Verstappen resiste à pista molhada e vence GP de Mônaco de F1 incendiado por chuva

É inegável que foi um GP de Mônaco mais movimentado que os demais. A edição 2023 do evento mais tradicional da Fórmula 1, realizada na manhã deste domingo (28), em Monte Carlo, contou com a chuva para incendiar uma parte da prova. Mas mesmo antes, durante ou após a chuva, Max Verstappen jamais foi ameaçado. O líder do campeonato deu mais um passo na carreata rumo ao aparentemente inevitável tricampeonato e conquistou a quarta vitória dele no ano, 39ª na F1.

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Foi a segunda vez que Verstappen venceu em Mônaco, dois anos após o triunfo de 2021. Embora fosse amplamente favorito para a corrida, muito se falava sobre a possibilidade de um ataque de Fernando Alonso sobretudo na largada, porque era a grande chance de derrotar a Red Bull em 2023. O que aconteceu foi que Max largou bem, evitou ataque e seguiu.

A distância para Alonso sempre ficou segura, ainda que não fosse grande: entre 6s e 11s. Como Max largara de pneus médios contra duros de Alonso, foi um esforço evitar o pit-stop por mais de 50 voltas, muito após todo mundo que partiu de médios ter parado. Mas resistiu até a chuva, quando a Aston Martin se enrolou, colocou outro jogo de slicks em Alonso e precisou parar de novo. Aí, as coisas ficaram tranquilas. Verstappen desfilou até o fim de pneus intermediários.

Esteban Ocon conseguiu manter o terceiro lugar, mesmo sem jamais se aproximar de Alonso. O grande feito foi evitar as ultrapassagens de Carlos Sainz, que quase acabou com a corrida dos dois em dado momento ao quebrar a asa dianteira dele na traseira do francês. Depois, ficou possesso ao voltar dos boxes ainda atrás dele. Sainz erraria mais tarde, na chuva, para estragar a própria corrida, mas Ocon garantiu o pódio.

Lewis Hamilton e George Russell apareceram nas duas colocações imediatamente abaixo, seguidos por Charles Leclerc e Pierre Gasly antes de Sainz. Lando Norris foi nono e viu o companheiro de McLaren, Oscar Piastri, chegar em décimo e ganhar um ponto após Yuki Tsunoda errar perto do fim e abrir o espaço. Hamilton ainda somou o ponto extra da melhor volta.

Destaque para a loucura estabelecida na corrida assim que a chuva ganhou força, algo que durou por cerca de 15 voltas, mas colocou fogo. Lance Stroll bateu mais de uma vez, mas Sergio Pérez fez o mesmo: e em Russell, que foi punido com a perda de 5s que, no fim das contas, não teve impacto no resultado. Kevin Magnussen e Logan Sargeant foram outros que se enrolaram na pista molhada. Até Verstappen triscou o muro em dado momento. Acabou sendo um GP de Mônaco diferente.

A Fórmula 1 volta já na semana que vem, entre os dias 2 e 4 de junho, com o GP da Espanha, em Barcelona, sétima etapa da temporada 2023. E o GRANDE PRÊMIO acompanha tudo.

Confira como foi o GP de Mônaco:

Cadê a chuva que foi prometida? As possibilidades de precipitação ao longo da corrida se aproximavam de 7% nas horas anteriores à largada, mas, quando abriu a transmissão oficial, a FIA falava em 20%. A temperatura estava em 25°C, mas, com céu nublado, a temperatura do asfalto se apresentava menor que ontem, mas ainda em 42°C.

As grandes novidades desde a classificação estavam na punição de Charles Leclerc, que perdeu três posições no grid por bloquear Lando Norris no Q3, e na verdadeira plástica que a Red Bull empreendeu no carro de Sergio Pérez após o acidente no Q1.

Havia, ainda, uma notícia bombástica: a Alfa Romeo costurava um acordo com a Haas para se tornar patrocinadora e parceira já na temporada 2024.

O top-10 da prova era formado por Max Verstappen, Fernando Alonso, Esteban Ocon, Carlos Sainz, Lewis Hamilton, Charles Leclerc, Pierre Gasly, George Russell, Yuki Tsunoda e Lando Norris. Destes, Verstappen, Ocon, Hamilton, Tsunoda e Norris largavam de pneus médios, enquanto os outros preferiam os duros. Abaixo do décimo posto, Nyck de Vries, Alexander Albon, Logan Sargeant e Sergio Pérez largavam de médios; Guanyu Zhou, de macios. O resto ia de duros.

