Na Garagem: Michael Schumacher estreia na Fórmula 1 pela Jordan no GP da Bélgica

Ninguém sabia o que Michael Schumacher ainda faria na F1, mas o cartão de visitas dado pelo alemão em sua estreia no Mundial certamente impressionou: o piloto largou em sétimo no seu debute no Mundial com a famosa Jordan verde e patrocinada pela 7Up. Há 30 anos

Fernando Alonso acelerou o Renault R.S.18, pintado com as cores da Alpine, no sábado em Le Mans (Vídeo: WEC)

Há exatos 30 anos, em 25 de agosto de 1991, a Fórmula 1 presenciava o começo da trajetória de um dos seus maiores e mais vitoriosos nomes. Em Spa-Francorchamps, palco do GP da Bélgica, Michael Schumacher, então com 22 anos, alinhava a famosa Jordan verde, com patrocínio da 7Up, na sétima posição do grid para sua primeira largada no Mundial. A jornada do jovem alemão durou apenas algumas curvas em razão de um problema na embreagem. Ninguém fazia ideia de que, anos mais tarde, Schumacher viraria sinônimo de vitórias, títulos e história na Fórmula 1.

Schumacher ascendeu ao grid da Fórmula 1 na esteira de uma história surreal. Mesmo conhecida, é fundamental recordá-la. Antes, também é preciso mencionar o histórico do piloto desde o kartismo: vice-campeão do mundo em 1985, campeão alemão e europeu em 1987, Michael se transferiu para os monopostos a partir de 1988. Em 1990, já brilhava nas pistas do mundo com vitória na prova mais famosa da Fórmula 3, em Macau, além de conquistar a taça da F3 Alemã.

O êxito de Schumacher chamou a atenção da Mercedes, que o colocou em um dos carros do Mundial de Esporte Protótipos da FIA. À época, a Mercedes era associada à Sauber, e foi com essa combinação que Michael fez corridas importantes no endurance, como as 24 Horas de Le Mans.

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Eddie Jordan deu a primeira chance para Michael Schumacher na Fórmula 1 (Foto: Forix)

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Michael, com cada vez mais destaque, entrou na órbita da Fórmula 1 de forma inusitada. A Jordan precisava de forma urgente de um substituto para Bertrand Gachot. O luxemburguês, titular da então equipe novata ao lado de Andrea de Cesaris, havia sido preso em Londres depois de se envolver em um acidente com um táxi e uma subsequente briga de trânsito. No meio da confusão, Gachot atirou gás lacrimogêneo contra outro motorista.

Por causa disso, o piloto não pôde voltar ao seu país para disputar o GP da Bélgica. Em sua corrida de casa, vários pilotos apareceram com camisetas com os dizeres ‘Gachot, why?’ (‘Por quê, Gachot?’, em tradução livre), ou ‘Free Gachot’, (algo como ‘Gachot Livre’), como forma de protesto contra a decisão da justiça inglesa.

Willi Weber, empresário de Schumacher à época, ofereceu os serviços do jovem de 22 anos a Eddie Jordan, dono da equipe. O dirigente, então, queria saber se Michael já havia pilotado em Spa-Francorchamps, algo que o agente respondeu de forma positiva. Mas era mentira. A primeira experiência de Schumacher no circuito belga foi com uma bicicleta, dias antes de estrear pra valer com o carro da Jordan na F1.

Mas a vaga não saiu de graça. Eddie Jordan cobrou seu preço para colocar um novato no carro. Foi então que a Mercedes deu uma grande força a Schumacher e Willi Weber e pagou cerca de US$ 300 mil pela vaga.

Antes de seguir para a Bélgica, Schumacher testou em Silverstone, casa da Jordan — que deu origem a uma geração equipes que ocuparam seu lugar ao longo da história: Midland, Spyker, Force India, Racing Point e, atualmente, Aston Martin.

Schumacher fez sua estreia na Fórmula 1 no fim de semana do GP da Bélgica (Foto: Forix)

Em Spa-Francorchamps, Schumacher evoluiu bem ao longo do seu primeiro fim de semana de F1. Foi 11º lugar no primeiro treino livre, quinto colocado no TL2 e oitavo na sessão classificatória que era realizada na sexta-feira. Na classificação de sábado, Michael marcou o sexto tempo, mas no combinado dos tempos o jovem alemão se posicionou em sétimo no grid.

Colocar o carro de uma equipe que também estreava na F1 naquele ano atrás somente das McLaren de Ayrton Senna e Gerhard Berger, da Ferrari de Alain Prost e Jean Alesi, da Williams de Nigel Mansell e da Benetton de Nelson Piquet foi uma façanha enorme.

Schumacher largou lado a lado com a Benetton de Roberto Pupo Moreno. O alemão andou apenas alguns metros para abandonar em razão da falha na embreagem da sua Jordan. A equipe irlandesa fez bonito e quase conquistou seu primeiro pódio com De Cesaris, que abandonou com problemas no motor quando estava em segundo. A vitória ficou com Senna, com Berger em segundo e Piquet em terceiro. Foi o último pódio de Nelson na F1.

Quanto a Schumacher, seu cartão de visitas já estava apresentado. Tanto que Flavio Briatore se apressou para contratá-lo e não titubeou em dispensar Roberto Moreno para colocar Michael no carro da Benetton já na corrida seguinte, o GP da Itália. Anos depois, a equipe da grife italiana tornou-se bicampeã mundial graças a Michael Schumacher.

A Alemanha marcou presença com frequência no calendário da Fórmula 1 desde os primeiros anos, mas curiosamente não tinha uma tradição de grandes pilotos na categoria. Antes de Schumacher, o país tinha somente três vitórias no Mundial: Wolfgang von Trips, com a Ferrari nos GPs da Inglaterra e da Holanda de 1961, e Jochen Mass, com a McLaren no GP da Espanha de 1975.

MICK SCHUMACHER; JORDAN; SILVERSTONE;
Recentemente, Mick Schumacher pilotou a Jordan do primeiro teste do pai na F1 (Foto: Haas F1 Team)

Schumacher conquistou sua primeira vitória justamente na Bélgica, pouco mais de um ano depois da sua estreia, no GP da Bélgica de 1992. Ao longo de uma trajetória que teve passagem de destaque pela Benetton e uma jornada laureada pela Ferrari, além de três anos mais apagados após voltar da aposentadoria, pela Mercedes, o currículo do piloto germânico foi recheado de glórias: 91 vitórias, 68 poles, 77 voltas mais rápidas, 155 pódios e sete títulos mundiais em um total de 307 GPs disputados.

Desde 29 de dezembro de 2013, Schumacher luta pela vida e se recupera depois do grave acidente sofrido na estação de esqui de Méribel, nos Alpes Franceses, onde passava férias com a família e curtia sua aposentadoria das pistas. O estado clínico do heptacampeão mundial é mantido sob sigilo pela família. Família que tem em Mick Schumacher, filho de Michael e estreante na F1. Justo com os mesmos 22 anos que o pai tinha quando debutou na categoria.

Recentemente, Mick Schumacher voltou no tempo e pilotou a Jordan verde eternizada pelo pai na mesma Silverstone que foi palco do primeiro teste daquele que viria a ser um dos maiores de todos os tempos na F1.

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