Mercedes domina e não precisa de ‘modo festa’ na Itália. Porque nem Verstappen incomoda

O primeiro dia de treinos livres em Monza mostrou que a Mercedes só tem de se preocupar consigo mesma no GP da Itália. O adversário costumeiro, Max Verstappen, não parece ter forças para encarar os velozes carros pretos. E a Red Bull está mais para a F1 ‘B’ do que para a ‘A’

A Mercedes corre sozinha em Monza. Até agora na temporada, a equipe alemã sempre teve em Max Verstappen uma ameaça. Não que o holandês conseguisse enfrentar Lewis Hamilton e Valtteri Bottas de igual para igual. Só que, vez ou outra, era capaz de surpreender. Como a ervilha embaixo do colchão, também costuma incomodar ao impedir dobradinhas. Ou vencer com direito a nó tático. O que acontece só é que a briga com a marca da estrela é dura e quase sempre cruel, dado o domínio técnico que impõe. E o fim de semana do GP da Itália já se desenha como um desses em que nem a insolência de Verstappen parece suficiente para colocar alguma resistência aos homens de preto.

Se os treinos livres desta sexta-feira (4) representassem a sessão que define as posições de largada, seria ainda mais embaraçoso para a concorrência. Isso porque o desempenho imposto por Hamilton e Bottas deixou claro que a Mercedes sequer precisa do ‘modo festa’ para comandar as ações, tamanha performance. De fato, é um balde de água fria, se considerar que a proibição do uso se deu como uma tentativa de promover algum equilíbrio e imprevisibilidade na hora da decisão da pole. E aí, logo na primeira prova sem o ganho de potência, os carros feitos em Brackley se apresentam fortíssimos. Quer dizer, o fim da força extra do motor – recurso desenvolvido pelos hexacampeões há alguns anos e que fez escola – não vai mudar absolutamente nada e nem vai servir para aproximar o grid. Afinal, ninguém andou mais rápido que o time de Toto Wolff em Monza.

Assim, o inglês fechou o dia com a marca de 1min20s192, 0s262 melhor que o colega Bottas. O dono do carro #44 ainda conseguiu impor um ritmo 0s9 mais rápido do que no ano passado. A marca veio durante a simulação de classificação e em cima dos pneus vermelhos macios, os mesmos usados na etapa de 2019. Mas o que impressiona mesmo é o abismo para adversários. Quem mais perto se colocou das Mercedes foi Lando Norris. O jovem piloto da McLaren, carro empurrado por um afinadíssimo motor Renault em pistas de alta, ficou a 0s897 do tempo do hexacampeão. Verstappen foi o quinto, a mais 1s. Por aí se vê o tamanho do problema que o resto do grid tem nas mãos. Não que seja uma surpresa.

Diante desse cenário, não parece provável que alguém se infiltre na disputa da colocação de honra do grid. De toda a forma, a Mercedes segue cautelosa. “Amanhã deve ser interessante, para ver onde todos estão em termos de potência para a classificação, por causa da nova diretiva técnica sobre a configuração do motor. O carro funciona muito bem aqui e parece que estamos em um estágio mais competitivo no que diz respeito à velocidade em linha reta, especialmente na comparação com o último fim de semana em Spa”, explicou Andrew Shovlin, engenheiro de pista da Mercedes.

“As equipes com motores Mercedes provavelmente serão as mais afetadas em uma única volta, mas nosso pacote geral parece muito bom aqui hoje, então espero que não tenhamos surpresas desagradáveis”, completou.

O W11 pode não ter a maior velocidade final, mas possui um equilíbrio poucas vezes visto nos últimos anos – a corrida em Spa é uma prova recente. A verdade é que a Mercedes sacrificou a performance em reta por um melhor desempenho nas curvas. Ainda assim, a dupla não perdeu ritmo em trechos rápidos, como da Parabólica.

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Valtteri Bottas apresentou o melhor ritmo de corrida que Lewis Hamilton (Foto: Mercedes)

E se o carro tem um bom acerto na combinação entre os setores velozes e mais técnicos, isso quer dizer que será replicado em corrida, também num maior gerenciamento dos pneus. Bottas foi melhor e mais consistente que Hamilton em desempenho de prova, sobretudo com o pneu branco.

Importante também destacar que a Mercedes obteve o melhor desempenho com os três tipos de pneus em Monza. Com maior carga, Bottas virou 1min20s932. Hamilton garantiu os giros mais rápidos com os macios e os médios (1min20s645). O composto para a corrida, que tende a ser de uma única parada, é o duro.

Agora, com a esquadra alemã em sua própria liga e sem a companhia de Verstappen, como fica o resto? Fica mais parelho. A Red Bull parece mais perto da F1 ‘B’, porque tomou tempo em volta única e perde muito em ritmo de corrida – quase 0s8. Mas há uma esperança, uma vez que Pierre Gasly mostrou grande performance, tanto em classificação como em corrida. O quarto tempo é reflexo também do progresso do carro, mas também da força do motor Honda. Só que os energéticos vão enfrentar ainda uma dura disputa com a McLaren e a Renault, além da Racing Point. Esse pelotão parece compacto o bastante para tornar qualquer previsão precipitada. Também é importante ficar de olho no vácuo. Apesar das advertências dos comissários, a tendência é ver uma fila indiana nos momentos decisivos.

Pilotos formam fila na reta oposta de Monza durante o segundo treino livre (Foto: Reprodução/TV)

E a Ferrari? Bem, os italianos seguem em seu calvário atrás de performance e equilíbrio. A SF1000 apareceu em Monza com pouquíssima asa, e os dois pilotos tiveram dificuldades de manter o carro na pista. Charles Leclerc se queixou em diversos momentos sobre a dirigibilidade e a falta de potência. Já Sebastian Vettel apontou também a alta pressão dos pneus como um problema a mais para lidar. A Pirelli aumentou a pressão mínima do pneu dianteiro semana para 26 psi, muito maior que os 23,5 psi do ano passado. Uma nova dor de cabeça para quem está com a cabeça a prêmio.

Mas há de destacar um passinho à frente dado pela escuderia. Leclerc conseguiu terminar o dia com o nono tempo, enquanto o tetracampeão foi 13°.

A Fórmula 1 volta a acelerar em Monza na manhã deste sábado, a partir de 7h (de Brasília), enquanto o treino classificatório que vai definir o grid de largada está marcado para 10h. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo sobre o GP da Itália AO VIVO e em TEMPO REAL.

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