McLaren, Aston Martin e Williams sofrem com falta de velocidade e começam 2022 perdidas

McLaren, Aston Martin e Williams carregavam diferentes expectativas para a Fórmula 1 2022 e suas propostas por um campeonato mais 'próximo' entre as equipes. Mas, até o momento, se deparam apenas com o mesmo problema: a falta de velocidade

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A Fórmula 1 2022 mexeu com a ordem de forças, os carros e, sobretudo, o que esperar de cada equipe do grid. E, pensando neste último ponto, dá para dividir as expectativas em níveis: baixa, média e alta. Não à toa temos três equipes que se encaixam nesta divisão — Williams, Aston Martin e McLaren, respectivamente. Mas fato é que, pelo menos até este momento, os três times chegaram ao mesmo resultado: a falta de velocidade. E é verdade que a F1 é uma caixa de surpresas, mas o Bahrein e a Arábia Saudita deram indicativos importantes sobre os problemas de cada uma.

Antes de destrinchar o assunto, é preciso falar sobre o motor Mercedes. Não é uma estranha coincidência que as três piores equipes neste momento tenham a unidade de potência da mesma fabricante. E enquanto elas reclamam, a própria Mercedes insiste que não há nada de errado ali.

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“Acho que precisamos analisar o nível de arrasto aerodinâmico primeiro, antes de julgar se estamos com menos potência. Não acho que tenham grandes diferenças entre os motores, mas a Ferrari claramente teve uma grande melhora”, explicou Toto Wolff, chefe da Mercedes. “No ano passado, eles não eram muito competitivos, e hoje, se olharmos somente para o Bahrein, fica a sensação de que foram melhores do que todo mundo”, lamentou o dirigente.

Fato é que, em relação aos motores Ferrari e Red Bull – que ainda é desenvolvido pela Honda, diga-se -, a Mercedes não evoluiu tanto. E o congelamento dos motores, que foi imposto a partir de 1 de março, limita as chances de melhora das unidades por si só. Ainda que o problema esteja realmente lá, resta às equipes clientes, portanto, melhorarem a relação carro/unidade de potência, tentando sanar os problemas exatamente com os recursos que têm em mãos no momento.

McLaren pontuou apenas na Arábia Saudita, e com um carro (Foto: McLaren)

Com isso explicado, podemos falar da McLaren, que surpreendeu em 2021. O time começou bem o campeonato — ao menos com Lando Norris —, e era candidata forte na disputa pela terceira força. É verdade que o posto ficou com a Ferrari, após um crescimento dos italianos e também uma certa queda de desempenho do time de Woking, mas os carros laranjas deixaram uma boa impressão. O que caiu por terra a partir da pré-temporada no Bahrein. Claro, é realmente muito difícil cravar a temporada regular a partir dos testes, mas a McLaren sofreu muito com o superaquecimento dos freios e até andou menos para tentar poupar as peças de reposição.

Quando chegou ao GP do Bahrein, nenhum dos dois carros conseguiu chegar ao Q3. E, na corrida, sequer pontuaram. Segundo James Key, diretor técnico da McLaren, a questão foi a dificuldade do MCL36 nas curvas de baixa velocidade, além do desgaste e problemas aerodinâmicos que a maioria das equipes enfrenta. “O que precisamos é mais aderência, precisamos de mais aderência mecânica, precisamos de mais aderência aerodinâmica. E isso não se mostrou em Barcelona porque as curvas de lá funcionam melhor com o nosso carro do que as curvas daqui”, concluiu Key.

Na Arábia Saudita, as dificuldades ainda eram evidentes, mas os carros pareciam um pouco melhores. Embora Norris tenha pontuado — ficou em umas quase heroica sétima posição —, é preciso dizer que Ricciardo teve de abandonar por falha mecânica. A equipe ainda não divulgou a causa e estuda o que gerou o problema. Mas pareceu um cenário um pouco mais otimista depois de ter encarado muitas dificuldades de perto.

“Estamos felizes em poder dar esse passo à frente em comparação com a corrida no Bahrein. Obviamente, não é onde queremos estar no final do campeonato, mas o importante é dar continuidade a esses resultados”, disse Andreas Seidl, chefe da McLaren.

