Melhor que Mercedes, Red Bull toma revés por se prender ao convencional. E pode custar caro

A Red Bull entrou no fim de semana do GP do Bahrein como favorita. Mas não conseguiu reverter a melhor performance em vitória. E há uma explicação: a equipe dos energéticos, conhecida por ter uma boa leitura de corrida, decidiu ignorar a estratégia da rival. Atitude que pode comprometer, inclusive, o campeonato

Quando Max Verstappen colocou quase quatro décimos de vantagem em cima de Lewis Hamilton na classificação do GP do Bahrein, há duas semanas, confirmava-se ali que a Red Bull havia, de fato, acertado a mão do novo carro. Afinal, a impressão geral desde a pré-temporada era de que a equipe dos energéticos havia tido uma melhor interpretação das regras e que o RB16B não era uma simples atualização do modelo do ano passado. Os austríacos encontraram o caminho das pedras nesse novo projeto. Só que ainda restava a corrida. E como se sabe, o desempenho na hora em que as luzes se apagam é uma das grandes forças da rival Mercedes, ainda que o W12 levante alguma desconfiança.

As incertezas quanto ao carro dos alemães também eram resquícios daquilo que se viu durante os treinos coletivos. Ou seja, uma luta dos pilotos para domar a arisca parte traseira, além das questões relacionadas ao sistema de refrigeração, que geram quebras da caixa de câmbio. Bem, não é lá muito comum ver Hamilton rodando tantas vezes em uma simples sessão de testes. De toda a forma, a esquadra campeã do mundo voltou ao Bahrein com mudanças significativas, mas o carro seguia difícil. Tanto é assim que Valtteri Bottas chegou a dizer que o W12 era inguiável.

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A Mercedes andou atrás da Red Bull durante todos os treinos no Bahrein (Foto: Beto Issa)

Acontece que a prova em Sakhir contou uma história diferente para as duas equipes. Enquanto a Mercedes estudou a adversária e optou por uma ousada estratégia – o heptacampeão lançou mão da maior sensibilidade dos pneus para trabalhar bem dois stints em cima da borracha mais dura –, a Red Bull ficou presa a uma tática convencional, prevista pela Pirelli. A única mudança foi a ordem de uso dos compostos. Ao invés de percorrer o trecho intermediário da prova com os duros, o holandês andou com os médios. Nada disso, porém, mudaria a percepção de que o time da marca da estrela pegou a concorrente no contrapé ao tentar o famoso ‘undercut’, ou seja, anular a estratégia rival parando antes, para garantir uma posição à frente. Líder, Verstappen e a Red Bull não se importaram com o pit-stop antecipado de Lewis, mesmo tendo uma margem pequena.

E o plano da Mercedes deu certo. Mas só funcionou por duas razões: 1) a insistência dos austríacos em seguir com a própria estratégia, algo que contradiz a forma como a Red Bull trabalha. A esquadra tem como um dos pontos fortes a boa leitura de corrida. Isso em situações em que não era favorita, como na vitória de Max no GP dos 70 Anos em 2020; e 2) Verstappen não foi capaz de abrir uma distância segura para Lewis no início da corrida – aliás, ambos impuseram um ritmo forte, mas inesperadamente semelhante, o que foi determinante para o que viria a seguir.

O time de Toto Wolff conseguiu ver um cenário mais nítido e soube reagir rápido, contando com a experiência de Hamilton, claro. A Red Bull, por outro lado, preferiu seguir o plano traçado no dia anterior. Mais tarde, Helmut Marko revelou que um problema no diferencial do carro do holandês impediu um ritmo melhor. O consultor creditou à falha o fato de equipe não ter tentado mudar a tática.

HELMUT MARKO; RED BULL;
Helmut Marko admitiu os problemas da Red Bull no Bahrein (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

Acontece que a prova em Sakhir contou uma história diferente para as duas equipes. Enquanto a Mercedes estudou a adversária e lançou mão de uma ousada estratégia – o heptacampeão lançou mão da maior sensibilidade dos pneus para trabalhar bem dois stints em cima da borracha mais dura –, a Red Bull ficou presa a uma tática convencional, prevista pela Pirelli. A única mudança foi a ordem de uso dos compostos. Ao invés de percorrer o trecho intermediário da prova com os duros, o holandês andou com os médios. Nada disso, porém, mudaria a percepção de que o time da marca da estrela pegou a concorrente no contrapé ao tentar o famoso ‘undercut’, ou seja, tentar anular a estratégia rival parando antes, para garantir a posição à frente.

Deu certo. Mas só funcionou por duas razões: 1) a insistência dos austríacos em seguir com a própria estratégia, algo que contradiz a forma como a Red Bull trabalha. A esquadra tem como um dos pontos fortes a boa leitura de corrida. E isso em situações em que não era favorita, como na vitória de Max no GP dos 70 Anos em 2020; e 2) Verstappen não foi capaz de abrir uma distância segura para Lewis no início da corrida – aliás, ambos impuseram um ritmo forte, mas muito semelhante. E isso foi determinante.

A Mercedes conseguiu ver um cenário mais nítido e soube reagir rápido, contando com a experiência de Hamilton, claro. A Red Bull, por outro lado, preferiu seguir o plano traçado no dia anterior. Mais tarde, Helmut Marko revelou que um problema no diferencial do carro do holandês impediu um ritmo melhor. O consultor creditou à falha o fato de equipe não ter tentado mudar a tática.

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MAX VERSTAPPEN; LEWIS HAMILTON; F1;
Max Verstappen e Lewis Hamilton: os grandes protagonistas da F1 na atualidade (Foto: Divulgação/Twitter)

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“No início da corrida, nós tivemos problemas com o diferencial. No primeiro setor, perdemos até 0s3 por volta”, revelou Marko ao site Formel1.de. Ainda de acordo com o conselheiro, o contratempo afetou o comportamento dos pneus, que “superaqueciam”.

“Por isso, não conseguimos virar a vantagem que precisávamos para evitar o undercut”, completou. “Fomos forçados a diminuir a potência do motor devido a problemas de temperatura, mas Max ainda conseguiu alcançar Lewis.”

De fato, Verstappen andou forte nos dois trechos finais da corrida e chegou em Hamilton, que tinha pneus 11 voltas mais desgastados. Só que o jovem piloto tinha pressa e acabou excedendo os limites de pista da curva 4 na disputa pela liderança. Depois da ultrapassagem, Max teve de devolver a posição a Hamilton e não foi capaz mais de ameaçar o inglês.

A derrota foi doída, especialmente porque Max tinha nas mãos um carro rápido, equilibrado e que não aparentava ter qualquer problema. Mas o fato de ter permitido o undercut no começo comprometeu o trabalho todo e é algo que precisa ser revisado. E os energéticos estão cientes disso, além da clara preocupação com a confiabilidade, o grande calcanhar de Aquiles dos últimos anos.

Max Verstappen largou na pole no Bahrein, mas terminou a corrida na segunda colocação (Foto: Beto Issa)

O campeonato dá a pinta de que será definido ponto a ponto, então a perda da vitória representa mais do que os sete pontos que agora separam Hamilton de Verstappen.

“Acho que estaremos no mesmo patamar deles novamente, graças ao nosso pacote que consiste em um motor competitivo e um ótimo chassi que responde bem a cada pequena mudança”, admitiu o consultor da Red Bull, para emendar algo que parece ainda mais cristalino. “Agora sabemos que podemos derrotá-los se agirmos de maneira impecável.”

E o impecável passa também pela ousadia.

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