Schumacher reage sob pressão, e retrospecto mostra que melhor ainda está por vir

Os pontos na Inglaterra tiraram um peso das costas de Mick Schumacher — aparentemente maior que o próprio sobrenome. A julgar pelo retrospecto em séries anteriores, a tendência é vermos resultados ainda melhores do alemão, ainda que a falta de atualizações da Haas seja uma grande pedra no meio do caminho

GP da Inglaterra, 3 de julho. Nos metros finais, Mick Schumacher tentava uma manobra final sobre o atual campeão da Fórmula 1, Max Verstappen, na briga pelo sétimo lugar. O holandês se defendeu, deixando o alemão receber a bandeirada em oitavo, mas a comemoração nos boxes da Haas era como se o #47 tivesse conquistado uma vitória.

Era, na verdade, uma vitória, ainda que pessoal. Com o oitavo lugar em Silverstone, Mick chegava aos seus suados primeiros pontos na F1. Veio a corrida seguinte, na Áustria, e o filho de Michael Schumacher foi além. Com direito a “pega” contra Lewis Hamilton, o sexto lugar o fez chegar a 12 pontos em duas corridas. Mais do que o resultado, no entanto, o que mais surpreendia era a mudança de postura do jovem alemão, que decidiu fazer das inúmeras críticas e contestações um combustível para virar a chave e engrenar no Mundial.

Relacionadas

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2

Mick Schumacher engrenou após o Canadá e pode conquistar ainda mais em 2022 (Foto: Haas F1 Team)

GP de Mônaco, 29 de maio. Na volta 26, Schumacher perdia a traseira do carro e batia tão forte contra o guard-rail que o Haas #47 se partiu em dois. Era a segunda vez na temporada 2022 que o jovem alemão destruía um carro — a primeira havia sido na classificação para a corrida na Arábia Saudita, e a violência do impacto foi tão grande que Mick ficou fora da prova de domingo.

Nos dois acidentes, felizmente nada aconteceu com Schumacher, mas a batida nas ruas de Monte Carlo, especialmente, provocou uma onda de cobranças públicas vindas de Guenther Steiner, chefe da Haas. “Acho que ele sabe que não é bom para a equipe ficar batendo o carro. Se eu tivesse de explicar isso, então não deveria estar aqui, ele conhece os danos.”

A razão era muito simples: limitados pelo teto de gastos da F1, e ainda sem o patrocínio da russa Uralkali, a equipe americana não podia se dar ao luxo de ter de reconstruir carros em tão pouco tempo. A mensagem, portanto, era clara: Mick precisava parar de bater, não só pelo seu próprio bem, mas pela saúde financeira da equipe.

“Em algum momento, vamos ficar sem peças, mesmo que se coloque dinheiro nisso, fisicamente se torna impossível. Assim, precisamos garantir que nada aconteça com o carro, então, Schumacher precisa se ajustar e não fazer o que fez em Monte Carlo. Não há uma resposta simples. Há muitas coisas que precisamos resolver agora”, declarou na época Steiner.

Ainda havia outro detalhe: em sete corridas realizadas até então, a Haas só contava com os 15 pontos conquistados por Kevin Magnussen. O melhor resultado de Mick era o décimo lugar na sprint race na Emília-Romanha, mas apenas os oito primeiros pontuam na corrida de classificação.

Veio o GP do Azerbaijão, e a impressão que dava era que Schumacher havia optado pelo ditado “devagar se vai ao longe”. Ao menos não bateu, mas andar num ritmo abaixo do esperado também não era a solução buscada pela Haas.

Então aconteceu a classificação no Canadá, e Mick resolveu virar a chave: cravou uma ótima sexta posição, no grid, logo atrás do companheiro Magnussen. Na corrida, porém, um problema o fez abandonar, mas apesar do banho de água fria, o tom já era completamente diferente. “É importante ter um bom resultado. Mas também é algo para se construir. E, sabe, apenas prova a todos que, sim, estou aqui por uma razão”, disse o piloto.

Mick Schumacher fez o sexto melhor tempo na classificação do GP do Canadá (Foto: Haas F1 Team)

Se olharmos para o retrospecto de Schumacher nos dois degraus anteriores à F1, não é exagero dizer que a segunda metade do ano tem tudo para levar o filho de Michael a conquistas ainda maiores. Ainda que seja difícil de explicar, a verdade é que Mick não impôs domínios por onde passou desde o início da temporada, mas surpreendentemente precisou de apenas meio campeonato tanto na F3 quanto na F2 para atropelar os adversários e conquistar os títulos.

“Como atleta, você está sempre em busca dessa pressão porque é isso que vai ‘acender a chama’ que faz você ir mais rápido. E [os comentários de Steiner] fizeram isso, de certa maneira. Chegar à zona de pontuação em Silverstone era exatamente o que eu precisava para as coisas começarem a dar certo para mim”, disse Schumacher.

É difícil fazer qualquer previsão de como serão as próximas corridas para o piloto, mas um ponto crucial não pode ser deixado de lado: o desempenho da Haas peca muito pela falta de atualizações, ficando à mercê das características da pista onde vai correr. Não dá, portanto, para esperar que Schumacher agora seja presença certa no top-10 em todas as 11 etapas que ainda restam em 2022.

Mas uma coisa não se pode negar: sim, ele tem talento, e aqui vale destacar a briga contra Lewis Hamilton na sprint race na Áustria. Schumacher fez algumas linhas de defesas dignas de um piloto veterano, e também passou limpo em todas as disputas por posição. Na corrida principal, ainda conseguiu dar um troco ao ultrapassar o piloto da Mercedes no início. E como prêmio, foi eleito o Piloto do Dia pela torcida.

Muito se espera do sobrenome Schumacher na Fórmula 1, e não é por menos. Mick sabe que sempre carregará o peso de ser o filho de um dos maiores pilotos que já passaram pela categoria. Mas ao menos o peso da falta de pontos ficou para trás na Inglaterra, e isso, sem dúvida, fez efeito. Como disse o próprio jovem, “da minha parte, estou feliz em agora poder focar no que realmente é importante: as corridas e a minha pilotagem”.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.