Verstappen desequilibra para Red Bull, mas Ímola promete briga aberta em embate triplo
A comemoração mais entusiasmada de Max Verstappen em Ímola é a prova de que a classificação foi mais difícil do que o grid leva a crer. De fato, a Red Bull encontrou um caminho, mas a pole do GP da Emília-Romanha está totalmente na conta do tricampeão, que brilhou quando foi chamado à responsabilidade. Porém, não há nada garantido. A corrida promete escrever uma história diferente, uma vez que McLaren e Ferrari colaram nos taurinos e estão, sim, na briga pela vitória
Quem olha o grid do GP da Emília-Romanha imagina apenas o mais do mesmo na Fórmula 1. Tem sido assim, de forma consecutiva, nas últimas oito corridas entre a temporada passada e essa. Mas se engana quem acha que foi mera formalidade de um cara que faz parecer tudo mais fácil. A realidade é que Max Verstappen suou o macacão para conquistar a pole-position neste sábado (18) em uma das melhores atuações em volta única de sua carreira. Quando foi para valer, o tricampeão usou tudo que tinha para superar os adversários e obter uma vantagem que ontem parecia impossível. Os gênios são assim, afinal. E o domingo vai exigir outro toque de magia, porque, mesmo derrotados, os rivais ainda se mostram mais fortes.
Mas antes de analisar o desempenho de McLaren e Ferrari, é importante apreciar a performance de Verstappen. Depois de uma sexta-feira desastrosa e um terceiro treino livre pouco conclusivo, a classificação exibiu uma nova chance. As mudanças feitas no RB20 foram certeiras e corrigiram alguns pontos estranhos, como o ritmo no segundo setor do circuito italiano. Por isso, o neerlandês foi capaz de se colocar entre os primeiros nas duas fases da definição do grid, mas foi no trecho decisivo que a coisa apertou.
A volta final foi magistral. Primeiro pela perspicácia de aproveitar o vácuo de Nico Hülkenberg, que terminava sua volta rápida e seguiu ainda muito veloz na reta dos boxes. O piloto #1 acompanhou o homem da Haas para ganhar ali 0s2, segundo Helmut Marko. Mais à frente, Max ainda tirou mais tempo no temido setor intermediário e tratou de acertar o trecho derradeiro. O tempo de 1min14s746 foi o suficiente para celebrar a pole — há tempos não se via um Verstappen tão efusivo. A comemoração não foi à toa. A posição de honra em Ímola significa também uma vantagem grande diante de rivais fortes e da dificuldade que esse traçado oferece para as ultrapassagens.
Há outro ponto também, esse mais particular. O tricampeão agora está em igualdade com Ayrton Senna em número de poles consecutivas. Um recorde que durou 35 anos. Diz muito sobre ambos os pilotos. “É uma estatística muito especial, ainda mais considerando que recentemente completou 30 anos da morte de Ayrton Senna. Então estou feliz de ter a pole aqui, de qualquer forma, é uma boa memória de um cara excepcional principalmente em classificação. Então é um dia ótimo para mim e para a equipe, estou muito feliz”, disse Max após deixar o carro no parque fechado do pit-lane.
Só que, apesar da importante conquista, nem tudo está resolvido para o domingo. Os taurinos encontraram problemas diversos ao longo dos treinos e há uma dúvida ainda sobre a qualidade do ritmo de prova do RB20 #1 em Ímola — por ora, Sergio Pérez está longe dessa equação, porque caiu no Q2 e parece também sofrer das adversidades desde sexta-feira. Entende-se, no entanto, que a Red Bull tenha um desempenho ligeiramente pior que o da Ferrari, que também perde para a McLaren.
Aliás, a equipe laranja está no ponto central da disputa novamente, ainda que tenham sido derrotada na disputa da pole. Ainda assim, a briga foi apertada. Oscar Piastri perdeu a chance de largar à frente de todos por 0s074 — culpa de uma pequena escapada na parte final do giro decisivo do Q3. De toda a forma, o desempenho seria perdido por conta da punição que tomou por bloquear Kevin Magnussen ainda no Q1 — o rapaz vai sair de quinto após despencar do segundo lugar. Enquanto isso, Lando Norris foi alçado à primeira fila e terá uma chance de confrontar Verstappen uma vez mais.
