Verstappen se aproveita de comédia pastelão da Ferrari e vence GP da Hungria de F1

Charles Leclerc tinha tudo para se recuperar do erro da França, mas a Ferrari disse 'obrigado, mas não, obrigado' e entregou o GP da Hungria nas mãos de Max Verstappen

TUDO SOBRE O GP DA HUNGRIA DA FÓRMULA 1 2022 | Briefing

O GP da Hungria é uma daquelas etapas do calendário da Fórmula 1 que dificilmente decepciona. Neste domingo (31), não foi diferente. Numa boa corrida, cheia de nuances de clima, estratégia e na pista, Charles Leclerc tinha liderança e controle da corrida e parecia destinado a se recuperar do desastre da França, uma semana antes, para ir para as férias com alguma paz. Mas, aí, aconteceu o que geralmente se passa quando a Ferrari tem o controle de uma corrida: encontra engenhosas formas de demolir as próprias chances. Com uma comédia de erros na segunda metade da prova, deu a prova de bandeja para um Max Verstappen que cada vez mais desfila rumo a um tranquilo bicampeonato mundial.

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Leclerc fazia uma corrida muito forte. Tomou a posição do companheiro Carlos Sainz com um undercut, mas sempre teve melhor rendimento, O ataque a George Russell só aconteceu com quase 30 voltas e foi somente na 31ª que conseguiu, de fato, ultrapassar. Aí, parecia imparável até a Ferrari pará-lo. Com o carro vermelho sofrendo para aquecer pneus, a equipe decidiu pôr pneus duros em Leclerc na pista fria. A partir daí, o carro parecia andar no gelo. Verstappen passou, Russell passou e tiveram de fazer um pit-stop extra.

Verstappen chegou até a rodar após passar o ferrarista e perder a posição, mas estava tão fácil que passou de novo. Apesar de largar no décimo lugar, engoliu quem vinha pela frente e se aproveitou da comédia pastelão que envergonharia Curly, Larry e Moe.

De ter a corrida nas mãos para uma dobradinha, a Ferrari sequer foi ao pódio. Mais que isso, novamente a Mercedes colocou os dois pilotos no top-3: Lewis Hamilton ultrapassou Russell no fim e ficou com o segundo lugar. Após todas as dificuldades no começo do ano, a Mercedes conquistou uma pole e quatro pódios nas duas últimas corridas.

Sainz foi batido por Lewis para cair ao quarto posto, ao passo que Sergio Pérez saiu de 11º para quinto. Leclerc, com um pit-stop extra no fim, terminou num inacreditável sexto lugar. Lando Norris, Fernando Alonso, Esteban Ocon e Sebastian Vettel, que passou o companheiro Lance Stroll bem no fim, completaram a zona de pontos de uma corrida de clima razoavelmente frio e com ventania desconcertante para os pilotos.

A Fórmula 1 agora encerra as atividades para as férias de verão. Somente daqui a quatro semanas, entre os dias 26 e 28 de agosto, em Spa-Francorchamps, com o GP da Bélgica.

Max Verstappen venceu a oitava do ano (Foto: Red Bull Content Pool)

Confira como foi o GP da Hungria de Fórmula 1:

O dia era cheio de incertezas para Hungaroring, sobretudo no que dizia respeito à possibilidade de chuva. 5% ou 40% de chances? Era como variava entre os serviços meteorológicos Accuweather e o da FIA. O que se sabia com certeza era que a temperatura estava em 18°C e com asfalto quase frio, em 26°C, o que tornaria mais duro aquecer pneus. Além disso, os ventos passavam de 40 km/h e causavam diversas travadas de pneus para os pilotos não saírem da pista ainda indo do pit-lane para o grid antes da largada.

George Russell era o pole e apostava nos pneus macios, assim como Lando Norris, Daniel Ricciardo e Max Verstappen no top-10 – e Sergio Pérez, em 11º. De resto, Carlos Sainz, Charles Leclerc, Esteban Ocon, Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Valtteri Bottas optavam pelos médios. Era hora de largar.

