campeão da F2 em 2019, ficou sem vaga na F1 para o ano seguinte e decidiu seguir uma via alternativa que lhe rendeu mais um título: a Fórmula E.

Só que o holandês viu a sorte lhe sorrir e, chamado às pressas para substituir Alexander Albon no GP da Itália, teve a façanha de alinhar em oitavo e cruzar a linha de chegada em nono com a Williams. Foi celebrado como um herói ao final da corrida. E tal como um conto de fadas, ganhou a vaga que se abriu na AlphaTauri com a saída de Pierre Gasly.
Sargeant, Piastri e De Vries possuem trajetórias que justificam a vaga no grid da nova temporada da F1. No caso tanto do australiano quanto do holandês, é justiça frente a um sistema que ainda não sabe muito bem como tratar o campeão da F2, uma vez que ele não pode mais correr por lá.
Só que, verdade seja dita: nenhum terá vida fácil pela frente. A Williams voltou a amargar a lanterna do Mundial de Construtores no ano passado; AlphaTauri, se não teve o pior carro em 2022, foi a pior equipe em termos de gerenciamento de corrida; e a McLaren, de onde poderia se esperar o melhor resultado, vai começar a temporada com um pepino nas mãos, uma vez que o novo carro só trouxe problemas na pré-temporada.
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A julgar pelo que se viu nos testes coletivos no Bahrein, poucas surpresas devem aparecer. Isso significa que Sargeant e De Vries ficarão limitados pelos equipamentos que terão, reféns de estratégias mirabolantes ou infortúnios dos rivais para marcar pontos. E se o que se viu em Sakhir realmente se confirmar, podem ter — pasmem — a companhia do terceiro novato da lista na briga pela vaga no Q2.
Problemas à parte, porém, são três pilotos que não devem nada frente a nomes que já passaram pela F1. Portanto, a meta de cada um neste primeiro ano será óbvia, ainda que implícita: garantir a renovação para 2024. Porque a fila só cresce.
A largada do GP do Bahrein está marcada para 12h (de Brasília). E a partir desta segunda-feira (27), o GRANDE PRÊMIO traz um guia completo para entender tudo que está em jogo na temporada 2023 da Fórmula 1.

