Binotto chega a acordo e deixa Ferrari após quatro temporadas como chefe de equipe

Agora é oficial: após uma gestão de muitos altos e baixos, Mattia Binotto chegou a um acordo com a Ferrari e deixa o comando do time de Maranello. Ele estava na equipe desde 1995

A relação entre Mattia Binotto e Ferrari chegou ao fim. Depois de uma temporada conturbada e um título perdido muito antes do tempo principalmente por conta dos inúmeros erros de estratégia, o time de Maranello anunciou nesta terça-feira (29) que o italiano não seguirá mais como chefe de equipe na temporada 2023 da Fórmula 1.

A notícia da saída de Binotto já era dada como certa pela mídia italiana desde a última semana. O primeiro jornal a cravar a demissão do dirigente foi o tradicional La Gazzetta dello Sport, apontando, inclusive, o nome do substituto: Frédéric Vasseur, atualmente no comando de outra marca italiana na F1, a Alfa Romeo.

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O Corriere della Sera, outro veículo ítalo de grande circulação, noticiou pela manhã de sexta-feira (25) que era questão de tempo até a Ferrari oficializar o fim da parceria, já que os dois lados estavam apenas negociando os termos da rescisão para o anúncio definitivo, uma vez que o contrato do dirigente termina apenas no final do ano que vem.

Segundo a publicação, a decisão teria partido do próprio Binotto, diante da falta de confiança do presidente da Ferrari, John Elkann, em seu trabalho. Ainda de acordo com o Corriere, Binotto teria confidenciado a amigos próximos durante o fim de semana em Abu Dhabi que estava cansado demais para continuar trabalhando em meio a tantas críticas dentro da base em Maranello.

Mattia Binotto teve uma gestão de altos e baixos na Ferrari (Foto: Scuderia Ferrari)

“Com o pesar que isso acarreta, decidi concluir minha colaboração com a Ferrari”, começou Binotto, no comunicado oficial emitido pela escuderia. “Saio de uma empresa que amo, da qual faço parte há 28 anos, com a serenidade que advém da convicção de que fiz todos os esforços para atingir os objetivos traçados.”

O futuro ex-chefe diz ainda que deixa uma equipe “unida e em crescimento, uma equipe forte, pronta para alcançar os objetivos mais elevados, para a qual desejo as maiores felicidades no futuro”. “Penso que é certo dar este passo neste momento tão difícil quanto foi, para mim, esta decisão. Gostaria de agradecer a todas as pessoas da Gestione Sportiva que dividiram comigo este percurso, feito de dificuldades, mas também de muita satisfação”, encerrou.

O CEO da Ferrari, Benedetto Vigna, agradeceu Mattia “por suas grandes contribuições ao longo de 28 anos com a Ferrari e, particularmente, por levar a equipe de volta a uma posição de competitividade”. “Como resultado, estamos em uma posição forte para renovar nosso desafio, acima de tudo por nossos incríveis fãs ao redor do mundo, de ser campeão da Fórmula 1. Todos aqui na Scuderia e na comunidade mais ampla da Ferrari desejam a Mattia tudo de bom para o futuro.”

Binotto trabalhou na Ferrari por 28 anos. O primeiro contato foi em 1995, ainda como estagiário, e ele se destacou como engenheiro, sendo chefe de motor em 2009, após um período como engenheiro-chefe. O cargo de diretor-técnico veio alguns anos depois, em 2016, substituindo James Allison. Em janeiro de 2019, o time italiano anunciou Binotto como substituto de Maurizio Arrivabene como chefe de equipe.

A gestão de Mattia, porém, foi de muitos altos e baixos. Foi sob seu comando que a Ferrari voltou a figurar no pelotão da frente após dois anos complicados, mas foi também com Binotto que o escândalo técnico de 2019 aconteceu. Naquela temporada, a unidade de potência da Ferrari parecia imbatível, sobretudo em velocidade de reta, mas logo as principais rivais, Red Bull e Mercedes, levantaram suspeitas de que havia algo errado.

A FIA (Federação Internacional de Automobilismo), então, determinou o sistema da escuderia italiana, que pulsava sinais elétricos que interferiam no fluxômetro, como ilegal — sob a justificativa de que a vantagem obtida não estava de acordo com o regulamento técnico.

Nos bastidores, órgão regulador e escuderia italiana firmaram uma espécie de acordo secreto. Mas sem o ‘temperinho’, a pimenta no motor, a Ferrari enfrentou fortes repercussões técnicas em 2020 e 2021.

Este ano, com a F1-75, a Ferrari se viu novamente em condições de brigar por um título, e o domínio nas primeiras corridas do ano davam sinais de que os italianos seriam a equipe a ser batida. Mas os problemas de confiabilidade somados aos erros de estratégia — alguns inexplicáveis, como os pneus duros de Charles Leclerc na Hungria e os compostos intermediários no Q3 em Interlagos — começaram a ruir ainda mais a imagem já desgastada de Binotto como chefe de equipe.

Houve também outro fator: o descontentamento de Leclerc com o chefe. O jornal francês L’Équipe noticiou na última semana que o relacionamento entre os dois tornou-se conflitante desde o GP da Inglaterra deste ano, quando o monegasco deixou de vencer após uma má escolha estratégica do time, com Leclerc ficando até fora pódio. Já a revista francesa AutoHebdo apontou que as recentes ausências de Binotto no paddock já seriam indícios de sua saída.

Binotto deixará a Ferrari oficialmente em 31 de dezembro. O time italiano encerrou o comunicado dizendo que a conclusão do processo para a escolha do novo chefe de equipe é esperada para o próximo ano.

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