Na volta de apresentação os dois carros da Red Bull apareceram bem lentos, mas nenhum problema: era somente estratégia para esquentar os pneus. Na largada, Sainz foi para cima de Russell, mas não passou. A primeira grande vitória do inglês no dia era esse: contornar as primeiras curvas como líder da corrida. Sainz, Leclerc e Norris se mantiveram nas posições de largada, enquanto Hamilton partiu muito bem e tirou as duas Alpine da frente. Alonso ainda passou Ocon para se manter na posição em que largou. Verstappen também saiu bem e já tirou Bottas e Ricciardo da frente, trazendo Pérez a tiracolo.

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Paddockast #158: O que a Ferrari pode aprender com os erros e acertos do passado?

Teve colisão. Apesar de leve toque entre Alexander Albon e Lance Stroll ainda na curva dois, um pedaço da asa dianteira da Williams ficou pela pista e entortou o endplate. O tailandês teve de ir aos boxes para trocar, mas a situação forçou uma intervenção do VSC.

A relargada não demorou mais que duas voltas. Novamente, Russell saiu bem e evitou o ataque para segurar a liderança. Pérez usava o o rádio para avisar que estava escutando “um som estranho” no motor, mas em seguida foi avisado de que estava tudo bem.

Verstappen seguia se recuperando. Com uma escapada de Alonso, assumia a sexta posição – Ocon já ficara para trás. O segundo pit-stop da corrida também aparecia: Kevin Magnussen, também com uma quebra na asa dianteira. A Haas colocou pneus duros no carro do dinamarquês, mas só fez a parada após receber bandeira laranja e preta, que obriga a execução de um pit-stop por motivos de segurança.

Charles Leclerc vive as desventuras da Ferrari (Foto: Ferrari)

Russell abria 2s na liderança e recebia o aviso de que a Mercedes não esperava chuva nos 30 minutos seguintes. Hamilton tentava se aproximar de Norris, mas tinha dificuldades. Assim, a Mercedes avisava que os pneus dianteiros de quem tinha largado de macios, como Norris, começava a se deteriorar.

Demorou 12 voltas para Hamilton mergulhar e passar Norris para assumir a quarta colocação – e só veio quando Verstappen ficou em distância de DRS para atacar ambos. Uma curva depois, Verstappen também mergulhou e passou o inglês, que começava a sofrer muito com o desgaste de pneus. Pérez, que passara por Ocon, faria o mesmo no começo da volta seguinte. A McLaren chamou o piloto para colocar pneus médios.

O ritmo de Hamilton era muito bom. Apesar de Verstappen ter se aproximado, Lewis escapou quando encontrou ar limpo sem ter Norris à frente. O próximo ataque de Max ainda demoraria um pouco.

Nas Ferrari, bem distantes de quem vinha em quarto, Leclerc questionava se Sainz não conseguia acelerar. Ou seja, começou a sondar sobre a possibilidade de uma inversão de posições.

Depois da parada de Norris, estava claro que os pneus macios chegavam ao fim da vida útil para todo mundo – e Sainz enfim tirou vantagem de Russell. Antes que pudesse atacar, George parou, no fim da volta 16, para colocar pneus médios. Verstappen fez exatamente o mesmo. A Ferrari resolveu marcar o líder da corrida: manteve Leclerc na pista com a estratégia programada, mas parou Sainz para um novo jogo de médios no fim da 17.

Russell, inclusive, voltou entre as duas Alpine – e agora era Ocon quem estava na frente. Lado a lado com Alonso, tomou as linhas de pistas mais extensas para explorar a velocidade do carro sem forçar muito os pneus novos e ainda frios. Conseguiu levar a melhor e ficou com espaço para acelerar. Não foi um grande pit-stop, mas funcionou para fazer a Ferrari agir.

