Hamilton critica Grosjean por indiferença em protesto na Hungria. E sobra até para F1

Vitória na pista, reclamações fora dela. Lewis Hamilton não deixou barato o fato da Fórmula 1 apressar o protesto pré-GP da Hungria. Criticou a categoria e Romain Grosjean, presidente da Associação de Pilotos

Igualar o recorde de vitórias do mesmo evento – oito – não foi só o que fez Lewis Hamilton no GP da Hungria deste domingo (19). O hexacampeão, sim venceu a corrida e assumiu a liderança do Mundial de Fórmula 1, mas também fez questão de criticar a postura da categoria e, nominalmente, de Romain Grosjean com relação à manifestação antirracista realizada antes da largada.

Desde a abertura do campeonato, na Áustria, Hamilton lidera um movimento de ajoelhar durante a cerimônia pré-corrida. Trata-se, claro, de uma manifestação que voltou a ganhar força nos últimos meses após a eclosão dos protestos contra o racismo que seguiram o brutal assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos.

De acordo com Hamilton, a Fórmula 1 preparou o palco para a manifestação na primeira etapa do campeonato, na Áustria, mas nas duas corridas desde então fez pouquíssimo e não organizou as cerimônias de maneira satisfatória. E, questionado se o movimento perdeu força entre os pilotos, apontou a crítica diretamente para Grosjean, que é um dos diretores da Associação de Pilotos.

Hamilton celebra vitória na Hungria, a oitava da carreira no circuito magiar (Foto: AFP)

É importante contextualizar: em Hungaroring, os pilotos tiveram de correr dos carros ao local indicado para que ajoelhassem por alguns instantes, porque a cerimônia foi apressada pela Fórmula 1.

“[Grosjean] Não acha que é importante fazer – é um dos que acredita que ajoelhamos uma vez e já é necessário. Tentei conversar com ele sobre qual é o problema e que é uma coisa que não vai embora. Temos de continuar lutando por igualdade”, disse.

“Acredito que dessa vez ele não falou nada no briefing dos pilotos, Sebastian [Vettel] também não. Sebastian e eu trocamos mensagens e ele destacou, assim como eu, a importância de continuar a fazer”, contou.

“Precisamos dialogar com a F1, eles precisam fazer um trabalho melhor. Foi uma correria: sair do carro, disparar até lá [onde a cerimônia acontecia], ajoelhar… Precisam fazer mais que isso. Não sei o motivo de terem feito isso somente na primeira corrida. Depois, não fizeram mais. Vieram a público dizer que lutaram pela diversidade e contra o racismo, mas não estão nos dando uma plataforma para continuar a fazer isso. Foi tudo apressado”, lamentou.

Hamilton se ajoelha em protesto rápido da F1 antes da largada na Hungria. Inglês reclamou da indiferença (Foto: AFP)

Lewis ainda espera que todos os 20 pilotos ajoelhem juntos em algum momento até o fim da temporada.

“Com os outros pilotos, não há muito que eu possa fazer. Gastei muita energia na Áustria para tentar convencer alguns deles, mas é uma batalha. O importante é olhar para os que estão fazendo. A compreensão é fantástica. Meu sonho é que um dia os outros vão mudar de opinião. Se chegarmos à última corrida e estivermos todos ajoelhados e mostrando união, será lindo”, finalizou.

No Instagram, o hexacampeão mundial publicou uma nota comentando sobre o gesto e a necessidade da FIA e da Fórmula 1 aumentarem os esforços pela diversidade.

Hamilton se ajoelha em mais uma manifestação antirracista na F1 (Foto: AFP)

“Hoje, eu corri por todos que estão se esforçando para realizar uma mudança positiva e lutar contra desigualdade. Infelizmente, como esporte, precisamos fazer muito mais. É vergonhoso que muitas equipes não se comprometeram a diversidade ou que não encontramos tempo para fazer um gesto simbólico em apoio ao fim do racismo antes da corrida”, comentou.

“Senti pressa, falta e organização e esforço, o que dilui a mensagem e faz parecer que existe algo mais importante. Não importa se você está de pé ou ajoelhado, mas devemos mostrar ao mundo que a Fórmula 1 é unida em seu comprometimento de igualdade e inclusão. F1 e FIA precisam fazer mais. Não existe conserto rápido para a desigualdade racial, mas é certamente algo que não podemos apenas reconhecer uma vez e seguir em frente. Temos que manter o foco, continuar destacando o problema e responsabilizar aqueles com o poder”, completou.

A F1 volta em duas semanas, em Silverstone, com o GP da Inglaterra. Hamilton, depois da vitória na Hungria, alcançou a liderança do Mundial de Pilotos.

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