Hamilton e tática certeira colocam Mercedes no rumo da vitória. Desastrada, Ferrari vira própria inimiga

Além de contar com um Lewis Hamilton em estado puro de velocidade, a Mercedes ainda se garante com carro excelente e estratégia afinada. Já a Ferrari vive um dia desastroso e se complica em decisões equivocadas. Resultado: a chance de um embate entre os dois tetracampeões é cada vez menos provável

Que Lewis Hamilton faria a pole-position do GP do Japão não havia qualquer dúvida. A questão era entender a diferença para seus rivais mais próximos, uma vez que ficou a impressão de que a Ferrari poderia fazer mais do que apresentou na sexta-feira de treinos livres, que tomou 0s8 do inglês. Nem isso precisou. O excelente Hamilton usou tudo que o igualmente excelente carro da Mercedes tem para dar. Equilibrado e rápido, o #44 soube driblar as adversidades do tempo em Suzuka, neste sábado (6), para cravar mais uma pole na carreira – a 80ª, para ser preciso. A verdade é que nem a chuva ou as condições mistas do traiçoeiro circuito japonês parariam Lewis hoje.

 
O britânico dominou os treinos livres e somente na segunda fase da classificação é que se permitiu ficar atrás do companheiro Valtteri Bottas. Quando foi para valer mesmo, o tetracampeão se impôs e não cometeu erros. É claro que a pilotagem soberba conta também com um carro bem acertado e uma equipe afinada. No momento crucial da definição do grid, a Mercedes tomou a decisão certa. Apesar da chuva fina que atingiu a pista no fim do Q2, o time alemão mandou seus dois pilotos com os slicks. E Lewis tratou de confirmar a pole.
Lewis Hamilton (Foto: AFP)

Hamilton procurou uma volta limpa e sem erros para conseguir 1min27s760. O companheiro Bottas ficou a 0s299. Ambos ainda tentaram uma segunda tentativa de giro cronometrado, mas aí a intempérie impediu qualquer tentativa. Mas a primeira fila já estava garantida e, mais do que isso, a estratégia para a corrida. Mesmo tendo um aproveitamento mais competitivo com os supermacios, a equipe prata decidiu pela segurança. Os dois pilotos vão largar de pneus macios – os mesmos com os quais tomaram parte no Q2 e foram mais velozes que a concorrência.

De fato, o ritmo de corrida dos carros prateados com os compostos amarelos é muito forte, como demonstrado nos treinos livres. A segunda parte da prova será feito com os calçados médios, pneus que a Mercedes conhece bem e tem boa performance. Então, se a previsão se confirmar e a corrida acontecer com pista seca, Hamilton terá nas mãos uma chance de ouro para ter uma nova vitória e se aproximar ainda mais do pentacampeonato.

 
"A chamada para sair para o Q3 provavelmente foi a mais difícil. A equipe estava de olho nisso e nos deu a oportunidade de conquistar essa pole-position", comemorou o dono do carro #44.
 
"É muito difícil quando a pressão está em fazer a coisa certa, mas essa tem sido a grande diferença para nós neste ano. E é por isso que somos os melhores, e a equipe merece", destacou o tetracampeão.

A mudança no clima, e a chuva que deu as caras no fim do Q2 levaram a Ferrari a sair dos boxes com pneus intermediários na sequência. Em contrapartida, a Mercedes optou por mandar seus pilotos à pista com os supermacios. O asfalto se mostrava mais favorável aos pneus de pista seca, tanto que Vettel avisou, via rádio, que estava a caminho dos boxes para colocar os slicks para tentar a pole. Outro erro evidente da escuderia italiana em termos de estratégia.

Ainda que Hamilton venha se apresentado quase imbatível em Suzuka desde sexta-feira, a vida dele acabou sendo um pouquinho mais facilitada por essas ações da Ferrari. A equipe italiana não vive seus melhores dias, é fato. Algo aconteceu nesta segunda fase de temporada. Mas é certo dizer que Sebastian Vettel conseguiu se aproximar um pouco neste sábado. A diferença caiu para em torno de 0s2 a 0s4, o que é reconfortante diante dos 0s8 de ontem. Além de ficar mais perto, os homens de Maranello também decidiram apostar nos pneus supermacios para o início da corrida. Decisão arriscada, mas que poderia dar certo se os carros vermelhos estivessem na segunda fila. Não foi caso. 
 
A escuderia acabou por atrapalhar a si mesma ao permitir que Vettel e Kimi Räikkönen saíssem com pneus intermediários no início do Q3, quando a pista ainda oferecia condições para os slicks. O resultado foi desastroso, porque: 1) os dois pilotos perderam tempo ao voltar para os boxes para trocar os compostos; 2) quando retornaram à pista, o tempo fechou de vez, e a chuva engrossou e 3) toda a tensão causada pelo equívoco com os pneus também afetou os pilotos, que erraram em suas voltas. Quer dizer, juntando tudo isso, Vettel vai largar apenas em oitavo – seria nono, não fosse a punição de Esteban Ocon
 
Agora há um novo cenário e um em que a Mercedes nem entra mais no enquadramento. A Ferrari terá de lidar com uma honesta Red Bull de Max Verstappen, trabalhada nos supermacios, e com um ótimo Romain Grosjean, que sai da quinta colocação, também de macios como os prateados, além dos dois surpreendentes carros da Toro Rosso. 
A Ferrari usou pneus intermediários no início do Q3 em Suzuka (Foto: Reprodução)
Por isso, não foi surpresa a explosão do chefe Maurizio Arrivabene: "Do jeito que as coisas andaram, não acho que a pole-position estava ao nosso alcance. Mesmo assim, o que aconteceu hoje foi inaceitável”, disse o dirigente. “Estou muito irritado, e não é a primeira vez que esses erros acontecem. Não quero apontar o dedo para alguém, mas estou muito desapontado."
 
Ainda que Vettel evite apontar culpados, a confusão vem de novo na pior hora, em que a Ferrari vê a rival Mercedes crescer com atuações quase perfeitas de Hamilton. Como se diz por aí, sentiu…

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