Com as luzes verdes em ação, Verstappen partiu bem e segurou a primeira colocação, sem que Alonso conseguisse atacar da maneira pesada como se imaginava. As primeiras colocações se mantiveram, mas o ataque aconteceu atrás: Nico Hülkenberg resolveu enfiar o Haas de algum jeito para ultrapassar Logan Sargeant logo antes de contornar o hairpin da Loews. Sargeant reclamou e, pouco depois, veio o anúncio de punição de 5s para o alemão. Nico, afinal, deu uma pancada na lateral do carro da Williams.

Logo que o pit-lane abriu, no fim da primeira volta, Hülkenberg, Pérez e Zhou pularam nos boxes para colocar pneus duros e, assim, partirem para uma corrida inteira sem qualquer outra parada nos boxes. Imediatamente, Pérez voltava à pista tirando tempo e andando bastante rápido de rosto para o vento. Ajudou ‘Checo’ o fato de sair dos boxes na frente de Zhou e Hülkenberg.

Já Stroll tentou fazer algo parecido ao que Hülkenberg fez, também com um Williams, agora Albon, mas ficou por fora, tomou uma pancada e deu de leve no muro. Suficiente para machucar a asa dianteira, mas resolveu ficar na pista.

Eis que a direção de prova anunciou que iria investigar uma possível infração de Russell na largada por se posicionar fora dos colchetes. No fim das contas, porém, não deu em punição.

Algum ataque na frente? Hamilton tentou engatar uma ameaça contra Sainz, mas durou só alguns momentos. Como era Mônaco, o melhor não era gastar muito o carro em tentativas infrutíferas e, aí, tirou o pé.

Se Verstappen e Alonso seguiam grudados nas primeiras voltas, a diferença para o restante do pelotão aumentava. Afinal, Ocon segurava Sainz e impedia qualquer carga da Ferrari para cima dos dois líderes. Após dez voltas, contudo, a diferença entre os dois aumentara e chegava a 3s. Ocon estava 11s atrás de Alonso. A Aston Martin avisava a Fernando que o principal era proteger o pneu traseiro esquerdo e que “estavam felizes em usar os dianteiros para proteger os traseiros”.

A Ferrari deu a ordem para Sainz atacar Ocon em seguida, já que o francês custava tempo. Só que o movimento de Carlos veio na entrada da Nouvelle Chicane e foi desastrada, quase terminando num acidente. Sainz quebrou a aleta da asa dianteira e, por sorte, não furou o pneu de Ocon. A direção de prova logo avisou que investigaria. Sainz se defendia. “Acho que ele se moveu tarde”, mas é difícil concordar com o espanhol.

A conversa seguinte foi sobre entrar ou não nos boxes, mas o piloto optou por ficar no traçado, mesmo com a asa mambembe. Só pararia se a FIA obrigasse. E ainda saiu da situação da colisão somente com advertência.

Alonso causou um susto na Aston Martin quando perguntou se havia sofrido furo nos pneus, provavelmente por encontrar algum detrito do toque entre Sainz e Ocon. Apesar disso, o engenheiro de corridas do bicampeão, Chris Cronin, garantiu que não havia nada de errado nos pneus. Pelos lados a Mercedes, Russell recebia o aviso de que alguns pilotos com pneus médios sentiam o desgaste de pneus, mas ele, com duros, nada sofria.

A primeira ultrapassagem da corrida veio na 18ª de 77 voltas, quando Kevin Magnussen achou um espaço para finalmente deixar Sargeant para trás. Logan estava bastante lento desde o começo da corrida e segurava um trem de pilotos nas últimas posições. Assim que Magnussen foi, Stroll e Pérez também passaram. Hülkenberg veio depois. Sargeant sofria com os pneus médios.

A Ferrari chamou Sainz: “boxes para ultrapassar Ocon”. E não foi, num claro blefe para atrair a Alpine a fazer uma parada, algo que não aconteceu. Quem parou foi Sargeant, que colocou pneus duros. Apenas duas voltas depois, o americano foi novamente aos boxes para trocar pneus. Corrida problemática de Logan, que sofreu com furo nos pneus.

Ainda, a Ferrari avisava Sainz que Alonso que tinha desgaste nos pneus traseiros. Ao que Carlos respondeu que também tinha e que o “desgaste era maior que o esperado”. O bom para ele é que, mesmo com a asa quebrada, não mostrava grande prejuízo em relação a Hamilton, que vinha atrás.

Verstappen dava a melhor volta dele na prova na 23, mas era um dos únicos que ainda seguia na pista de médios. Entre os outros, as questões eram sobre a chuva: vem ou não?, conforme nuvens carregadas enchiam o céu. A McLaren informava algo por volta da volta 35, enquanto a Ferrari dizia que talvez em 45 minutos, mas que probabilidades diminuíam.

