Morte de Frank Williams é “fim de uma era”, diz Ecclestone: “Não há mais homens como ele”

Bernie Ecclestone destacou a resiliência e resistência de Frank Williams e revelou que o histórico dirigente se foi sem sofrimento no último domingo

A WILLIAMS DEIXA DE SER COMO TODOS CONHECEMOS | FLAVIO GOMES

Frank Williams e Bernie Ecclestone foram contemporâneos em um tempo que dirigentes garagistas fizeram história na Fórmula 1. A Williams de Frank e a Brabham de Ecclestone lutavam contra outras grandes equipes comandadas por seus fundadores, como Enzo Ferrari, Ken Tyrrell e Colin Chapman, lendário chefe da Lotus. Uma era que, definitivamente, não existe mais depois da morte daquele que é chamado por muitos como o último dos garagistas.

Williams, aos 79 anos, se foi no último domingo (28), sem sofrimento, e deixou um legado de muita resiliência, resistência, luta e vitórias. Ecclestone exaltou a trajetória do amigo e parceiro ao longo de muitos anos de Fórmula 1 e disse que a próxima existência da categoria não seria possível sem alguém como o agora saudoso dirigente.

“Frank era uma daquelas pessoas que pertencia à velha guarda. Sem gente como ele, que construiu a Fórmula 1, duvido que essa categoria tivesse seguido em frente. Naquela época, você poderia ter comprado um motor ou uma caixa de câmbio sem necessariamente ter milhões à disposição, ou com mil pessoas disponíveis”, disse Bernie em entrevista à agência de notícias Reuters.

“É o fim de uma era”, declarou o ex-chefão da F1, hoje com 91 anos.

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Morte de Frank Williams decreta fim de uma era na Fórmula 1, diz Bernie Ecclestone (Foto: Williams)

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“Ele era um homem sempre à frente. Falava de tudo: sabia sobre suéteres de cashmere quando eu nunca havia ouvido falar em cashmere. Quando ele me pediu um empréstimo de 2 mil libras, ele me garantiu que me devolveria em dez dias. Seguro como o ouro, Frank voltou depois de dez dias com 2 mil libras”, recordou.

Bernie contou como soube da morte do amigo. E disse que a notícia, ao mesmo tempo que o deixou naturalmente triste, também trouxe algum alívio.

“Claire me ligou para dizer que tínhamos perdido Frank, o que me deixou feliz e infeliz ao mesmo tempo. Obviamente, ela estava chateada, até porque também a haviam contatado do hospital para avisá-la que fosse vê-lo, pois ele não teria muito tempo para estar conosco. Perguntei se ele havia sofrido, e ela confirmou que isso não aconteceu. Ele sempre cuidou bem de si mesmo, mas talvez essas coisas sejam uma bênção disfarçada”, comentou.

O antigo dirigente máximo da Fórmula 1 ressaltou a forma como Frank Williams lidou com a tetraplegia depois do acidente automobilístico que sofreu na França em 1986 e que o fez se locomover por meio de cadeira de rodas desde então.

“Sua história é incrível, ninguém no mundo viveu como ele nessas condições, mas ele nunca reclamou. Nunca choramingou. Ele seguiu sendo o melhor que pode ser. Era um lutador. Frank era simplesmente Frank. Por isso ele se dava bem com todos e todos gostavam dele”, relembrou.

Enquanto Dr. Sid Watkins, antigo médico da Fórmula 1, chegou a cravar que Williams não teria muitos anos de vida, o icônico fundador da equipe contrariou todos os prognósticos e conseguiu prolongar sua vida por mais de 35 anos.

“Após o acidente, conversei com professor Sid Watkins para perguntar se ele seria capaz de sobreviver. Ele me disse que [Frank] passaria seis meses olhando para o teto e duvidava seriamente que ainda pudesse vê-lo vivo. Watkins era um homem que conhecia muito da ciência, mas Frank conseguiu provar que todos estavam errados. Não há mais homens como ele”, finalizou Bernie Ecclestone.

WILLIAMS: DO CARRO DE OUTRO MUNDO AO FIM DO GRID NA FÓRMULA 1 | CADEIRA CATIVA
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