Aston Martin ainda não marcou pontos após saída de Otmar Szafnauer (Foto: Aston Martin)

Agora, Williams e Aston Martin têm um problema em comum seríssimo: ritmo quase inexistente. Pensando no time de Lawrence Stroll, havia expectativas médias para 2022 por causa dos grandes investimentos e aumento no quadro de funcionários — inclusive, de Red Bull e Mercedes. Mas os carros verdes pouco mostraram. Sem Sebastian Vettel no AMR22 nas duas primeiras etapas, Nico Hülkenberg e Lance Stroll não pontuaram. A questão aqui pode ser a mesma da equipe de Woking: a aerodinâmica somada a um motor que pouco evoluiu em relação aos outros. E o resultado disso tudo leva as clientes da Mercedes às últimas posições das corridas. Pelo menos foi assim com a Aston Martin e Williams nos circuitos de Sahkir e Jedá.

Falando especificamente da equipe de Grove, a expectativa estava mais na chegada de Alexander Albon do que propriamente no carro. É muito claro que a Williams não teve o melhor desenvolvimento possível nos últimos anos — ainda que em 2021 tenha terminado na oitava posição do Mundial de Construtores, diferente de 2019 e 2020, quando foi a pior do grid. No entanto, sofrem muito com a falta de downforce e não escondem: o próprio Jost Capito, chefe do time, admite que ainda estão aprendendo — ou tentando descobrir — as várias questões que impedem o FW44 de ao menos chegar aos pontos.

“Estamos conhecendo o carro cada vez mais. Se pudermos descobrir algumas coisas, estamos ansiosos pelas próximas corridas para melhorar nosso desempenho”, declarou.

Williams também sofre em 2022 (Foto: Williams)

A Mercedes sofre à frente do pelotão, a McLaren tenta voltar às grandes disputas e Williams e Aston Martin querem deixar a zona da degola. É muita coincidência as quatro usarem a mesma unidade potência e terem problemas aerodinâmicos parecidos? Pode ser que sim, apenas estudos, análises e muito trabalho poderão responder com mais exatidão. E é preciso paciência. É a partir dela que os resultados poderão vir ao longo do campeonato.

Alfa Romeo surpreende, mas se embanana na Arábia Saudita

A equipe de Hinwil começou com uma grande vantagem a temporada de 2022 pelo motor Ferrari. A junção da unidade de potência com a C42 parece ter dado certo, a ponto de levar a Alfa Romeo às disputas do meio do pelotão. Além disso, conta com a chegada de Valtteri Bottas, um piloto com vasta experiência, e um focado Guanyu Zhou, único estreante neste ano. Agora, o obstáculo parece ser um só: a própria Alfa Romeo.

No GP do Bahrein, primeira etapa do calendário, os dois carros finalizaram nos pontos — Bottas em sexto, Zhou, em décimo. Ambos os pilotos saíram contentes com o ritmo do carro no circuito de Sahkir. Mas, uma semana depois, na Arábia Saudita, as coisas não correram bem. Bottas ia pontuando, mas teve problemas e abandonou. A equipe preferiu retirar o carro da corrida para não perder o motor, que estava numa temperatura muito alta.

Corrida de Guanyu Zhou também foi prejudicada logo na largada, após torque com Daniel Ricciardo (Foto: Alfa Romeo)

Já o chinês, além de uma largada terrível, como já havia feito no Bahrein, ainda recebeu punição de 5s por ultrapassar Alexander Albon por fora da pista. E, quando foi chamado aos boxes para cumprir, aí veio a lambança da equipe: mexeram no carro antes do tempo. Não demorou muito para a direção da prova puni-lo novamente, só que com um drive-through. Dali em diante as chances já estavam perdidas e Guanyu ficou com a 11ª posição.

Para uma equipe que mostrou estar melhorando em 2022, é preciso agarrar as oportunidades. Zhou é um piloto jovem, que certamente dará tudo para mostrar trabalho. E a margem de erros do dono do carro #22, pelo menos por enquanto, é bem maior que o da Alfa Romeo, que por pequenas bobagens pode perder bons resultados. A ver se a equipe continuará evoluindo. E se os resultados ruins dos últimos anos realmente não assustaram por tempo demais.

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