Na Garagem: Farina vence, vira sobre Fangio e se torna primeiro campeão da F1

Nino Farina levou o carro até o fim e conquistou o título numa virada improvável sobre os dois companheiros de equipe. O italiano é o piloto mais idoso a vencer um Mundial inédito: ele tinha 44 anos quando ergueu o troféu em Monza

Itália, França e Grã-Bretanha formam uma espécie de eixo da F1. Nos primórdios da categoria, eram desses três países a maioria dos pilotos, equipes e autódromos do campeonato. Em 1950, primeiro ano de disputa da maior categoria do automobilismo, quem reinava nas pistas era a Alfa-Romeo.
 
Giuseppe Farina e Luigi Fagioli, ambos italianos, e Juan Manuel Fangio, argentino, foram os pilotos envolvidos na disputa pela taça de 1950. Todos eles pilotos da Alfa-Romeo. O campeonato teve apenas sete etapas – Inglaterra, Mônaco, Indianápolis, Suíça, Bélgica, França e Itália. Numa disputa tão curta, cada corrida tinha peso enorme na luta pelo título.
 
Fangio teve um ano resumido na expressão ‘win or wall’: das seis corridas nas quais participou, o argentino abandonou três e venceu três. Com Fagioli, aconteceu o oposto: ele chegou na última prova do ano com chances de título mesmo sem vencer nenhuma etapa: foi segundo colocado em quatro das cinco provas e abandonou somente em Mônaco. 
 
Nino Farina combinou a velocidade de Fangio para vencer três etapas, com a regularidade exibida pelo compatriota Fagioli: terminou cinco das seis etapas que disputou. É dele a vitória no primeiro GP da história em Silverstone, na Inglaterra, em 13 de maio de 1950.
Nino Farina foi o primeiro campeão da história da F1 (Foto: Forix)
Quando a F1 chegou a Monza, em 3 de setembro, a tabela apontava Fangio com 26 pontos, Fagioli com 24 e Farina com 22. Para os dois primeiros, era uma questão de ganhar a corrida e ser o primeiro campeão da história. Farina não dependia mais dele mesmo: precisava vencer e torcer para que o argentino ficasse do terceiro lugar para baixo.
 
A Alfa-Romeo dominou os treinos e Fangio marcou a pole, com 1min58s600, em um circuito de Monza com 6,3km e ainda sem as chicanes. A velocidade média era de 180 km/h em carros muito mais frágeis e expostos que os monopostos atuais. Correr de F1 nos primórdios da categoria era uma atividade audaz e temerária.
 
Com a Ferrari, Alberto Ascari era o único intruso na festa das Alfa-Romeo. Ele largou em segundo, apenas 0s2 atrás do argentino. Farina e Fagioli, os outros dois candidatos ao caneco, largavam em terceiro e quinto, respectivamente. Entre eles, Consalvo Sanesi, fazendo com que a Alfa tivesse quatro carros entre os cinco mais velozes do grid.
 
O argentino manteve a ponta, mas tinha a Ferrari de Ascari — que hoje nomeia uma das chicanes do circuito de Monza — em seu encalço. O ferrarista chegou a tomar a primeira posição de Fangio na volta 14, mais o argentino retomou a liderança apenas dois giros depois. Na volta 21, o motor da Ferrari superaqueceu e explodiu, fazendo Ascari levar o carro aos boxes. 
 
Rapidamente, a Ferrari mandou Dorio Serafini parar e ceder o carro ao colega de equipe. Duas voltas depois, quem sofreu um problema mecânico foi o líder Fangio. A caixa de câmbio quebrara, e a Alfa-Romeo imitou o procedimento da Ferrari: Piero Taruffi cedeu o carro ao argentino, que voltou à pista em segundo lugar.
O primeiro campeão da F1 foi coroado em Monza em 1950 (Foto: Reprodução/Twitter/Mercedes)
Passadas 24 voltas das 80 previstas, Fangio era o campeão, pois estava marcando seis pontos e chegando a 32 contra apenas 30 de Farina. Mas na passagem 34, o motor do Alfa-Romeo de Fangio não resistiu e, com a segunda quebra, o argentino viu desfeitas as suas chances de ser campeão do mundo. Restava a Fangio torcer para que Farina terminasse fora do pódio se quisesse ganhar o título.
 
Entretanto, Farina levou o carro até o fim e conquistou o título numa virada improvável sobre os dois companheiros de equipe. O italiano é o piloto mais idoso a vencer um Mundial inédito: ele tinha 44 anos quando ergueu o troféu em Monza. A marca só seria batida por Fangio quando o argentino venceu o seu quarto título, em 1956. Esse GP marca outro recorde de longevidade: Philippe Étancelin, da Talbot, é o segundo piloto mais velho a pontuar na F1, com 53 anos e oito meses de idade. Bem mais velho que os 17 anos e seis meses de Max Verstappen, o mais jovem pontuador.
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