E outro blefe ferrarista, mais uma vez chamando Sainz de mentirinha para não enganar a Alpine ou ninguém. Depois da melhor volta dele, na 23, Verstappen passou a andar mais lento que Alonso, começando a sobressair de duros. O desgaste era real para Max.

Entre os primeiros colocados, o primeiro a parar foi Hamilton, na volta 32. Ocon veio em seguida, após receber da Alpine o aviso de que era para “continuar a fazer o que estava fazendo” porque a Ferrari “estava se frustrando”. Sainz parou uma volta depois.

Se abriu 10s em dado momento, Verstappen via a vantagem para Alonso cair abaixo dos 6s após pegar um trem dos últimos colocados. Abriu para 7s5 quando Fernando chegou aos retardatários. Verstappen, na realidade, queria parar e dizia que o carro estava “quase inguiável”, mas recebeu o aviso da Red Bull que, se fizesse àquele momento, Alonso levaria vantagem.

Na tentativa de recuperação, Pérez se encontrava com Stroll. Inicialmente, passou levando vantagem da chegada de Verstappen dando uma volta no canadense, só que o replay mostrou ‘Checo’ cruzando a chicane na confusão. Segundo ele, por ter sido empurrado, mas antes que a direção de prova pudesse definir, o mexicano acertou a traseira de Magnussen e danificou a asa dianteira. O resultado foi mais uma parada nos boxes, agora para estragar de vez a corrida dele.

Sainz estava revoltado! Ao voltar dos boxes ainda entre Ocon e Hamilton, recebeu a informação da vantagem que tinha para Lewis e respondeu de maneira malcriada. “Não me importo com Hamilton”, falou. Queria saber de Ocon e deixou claro que discordou da estratégia.

Como a volta 35 chegou e passou, Albon foi o próximo a perguntar. Agora, a Williams dizia que havia chances de chover nas 20 últimas voltas. Mas uma corrida de “classe 1”, seja o que for que isso signifique.

Assim como Pérez, Stroll também tocou a traseira de Magnussen enquanto tentava passar. Impressionante o fim de semana desastrado de Lance e Sergio. Ao menos ninguém teve o carro danificado desta feita, mas veio uma bandeira branca e preta de advertência para o piloto da Aston Martin.

Após algumas voltas de melhor rendimento de Alonso, Verstappen conseguiu estabilizar a vantagem em cerca de 8s5 para o rival do dia. Mas ainda mostrava desconforto. “Não sei por quanto tempo consigo manter isso”, avisou.

Russell, assustado, dizia que “Gasly está me ajudando, não sei o motivo”, para a Mercedes. A verdade é que Gasly rendia bem e se aproximava de Leclerc, que se viu obrigado a parar nos boxes e colocar pneus médios na volta 45. Atrás de Verstappen e Alonso, Gasly era o terceiro e dava a melhor volta dele na corrida. Russell, também sem parar, era o quarto. Ocon, Sainz, Hamilton, Leclerc, Tsunoda e Norris vinham na sequência.

A vez do aviso meteorológico veio com Aston Martin: possibilidades de chuva em 15 voltas. O que daria giro 61, mais ou menos. Só que a transmissão oficial da F1 pegou um radar num dos pit-walls que dizia “sem expectativas de chuva”. Mesmo assim, os avisos continuavam: Verstappen também recebeu um deles, de perigo de chuva.

Gasly finalmente parou na 49, mas não conseguiu o objetivo de fazer o overcut para cima de Leclerc e voltou logo atrás. “Talvez gotas de chuva caiam entre as curvas 6 até a 8”, avisou a Red Bull à Verstappen. E Russell avisou: chuva na curva 3.

Dito e feito, porque a corrida mudou. A chuva chegou. “Está chovendo mais e mais”, reiterou Russell. Já era visual que chovia bem e algumas partes da pista, sobretudo no trecho da Fortier e entrada e saída do túnel. Bottas e De Vries entraram nos boxes para pneus intermediários, uma escolha que se tornou a comum em seguida.

Enquanto o bicho pegava, Sainz ainda achou tempo de reclamar de Ocon no meio de um encontro com vários retardatários. “Não está me deixando espaço, precisam fazer alguma coisa quanto a isso, vamos bater”, falou.

Conforme a pista piorava, Alonso entrou na volta 52 e, para surpresa geral enquanto todo mundo colocava pneus intermediários, colocou pneus médios. Escolha estranha, que foi passada pela Red Bull a Verstappen com a confirmação: vamos pôr os intermediários. E Max ainda flertou com o desastre ao triscar o muro no caminho. A Red Bull agiu como prometeu e, logo depois, a Aston Martin admitiu o erro e parar Alonso pela segunda vez em quatro voltas para usar os intermediários.