Leclerc passou a liderar a corrida com um stint mais longo enquanto até quem tinha pneus médios parava. Pérez foi na 19, enquanto Hamilton entrou um giro depois e voltou atrás de Verstappen. Dia de pit-stops difíceis da Mercedes. ‘Checo’ Pérez passava Mick Schumacher no que ainda era um pelotão bem alterado entre quem parara e quem não. Além de Magnussen, somente a Alpine decidiu arriscar os pneus duros: fizeram isso com Alonso e Ocon, indicando corrida de uma parada.

Leclerc parou na volta 22 e voltou na frente de Sainz, assumindo o segundo lugar da corrida, mas ainda atrás de Russell, que resistia. Voltemos, pois, aos pilotos da Alpine. Ocon parou na volta 24 e retornou grudado no companheiro Alonso. Os dois passaram a brigar pela décima posição, enquanto Ricciardo, que estava logo atrás, resolveu participar. Mergulhou por dentro de ultrapassou os dois de uma só vez. “Vamos!”, vibrou no rádio da McLaren. Belíssima ultrapassagem, mas Ocon facilitou a vida do australiano ao querer brigar com o companheiro de equipe tendo pneus frios.

Hamilton recebeu uma advertência dos comissários por desrespeitar os limites da pista. A verdade é que o heptacampeão reclamara antes da pressão dos freios e, com o forte vento de Mogyoród, tinha problemas para contornar sobretudo a curva 12.

A partir da volta 26 das 70 do GP da Hungria, Leclerc passava a estar em distância de abrir o DRS para cima de Russell. O primeiro ataque efetivo veio na volta 28, mas Russell resistiu. Charles tirou o pé para tentar de novo em outro momento. Foi na 30, mas George novamente segurou. Aí, virou a volta. Na primeira curva da volta 31, Leclerc resolveu tentar, ajustou a Ferrari e mergulhou por fora. Uma ultrapassagem nada menos que espetacular para assumir a liderança da corrida.

George Russell liderou a corrida por 30 voltas (Foto: Mercedes)

Imediatamente, Leclerc passou a abrir, enquanto Yuki Tsunoda rodava sozinho na chicane e caía para a última colocação. Magnussen aparecia de novo corrida: nos boxes, para se livrar dos pneus duros e colocar médios enquanto alguns pontos de chuvisco passavam a ser registrados na parte oposta da pista.

Se a chuva ainda não ameaçava, Verstappen, sim. O piloto da Red Bull encostava em Sainz mais rapidamente que o espanhol chegava em Russell, mas a Red Bull resolveu trabalhar. Parou Verstappen no fim da volta 38 e colocar novo jogo de pneus médios, tentando o undercut contra Sainz, que teria de parar em algum momento.

Era o começo oficial da janela para novas paradas dos ponteiros. No fim da 39, Leclerc e Russell pararam novamente: duros para o líder da prova e médios para o piloto da Mercedes. A decisão da Ferrari era difícil de entender, uma vez que aquecer os pneus era o ganhar calcanhar de Aquiles do time no sábado e, no domingo, a temperatura da pista era ainda mais baixa.

Enquanto os dois tentavam se entender na pista, Sebastian Vettel aparecia na zona de pontos ao tirar Ocon da frente e assumir a décima colocação.

A escolha da Ferrari começava a jogar contra quase que de imediato. De pneus frios, Leclerc foi engolido por Verstappen. Charles se irritava e gritava no rádio que os pneus estavam ruins: não dava para aquecê-los apropriadamente. Mas uma réstia de esperança veio quando Verstappen rodou sozinho na curva 13, devolvendo o espaço de Leclerc e tendo de se defender de Russell.

Mas o carro da Red Bull estava muito bom frente a uma Ferrari que parecia andar no gelo. Verstappen passou por fora na curva um e ignorou a presença do monegasco. Hamilton se entendia bem com os pneus médios e anotava melhor volta da corrida antes de parar nos boxes para colocar os macios. Sainz também parou e pôs os macios, mas a Ferrari realizou uma parada bastante lenta. O espanhol voltou atrás, enquanto Russell atacava Leclerc por um lado e por um outro, assim como fora o inverso no começo da corrida. Foi na volta 54 que assumiu o segundo lugar da prova.