O apoio da McLaren está no estrondoso ritmo de corrida. Ninguém foi melhor que eles nos ensaios, e isso tanto com os pneus médios quanto com os duros. “Depois da performance forte de Miami, era importante que a gente confirmasse que nossa competitividade era genuína. Ímola é bem diferente, traçado rápido e com asfalto ondulado. Então, é muito positivo que a gente seja competitivo aqui e que tenha conseguido brigar pela pole. Foi um resultado bem forte nosso na classificação”, afirmou o chefe Andrea Stella.
“Os dois pilotos foram muito bem, estávamos bem perto da Red Bull, o que é ótimo. Infelizmente o Oscar levou a punição e larga em quinto. Nós respeitamos e aceitamos a decisão dos comissários e, com o ritmo forte do carro que temos, vamos em busca da recuperação com ele e de aproveitar essa primeira fila do Lando”, completou.
Portanto, a largada será crucial. E aqui mora a esperança da Ferrari em também se reabilitar. De certa forma, a classificação jogou um balde de água fria nos italianos. Isso porque a revisada SF-24 parecia caminhar firmemente para a primeira fila, haja vista a performance dos dois carros no Q1 com pneus médios e a atuação de Charles Leclerc nas duas primeiras partes da sessão. A impressão era que os ferraristas seriam rápidos a qualquer momento. Mas escapou do planejado.
Embora a volta de preparação para o giro decisivo tenha sido muito boa, os dois carros não foram capazes de reproduzir a boa performance no primeiro setor do circuito, especialmente entre as curvas 2 e 3. Esse desempenho fez falta e empurrou Leclerc e Carlos Sainz para longe da disputa entre Max e a dupla da McLaren. Ainda assim, a punição de Piastri acabou sendo uma boa notícia para os italianos, que agora pulam para a segunda fila do grid. E assim como os ingleses, a escuderia também confia no forte ritmo de corrida para enfrentar não só Verstappen, mas principalmente os carros laranja.
“Estamos em boas condições, assim como Lando [Norris] e Max também — todos muitos próximos. Se não fosse o vácuo na última tentativa, estaríamos 0s1 do Max. Prefiro estar 0s1 à frente do que atrás, mas a disputa é apertada. Ímola não é uma pista fácil de ultrapassar, mas será uma corrida longa e o ritmo foi bom nas simulações de ontem, a nossa base para amanhã”, explicou Frédéric Vasseur, o chefe da Ferrari.
Então, sim, Ímola promete mesmo um embate triplo, mas também uma prova tensa do ponto de vista da estratégia. Essa é uma corrida de apenas um pit-stop, até porque se perde muito tempo no pit-lane, algo em torno de 28s, uma das mais lentas entradas do calendário todo. Em termos de compostos, a combinação médios-duros é a mais acertada. Aqui é importante dizer: os ferraristas parecem ter ótimo ritmo com os C4, enquanto os britânicos de Woking foram muito bem em cima dos C3.
Mas há uma ressalva. As corridas da Fórmula 2 e da Fórmula 3 sofreram com a intervenção do safety-car, especialmente a segunda, em que o carro de segurança precisou ser acionado 4 vezes, além de um VSC. Ainda, todas as modificações promovidas pela organização da prova no circuito ajudam a tornar tudo mais complicado. Há brita em trechos de maior velocidade, zebras convidativas, então qualquer pequeno deslize pode custar um preço muito alto.
Portanto, diante de tudo, impera a imprevisibilidade.
O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Emília-Romanha de Fórmula 1 e transmite classificação e corrida em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Além disso, debate tudo que aconteceu na pista com o Briefing após treinos livres e classificação, além de antes e depois da corrida. No domingo, a largada está marcada para as 10h (de Brasília, GMT-3).
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