Como a Ferrari mantinha os dois pilotos na pista de médios e segurando os demais, Alonso ficou em segundo mesmo assim. Mas Sainz errou e escorregou sozinho na Portier. A Ferrari, então, chamou ambos e teve de colocá-los em fila para trocar pneus. Desastre sobretudo para Sainz, que voltou em oitavo, com Leclerc em sexto – mas ainda na frente de Gasly.

O único que ficou de slicks na pista foi Magnussen, que, na 58 fora chamado para trocar os pneus de pista totalmente molhada. Antes de chegar aos boxes, Kevin deu uma pancada de frente na Rascasse, mas conseguiu sair sozinho. Os mecânicos não viram que tinha dano na frente do carro e um deles teve de sair correndo para buscar outra asa dianteira.

Na Ferrari, Sainz recebia o aviso de que choveria por mais cinco minutos, mas a situação da pista não ia mudar até o fim da corrida. Enquanto chovia, outra rodada, agora de Sargeant. O americano fazia praticamente uma aula antes da chuva e andava de macios para aprender a correr com pneus desgastados, já que os problemas o haviam jogado em último. Agora, rodava na Loews, mas seguiu. Magnussen passou direto na Sainte-Dévote, Stroll também foi fora da pista e Pérez relou o muro na Piscina. A corrida tinha virado anarquia absoluta.

A direção de prova mostrou sinal de vida e puniu Russell com a perda de 5s por retorno inseguro à pista depois de sair da trilha da pista junto de Stroll e voltar todo desastrado para se colocar na frente de Pérez, que deu uma pancada na lateral. Só não foi grave porque ninguém estava rápido. Ainda conversava com a Mercedes sobre colocar pneus de chuva extrema, algo que Hamilton também começou a se mostrar favorável.

A chuva foi diminuindo em seguida, após mais ou menos 15 voltas, e desacelerando o caos em que a corrida havia se tornado. Gasly cortou a chicane e recebeu bandeira preta e branca de advertência, ainda com Sainz de acusador. Russell se aproximava de Hamilton no quarto lugar, mas não haveria briga entre os dois.

Briga mesmo teve entre Tsunoda e a AlphaTauri. Yuki tinha dificuldades com os freios e permitiu que Norris e Piastri encostassem perigosamente. “Vocês querem que eu bata, pessoal”?, questionou. Em seguida, veio a temida consequência: passou direto na Mirabeau e permitiu que os rivais passassem. “Os freios estão surreais para cacete, cara”, lamentou. Caiu para 15º e fora dos pontos.

Pérez, que havia colocado pneus intermediários no começo da chuva e trocado para os de chuva extrema depois, parou de novo para voltar aos inters. Uma corrida de cinco paradas para o vice-líder do campeonato.

Mas era isso. Vitória de Verstappen, a quarto no ano e 39ª na F1, com Alonso e Ocon no pódio. E, agora, Catalunha.

Fórmula 1 2023, sexta etapa, Mônaco, Resultado Final:

1	M VERSTAPPEN	Red Bull RBPT	78 voltas
2	F ALONSO	Aston Martin Mercedes	+ 27.921
3	E OCON	Alpine Renault	+ 36.990
4	L HAMILTON	Mercedes	+ 39.062
5	G RUSSELL	Mercedes	+ 56.284
6	C LECLERC	Ferrari	+ 1:01.890
7	P GASLY	Alpine Renault	+ 1:02.362
8	C SAINZ	Ferrari	+ 1:03.391
9	L NORRIS	McLaren Mercedes	+ 1 Volta
10	O PIASTRI	McLaren Mercedes	+ 1 Volta
11	V BOTTAS	Alfa Romeo Ferrari	+ 1 Volta
12	N DE VRIES	AlphaTauri RBPT	+ 1 Volta
13	G ZHOU	Alfa Romeo Ferrari	+ 1 Volta
14	A ALBON	Williams Mercedes	+ 1 Volta
15	Y TSUNODA	AlphaTauri RBPT	+ 2 voltas
16	S PÉREZ	Red Bull RBPT	+ 2 voltas
17	N HÜLKENBERG	Haas Ferrari	+ 2 voltas
18	L SARGEANT	Williams Mercedes	+ 2 voltas
19	K MAGNUSSEN	Haas Ferrari	Abandonou
20	L STROLL	Aston Martin Mercedes	Abandonou

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