Na Garagem: em 2003, Alonso se tornou mais jovem vencedor da F1 na Hungria

Há 12 anos, Hungaroring viu nascer a trajetória vitoriosa de um dos maiores pilotos da F1 em seu tempo. Fernando Alonso conquistava, em Budapeste, a primeira das suas 32 vitórias na categoria, tornando-se, à época, o mais jovem a triunfar, com 22 anos e 26 dias. O recorde seria batido cinco anos depois por Sebastian Vettel

Em 2003, Fernando Alonso fazia sua primeira temporada em uma equipe média. Depois de fazer sua estreia na F1 pela italiana Minardi e passar 2002 como piloto de testes da Renault, o espanhol foi alçado ao posto de titular pelo empresário, o sempre polêmico Flavio Briatore, e fez par com Jarno Trulli pelo time anglo-francês no ano seguinte. Os resultados não tardaram a aparecer: marcou a pole logo na segunda corrida, na Malásia, com 21 anos e 236 dias — o recorde de pole mais precoce da história só seria batido em 2008, na Itália, por Sebastian Vettel.

Durante o ano, Alonso foi mais consistente que Trulli: nas 12 primeiras corridas, o espanhol terminou três delas no pódio e, em outras seis ocasiões, fechou a prova na zona de pontuação. Trulli, para efeito de comparação, foi só uma vez ao pódio e terminou outras sete vezes entre os oito primeiros. Alonso bateu Trulli por 55 x 33 na tabela ao fim do ano, num desempenho bastante convincente.

O ano de 2003 na F1 é subestimado por estar no meio da trajetória brilhante de Michael Schumacher na Ferrari, mas essa temporada é uma das mais competitivas da história da categoria. Naquele ano, o Mundial teve nada menos que sete vencedores diferentes em 16 provas, com pilotos de três escuderias diferentes (Ferrari, McLaren e Williams) brigando pelo título até à penúltima etapa, nos Estados Unidos.

Largada do GP da Hungria de 2003 (Foto: LAT Photographic/Renault)

Ao deixar Hungaroring, em 24 de agosto de 2003, a tabela apontava Michael Schumacher, da Ferrari, com 72 pontos; Juan Pablo Montoya, da Williams, com 71; Kimi Räikkönen, da McLaren, com 70; Na briga entre os Construtores, a disputa também era ferrenha: a Williams tinha 129, a Ferrari 121 e a McLaren, 115.

Entretanto, aquele final de semana assistiu o nascimento de uma nova estrela da F1, a bordo da Renault azul e amarela patrocinada pela marca de cigarro Mild Seven.

No sábado, aproveitando as características do circuito de Hungaroring, Alonso cravou a pole com o tempo de 1min21s688. Ralf Schumacher, com a Williams, viria 0s256 atrás e largou em segundo. A grande surpresa do treino foi Mark Webber, da pequena Jaguar: com o tempo de 1min22s027, ele saiu em terceiro. Os postulantes ao título? Montoya foi quarto lugar no grid e Kimi, apenas sétimo, dividindo a quarta fila com o Schumacher mais velho.

Foi pela Renault que Fernando obteve suas maiores glórias na F1 (Foto: LAT Photographic/Renault)

Largando do lado limpo da pista, Alonso sustentou a ponta, trazendo com ele o australiano da Jaguar. Montoya caiu de quarto para oitavo; Ralf rodou logo na segunda curva e caiu para décimo. Räikkönen aproveitou a lambança da dupla da Williams e assumiu o terceiro posto.

Protegido por Webber, Alonso conseguiu abrir 7s de vantagem nas três primeiras voltas. Uma vantagem segura, mas que poderia ser desfeita se Kimi, com uma McLaren mais veloz, passasse o australiano. Isso não aconteceu, e o espanhol abriu 21s para a Jaguar em apenas 12 voltas. Alonso perguntou no rádio: “Onde estão os outros?”. Recebeu como resposta a seguinte frase de Pat Symonds: “Estão todos 15s atrás”.

Quando voltou à pista depois de fazer sua parada, na volta 13, Alonso estava atrás apenas do finlandês da McLaren. Três giros depois, todos os pilotos da dianteira haviam feito suas paradas, e Alonso retomou a primeira posição. Kimi, por conta da estratégia, finalmente conseguiu passar Webber. Na segunda rodada de pit-stops, Alonso foi o último a parar dentre os líderes e tinha tempo suficiente ainda voltar na ponta.

Muitos dizem que foi uma vitória circunstancial. Ou ainda que, se não fosse Webber segurar o pelotão, Alonso não teria vencido. No entanto, o espanhol fez uma corrida madura para um rapaz de 22 anos e 26 dias — outro recorde que foi batido apenas por Vettel cinco anos depois pela Toro Rosso, no incrível GP da Itália, em Monza.

Briatore vibra ao lado do pupilo Alonso pela vitória na Hungria (Foto: LAT Photographic/Renault)

Bem ao seu estilo, Alonso soube andar rápido e controlar a velocidade para poupar o equipamento numa pista tão desgastante quanto Hungaroring. A cereja do bolo foi aplicar uma volta de vantagem no companheiro de equipe Trulli e no então pentacampeão Schumacher.

“Um sonho que virou realidade. Tenho apenas 22 anos e consegui minha primeira vitória. Espero ter uma longa carreira com muitas vitórias”. O desejo foi concretizado, e hoje o espanhol tem 32 triunfos, o sexto maior vencedor da história da F1. No entanto, embora seja considerado por muitos como o mais completo piloto do grid, Alonso já amarga mais de dois anos sem uma vitória. A sua última foi em 12 de maio de 2013, no seu penúltimo ano pela Ferrari.

Rubens Barrichello vinha em terceiro na volta 19 quando sua suspensão dianteira esquerda quebrou no fim da reta. Por sorte, o brasileiro da Ferrari não se machucou. A Ferrari justificou a quebra dizendo que “Barrichello atacou a zebra em um ângulo pouco usual”. Uma frase para o imenso anedotário de Rubens nos tempos de Ferrari.

Fernando Alonso comemora primeira vitória na F1 (Foto: LAT Photographic/Renault)

Kimi chegou em segundo e grudou de vez na briga com Montoya e Schumacher pelo título. O colombiano fechou o pódio e Ralf, após o começo desastroso das Williams, terminou em quarto lugar. David Coulthard, na outra McLaren, saiu de nono no grid para quinto na corrida com uma estratégia de três paradas — o escocês andou o tempo todo em ritmo de classificação.

Webber conseguiu, pela terceira vez, o sexto lugar numa prova. Um prêmio para a estratégia também ousada do australiano — sempre treinar com pouca gasolina e tentar manter as posições entre os ponteiros. Para o mais velho dos Schumacher, restou a consolação de sair da Hungria com um pontinho no bolso. Uma conquista pequena, mas que se revelaria fundamental na decisão do título, sete semanas depois, no Japão.

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