Hamilton felicita Brasil por trabalho “incrível” após condenação de Piquet por racismo

Aos jornalistas em Melbourne, Lewis Hamilton disse as autoridades brasileiras fizeram um ótimo trabalho mostrando que racismo e homofobia não são tolerados na sociedade

A sentença aplicada a Nelson Piquet pelas declarações racistas e homofóbicas contra Lewis Hamilton foi celebrada pelo heptacampeão. Durante a coletiva de imprensa desta quinta-feira (30), em Melbourne, o piloto da Mercedes elogiou a forma como as autoridades no Brasil conduziram o caso.

Piquet foi condenado a pagar R$ 5 milhões em indenização em decisão publicada pela 20ª Vara Cível de Brasília. Em entrevista veiculada no canal Motorsport Talks em 3 de novembro de 2021, o tricampeão da F1 referiu-se a Lewis como ‘o neguinho’ de forma pejorativa ao comparar a manobra do inglês no GP da Inglaterra do mesmo ano com uma de Ayrton Senna.

O conteúdo, no entanto, só veio à tona no ano passado e viralizou nas redes sociais. Posteriormente, o GRANDE PRÊMIO teve acesso à entrevista na íntegra e publicou outro trecho que mostrava Piquet falando sobre Lewis de maneira homofóbica.

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Nelson Piquet referiu-se a Hamilton de forma racista e foi condenado por isso (Foto: Red Bull Content Pool/Getty Images)

“Acho que comentei o caso quando aconteceu”, disse Hamilton ao ser indagado pelos jornalistas na Austrália. “Penso e ainda acredito que não deveríamos dar palco às pessoas que estão cheias de ódio”, salientou.

“Gostaria de reconhecer as autoridades do Brasil, acho incrível o que eles fizeram ao responsabilizar alguém, mostrando às pessoas que isso não é tolerado. Racismo e homofobia são inaceitáveis, e não há lugar para isso dentro da nossa sociedade. Então adoro que eles mostraram que se elegeram para algo”, ressaltou Hamilton, acrescentando que a atitude do Brasil deveria servir de exemplo.

“Gostaria que mais governos fizessem isso, ao contrário do que vimos em Uganda [que aprovou um projeto de lei para impor pena de morte para homossexualidade]. Obviamente, há outros 30 países na África e no Oriente Médio [com leis contra a homossexualidade]. Há muito o que se aprender a partir disso”, concluiu Hamilton.

Em julho de 2022, o MP-DF recebeu uma denúncia feita pela bancada do PSOL na Câmara dos Deputados por conta da declaração racista. As entidades Francisco de Assis: Educação, Cidadania, Inclusão e Direitos Humanos; o Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo; a Aliança Nacional LGBTI; e a Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas (Abrafh) também entraram com ação.

No dia 7 de março, o Ministério Público do Distrito Federal apresentou o parecer à Justiça pela condenação de Nelson Piquet, que seria obrigado a pagar uma indenização de R$ 10 milhões. Na visão do MP, a atitude do tricampeão mundial “traduz claramente a sua concepção do profissional de cor negra, incapaz de ser bem-sucedido em razão de sua competência, fazendo-se necessária a utilização de outros meios, tais como a subjugação, a humilhação e a inferiorização diante de pessoas brancas que seguem os padrões heteronormativos”.

O juiz Pedro Matos de Arruda, então, levou em consideração o tamanho do ex-piloto para a categoria automobilística. A decisão saiu na última sexta-feira (24). A indenização, apesar de ter sido reduzida em 50% na decisão final, será destinada a fundos de promoção da igualdade racial e contra a discriminação da comunidade LGBTQIA+. O cálculo do valor levou em consideração uma doação de Piquet para a campanha de reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro, no pleito de 2022, no valor de R$ 501 mil.

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