Mercedes atrevida e Ferrari promissora marcam 1º dia de testes da F1 no Bahrein
O primeiro dia de testes no Bahrein confirmou a expectativa de carros atualizados, mas com um ponto em comum com o que se viu em Barcelona: a Ferrari segue consistente e parece ter encontrado um lugar seguro para a temporada 2022
O primeiro dia de testes no Bahrein começou agitado e confirmou a expectativa de carros revisados e algumas ousadias. Uma delas, sem dúvida, foi a AlphaTauri querendo reabilitar o doce apelido de foguetinho. De fato, Pierre Gasly conduziu a AT03 para a ponta da tabela, depois de calçar confortáveis pneus C5. Ainda que os tempos de volta não sirvam para clarificar a ordem de forças do grid, é preciso destacar a confiabilidade apresentada pelo francês. Foram 103 giros sem grandes problemas. Mesmo assim, o carro azul e branco saltitou bem nas retas de Sakhir, como consequência do efeito-solo. Ou seja, ainda há um caminho a se percorrer aí.
Diferentemente da Ferrari. A equipe italiana brilhou no deserto. Assim como fizera na Espanha há duas semanas, a escuderia mais tradicional do grid seguiu seus instintos e continuou a explorar o potencial da F1-75. Ainda que aquelas pequenas caixas d´água nas laterais do carro falem contra, é inegável dizer que os ferraristas têm nas mãos o projeto mais maduro do grid. E que pode, sim, colocá-los em uma posição mais forte em 2022.
Relacionadas
Depois de andar por 64 voltas, Charles Leclerc comandou a manhã dos testes, tendo como ponto alto o fato de que a Ferrari foi capaz de reduzir o quique de seu modelo. O carro não ‘nada’ tanto quanto na Catalunha. A questão maior no dia teve a ver com a aderência e os diferentes acertos experimentados pela escuderia. Comprovando a extrema confiabilidade, Carlos Sainz acabou na segunda posição – pouco menos de 0s2 mais veloz que o companheiro de equipe, o terceiro na tabela final.
Chama a atenção a decisão dos italianos em andar com os compostos C3 ao longo do dia – os pneus médios, amarelos. Ainda, a Ferrari percorreu o equivalente a dois GPs. Encorajador o início de trabalho, fato.
LEIA TAMBÉM
+Red Bull fala que o carro da Mercedes é ilegal. Wolff retruca: ‘Como sabe?’
+Brawn reforça que Mercedes é legítima: ‘Nenhum carro tem design ilegal’
“Outro bom dia de testes para nós, seguindo de onde paramos em Barcelona, com planos diferentes, mas começando a anotar diferentes acertos. Perdemos um pouco na última saída dos pneus C3, mas no geral, conseguimos testar duas ou três coisas que eram muito importantes para nós, e conseguimos um bom dia de treinos, sem problemas. Os mecânicos estão trabalhando duro no calor, o que nunca é fácil, então agradeço a eles pelo esforço. Temos dois dias longos pela frente, mas espero que sejam produtivos”, disse Sainz ao fim do dia.
Enquanto os vermelhos completaram o programa técnico sem muito drama, a Mercedes foi a equipe que tomou os holofotes no Bahrein. Tal qual a Red Bull em Barcelona, os atuais campeões entre os construtores levantaram sobrancelhas antes mesmo da sessão ter início. Quando a F1 decidiu reunir os carros no grid para uma foto de começo de temporada, os olhos se voltaram para o revisado W13.
▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
A esquadra alemã não fez nenhuma mudança mecânica no carro, mas trouxe soluções bem diferentes do ponto de vista da aerodinâmica. Todos os elementos do modelo parecem convergir para a eficiência no que diz respeito à resistência do ar. Os engenheiros estudaram a fundo o regulamento e optaram por um caminho extremo.
O ‘novo’ W13 surgiu com sidepods – dispositivos nas laterais do carro que ajudam a direcionar o fluxo de ar entre a parte dianteira e traseira – menores e muito mais finos, em um design mais ousado e agressivo. A entrada para os radiadores se tornou bem mais estreita, no lugar das entradas de ar quadradas que apareceram no layout anterior, no circuito de Montmeló.
