Norris sofre golpe mais duro da carreira em São Paulo. E até 2025 já fica em xeque
Lando Norris viveu uma montanha-russa na temporada 2024 da F1, mas talvez tenha passado pelo momento mais baixo no fim de semana do GP de São Paulo. Com a faca e o queijo na mão para incendiar a briga pelo título, o inglês refugou de novo e ainda viu Max Verstappen em estado de graça. Um golpe que talvez não seja superado tão rapidamente
Lando Norris é um dos personagens mais cheios de camadas da temporada 2024 da F1. Ao mesmo tempo em que, pela primeira vez, realmente atingiu o protagonismo na categoria, não foi capaz de sustentar o status e refugou em uma série de oportunidades. Quando mais parecia que poderia brigar efetivamente pelo título, fracassou. E o capítulo escrito no GP de São Paulo foi o mais pesado deles.
Atual vice-líder do campeonato, o inglês está muito perto de fechar o ano de maior sucesso da carreira até aqui na F1, mas que não deve ser suficiente para representar glórias. Longe disso. É que, mesmo com as três primeiras vitórias, sete poles e mais 12 pódios, Lando nunca foi, para valer, um rival de Max Verstappen na briga pelo título. E isso é o que mais fica de decepcionante.
Porque ganhar ou perder é parte do jogo, mas perder sem disputar deixa tudo mais complicado. E piora consideravelmente quando entra na balança o fato de que Norris tem o melhor carro do grid desde a sexta etapa de uma temporada com 24 provas. Era tempo mais do que suficiente para ser campeão, convenhamos.
O que se viu, porém, foi um recital de Verstappen, que tem chances reais de fechar a conta e levantar o tetracampeonato já no GP de Las Vegas, duas corridas antes da final, em Abu Dhabi. Em meio a uma crise interna de cinema da Red Bull e uma decadência técnica gritante do time austríaco, o neerlandês encaixou quatro vitórias do GP de Miami para cá, ou seja, quando Norris passou a ter o equipamento dominante. Venceu mais que o rival, pois.

Ou seja, Lando não apenas perdeu a chance de atropelar Max, mas também nem conseguiu reduzir a desvantagem. A distância entre os dois antes de Miami, para se ter uma ideia, era de 52 pontos. E está em 62 hoje, mesmo com a vantagem de potencial toda do lado laranja.
É repetitivo falar das chances perdidas por Norris em 2024 e da atitude do inglês, muitas vezes excessivamente passiva diante de momentos tão decisivos. O próprio Lando admite isso quando fala reiteradas vezes sobre a falta de agressividade em alguns lances capitais. Admite o ano inteiro, aliás, mas pouco fez para realmente mudar isso.
Some a isso uma incapacidade completa de largar que realmente precisa ser trabalhada de maneira cuidadosa. Para se ter uma ideia, das sete poles que teve em 2024, Norris só abriu a segunda volta na frente em uma delas. É uma estatística absolutamente medonha, talvez a pior de todas aqui. E passividade, largadas ruins e chances perdidas foram a tônica do GP de São Paulo, uma corrida que pode ter mudado para sempre o destino do piloto da McLaren.
Em um ano que se mostra tão traumático para Norris, Interlagos caprichou. Era a chance perfeita, com Max punido e ainda caindo no Q2 da classificação. O inglês era pole, o grid estava cheio de carros lentos no grupo da frente, era a oportunidade de ouro. Para se ter uma ideia, quando as luzes se apagaram, a diferença entre os dois no campeonato caía para 19 pontos. Com mais carro e três etapas para o final e ainda uma sprint, Lando via ali uma chance real de não apenas encostar no rival, mas de virar completamente o momento da disputa.

Isso durou alguns metros, não mais que isso. Na primeira volta, Verstappen já se metia na zona de pontos depois de um dos inícios de corrida mais impressionantes de todos os tempos, enquanto Norris perdia a ponta. Depois teve erro de estratégia puxado pelo próprio piloto, relargadas tenebrosas, falta de ação. Quando viu, estava atrás de Piastri e precisou de novo que o companheiro abrisse passagem. E Max já liderava com léguas de vantagem para as surpreendentes Alpine.
Foi uma derrota acachapante diante de tudo que aconteceu. A sequência de polêmicas, as falas finalmente mais duras contra o rival, a postura que parecia nova, tudo isso se acabou diante do cronômetro, do resultado. No fim, Verstappen encerrava um longo jejum de vitórias e cravava um punhal no peito de Norris, basicamente aniquilando o campeonato no temporal paulistano.
Fica difícil projetar tão longe e ninguém aqui é vidente, mas é um fato que Norris, que ainda tem só 25 anos, hoje aparenta estar quebrado. 2024 foi só a primeira chance — imensa, diga-se — de título da carreira, mas a forma como a derrota se desenha pode ter efeitos sérios. Sabe aquele ditado do cavalo selado que não passa duas vezes? Ele pode mesmo não passar.
A tendência para 2025 é que a McLaren siga muito forte, mas também que Oscar Piastri se sinta mais à vontade e desafie Norris internamente. Há ainda a Ferrari, que tecnicamente evoluiu a ponto de desafiar os laranjas para valer depois das férias. A Mercedes é incógnita, bem como a Red Bull, mas os austríacos têm Verstappen, que fez tanto com pouco em 2024. E que naturalmente parte favorito mesmo que não tenha o melhor carro.

A Norris resta lamber as feridas com pressa, sem olhar muito para trás. O inglês é talentoso, rápido, mas ainda não provou que tem o sangue de um campeão. Precisa fazer isso logo, ou 2025 fica comprometido desde já.
A Fórmula 1 agora volta às pistas para o GP de Las Vegas, nos Estados Unidos, entre os dias 21 e 24 de novembro. Depois, realiza corridas no Catar, com a última sprint do ano, e Abu Dhabi.
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