Na Garagem: Hawthorn aproveita jogo de equipe da Ferrari, é 2º no Marrocos e confirma título mundial

Mike Hawthorn levou a melhor sobre Stirling Moss - apesar de Moss ter vencido o GP do Marrocos. Com jogo de equipe da Ferrari, que ordenou que Phil Hill desse espaço para Hawthorn tomar a segunda colocação, o piloto inglês cruzou no segundo posto e confirmou o título mundial de 1958. Stuart Lewis-Evans sofreu um acidente grave, que provocou sua morte seis dias depois

Era um 19 de outubro como hoje, só que há exatos 60 anos. A F1 encerrava após um ano difícil, até trágica. Mike Hawthorn saíra do GP da Itália em boa vantagem e partia em amplas condições de encerrar aquele ano com o título com a Ferrari. Apesar de não fazer uma corrida de sonhos no Marrocos, foi exatamente o que aconteceu. Aos 29 anos, se aposentou da F1 com o título.

 
Hawthorn levou a melhor já no treino de classificação e cravou a pole-position com 0s1 de vantagem para Stirling Moss, que estavam em sua captura com o bólido da Vanwall. Stuart Lewis-Evans, também de Vanwall, Jean Behra, de BRM, e Phill Hill e Oliver Gendenbien, nas outras duas Ferrari, fechavam o top-6.
 
O título era uma barreira a mais para Hawthorn superar naquele ano. Peter Collins, companheiro de Ferrari e amigo, morrera em acidente no GP da Alemanha, enquanto Luigi Musso, um dos grandes rivais da vida de Hawthorn, morreu em acidente no GP da França. Numa época em que as equipes não tinham limite de dois carros na pista, Musso e Collins começaram o ano como companheiros de Hawthorn na Ferrari.
 
Hawthorn sequer conseguiu segurar as primeiras colocações na largada. Ao fim da volta inicial, Moss liderava e Hill ocupava a segunda colocação, com o inglês em terceiro. Moss, na verdade, jamais colocou em dúvida que tinha o melhor carro. Disparou, deixando para o rival a obrigação de segurar os pontos necessários – o segundo posto no caso da vitória de Moss.
Mike Hawthorn (Foto: Mike-Hawthorn.org)

Hawthorn chegou ao segundo posto após um excesso de Hill, mas não segurou por muito tempo. Hill era mais rápido e se recuperou, enquanto Tony Brooks começava a escalar o pelotão, deixava Jo Bonnier e Hawthorn para trás e ocupava o terceiro lugar. 

 
O líder do campeonato demorou um pouco, mas enfim alcançou Brooks para retomar o terceiro posto. Em seguida, o motor Vanwall de Brooks estourou. Mas estava alinhado o movimento necessário para a Ferrari fazer sua escolha. Com Hill ainda longe de Moss, a equipe italiana sinalizou para que ele começasse a diminuir o ritmo.
 
14 voltas depois, Hawthorn chegou e deixou Hill para trás. Com os cumprimentos ferraristas, era o necessário para o título da temporada 1958.
 
Sem ameaças reais atrás deles, as Ferrari caminharam juntas para terminarem nas posições dois e três, ainda que mais de 1min20s atrás de Mossa. Não importava, porque Hawthorn era campeão mundial daquele ano.
 
Uma tragédia a mais, porém, vitimou o campeonato. Lewis-Evans teve uma quebra de motor ao contornar uma curva. O carro acabou sendo jogado para fora da pista – e da estrada -, acertou uma árvore e pegou fogo. O piloto conseguiu deixar o carro sozinho, mas os ferimentos eram poderosos demais. Levado de volta à Inglaterra num helicóptero pago por Tony Vandervell, o dono da Vanwall, Lewis-Evans morreu no hospital seis dias depois. Vandervell ficou desesperado com a morte, largou a conexão com o time e abandonou a F1.
 
Outro acidente forte da corrida foi o que envolveu o francês François Picard. Embora tenha se recuperado dos ferimentos, ele não voltou às corridas.
 
Por conta dos acidentes, a comemoração de Hawthorn foi discreta. Moss, irritado com a forma como perdeu o campeonato, provocou o rival: "Você conseguiu o seu velho mais ou menos", disse.
 

Após aqueles meses complicados, Hawthorn precisava pensar. Uma semana depois, escreveu uma carta endereçada a Enzo Ferrari onde avisava que estava se aposentando das pistas.

 
Hawthorn foi viver a vida de aposentado. Mas, por umas curvas bizarras do destino, o resto da vida do campeão mundial durou apenas alguns meses. Em 22 de janeiro de 1959, Hawthorn bateu seu carro de passeio, um Jaguar 3.4-litre, na A3 Guildford bypass, que liga Londres a Portsmouth.
 
Vencedor do Mundial de F1 e das 24 Horas de Le Mans, Hawthorn foi um caso trágico de alguém que tentou escapar das fatalidades da F1 e acabou sendo vítima de outra forma. 
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