Outro detalhe no modelo da Mercedes no Bahrein é a presença de ‘guelras’ nas laterais. São duas ‘barbatanas’ presentes nas laterais do W13, assim como a Ferrari e a Aston Martin apresentaram em seus carros. O modelo é muito mais fino e compacto, explorando menos a entrada de ar lateral e valorizando as entradas de ar no assoalho. O resultado é um carro mais delgado na lateral e maior no assoalho, facilitando a criação de vórtices que aumentam a pressão aerodinâmica.
Há também uma inovação na posição dos retrovisores, que ganharam uma espécie de asa de sustentação. A Mercedes mexeu bem nas laterais, na altura do cockpit e na estrutura que protege contra colisão. Foi trabalho robusto e que lembrou muito a decisão da equipe em 2019, quando levou um carro padrão para os testes e, mais tarde, apresentou um modelo inovador.
Mas nem tudo que reluz é ouro. O time de Toto Wolff encontrou problemas ao longo do dia. Lewis Hamilton, que andou pela manhã, se queixou que o carro saía de frente e que foi preciso um ajuste. O modelo também saltou bem, aplicado o efeito do nado do golfinho. “Comparado com Barcelona, tem sido mais difícil equilibrar o carro aqui. Parece que fizemos um pouco de progresso ao longo do dia, mas é sempre difícil julgar com precisão. Teve uma queda da temperatura, e isso tende a favorecer tudo o que você faz no final do dia”, explicou Andrew Shovlin, engenheiro de pista da Mercedes.
“Ainda temos muito trabalho a fazer em relação à validação do kit de atualização e continuaremos o programa de coleta de dados nos próximos dias, então é um pouco cedo para dizer se tudo está funcionando conforme o esperado”, completou.
O dia pareceu interessante também para Williams e Alfa Romeo. A equipe inglesa se colocou na quinta posição da tabela, depois de Alex Albon percorrer 104 voltas. O FW44 se parece um pouco com o W13, uma vez que a esquadra de Grove também tem um modelo compacto e de sidepods mais estreitos e finos. Já a escuderia suíço-italiana pode respirar aliviada. Foi uma sessão com bem menos problemas e mais quilômetros para Valtteri Bottas e Guanyu Zhou.
Pelos lados da Red Bull, as atividades no Bahrein não terminaram de uma forma primorosa. Sergio Pérez rodou na curva 8 e por lá ficou, forçando o fim da sessão. Mas não se engane, os austríacos trabalharam bem nesta quinta-feira. Novamente, o acúmulo de voltas esteve entre os pontos principais. O RB18 parece ser um carro forte e consistente. E hoje, os taurinos optaram mais por esconder suas armas e atacar a rival Mercedes. Não dá para reclamar.
O destaque negativo vai para a Alpine, que pouco andou e teve problemas com o radiador. Ainda precisa dizer a que veio. Na McLaren, o dia foi atrapalhado por Daniel Ricciardo, que passou mal e precisou ser substituído por Lando Norris. A equipe também enfrentou falhas nos freios.
Por fim, a Haas. Depois de driblar um problema para a chegada dos equipamentos à pista do Bahrein, a equipe foi capaz de colocar Pietro Fittipaldi para andar. O carro já surgiu bem diferente, com uma pintura que lembra mais a Dinamarca do que a Rússia. Não à toa, o time escolheu Kevin Magnussen para fazer dupla com Mick Schumacher.
O VF-22 é fraco e ainda demanda desenvolvimento. A temporada não tende a ser das mais fáceis para os americanos. Talvez não tenha sido tão ruim para Pietro ter ficado de fora.
Os testes continuam nesta sexta-feira, a partir das 4h (de Brasília), para o segundo dia de trabalhos no circuito de Sakhir e mais oito horas divididas em dois turnos – 4h às 8h e 9h às 13h. O GRANDE PRÊMIO acompanha a cobertura da pré-temporada da Fórmula 1 no Bahrein AO VIVO e em TEMPO REAL. A análise acontece no Briefing assim que as atividades em pista acabarem.
🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.