George Russell deu o troco em Charles Leclerc (Foto: AFP)

Aí, a Ferrari resolveu ter outra ideia brilhante: parou Leclerc de novo, a terceira vez, para colocar pneus macios e custar mais uma corrida ao seu principal piloto. Pôs pneus macios, é verdade, mas jogou Charles para o sexto lugar.

Uma punição! Daniel Ricciardo recebeu 5s por causa uma colisão em que, todo estabanado, deu na lateral de Stroll.

De pneus macios, Hamilton era o piloto mais rápido na pista. Fazia volta mais rápida e partiu para caçar e ultrapassar Sainz no que era mais um desastre da Ferrari. Assim como na França, a Mercedes tinha dois pilotos em posição de pódio. Russell não conseguia tirar vantagem para Verstappen, que se mantinha em 8s.

Rapidamente, Hamilton colava atrás de Russell. A Mercedes não parecia inclinada a mandar que os dois trocassem para Lewis ter a chance de ir à captura de Verstappen, até porque era uma distância razoável para cobrir em poucas voltas. Na 64ª volta, sem ordem, Hamilton ultrapassou na curva um e olhou para frente, mas Max tinha 10s de vantagem Não havia tempo.

Leclerc tentava chegar até Pérez para aplacar o dia tenebroso da Ferrari, mas as coisas jogaram contra de novo. Bottas teve uma falha no carro, perdeu potência e estacionou ao lado da pista. Fim de corrida para ele e VSC para que tirassem a Alfa Romeo da curva 11. Foi aí, para as três voltas finais, que a chuva chegou e começou a mostrar impacto. Leclerc questionou se o carro estava bom, o que a Ferrari jurou que era o caso, mesmo para a chuva.

Com o ok para que as duas voltas finais viessem e a pista bastante molhada em alguns trechos, os pilotos resolveram preservar a segurança dos seus pneus de pista seca e já gastos. Vitória de Verstappen, talvez a mais inacreditável das oito do ano, e duas Mercedes no pódio – com nenhuma Ferrari. Vettel ainda passou Stroll para assumir o décimo posto e pontuar para a Aston Martin.

@grandepremio

#FERRARI FAZ O IMPOSSÍVEL NA HUNGRIA E ESTRAGA CORRIDA DE LECLERC. #F1 #Formula1 #SportsNews #TikTokNoGP

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Fórmula 1 2022, GP da Hungria, Hungaroring, final:

1M VERSTAPPENRed Bull RBPT70 voltas 
2L HAMILTONMercedes+7.834 
3G RUSSELLMercedes+12.337 
4C SAINZFerrari+14.579 
5S PÉREZRed Bull RBPT+15.688 
6C LECLERCFerrari+16.047 
7L NORRISMcLaren Mercedes+1:18.300 
8F ALONSOAlpine+1 VOLTA 
9E OCONAlpine+1 VOLTA 
10S VETTELAston Martin Mercedes+1 VOLTA 
11L STROLLAston Martin Mercedes+1 VOLTA 
12P GASLYAlphaTauri RBPT+1 VOLTA 
13G ZHOUAlfa Romeo Ferrari+1 VOLTA 
14M SCHUMACHERHaas Ferrari+1 VOLTA 
15D RICCIARDOMcLaren Mercedes+1 VOLTA 
16K MAGNUSSENHaas Ferrari+1 VOLTA 
17A ALBONWilliams Mercedes+1 VOLTA 
18N LATIFIWilliams Mercedes+1 VOLTA 
19Y TSUNODAAlphaTauri RBPT+2 VOLTAS 
 V BOTTASAlfa Romeo Ferrari NC
      
VMRL HAMILTONMercedes1:21.386 
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