Na Garagem: Piquet vence primeira na F1 em dia de último pódio de Fittipaldi

Nelson Piquet era a estrela em ascensão, isso enquanto Emerson Fittipaldi realizava seus últimos atos na F1. Em momentos quase opostos, os compatriotas tiveram a chance de dividir o pódio em Long Beach em 1980, exatos 40 anos atrás

Ciclos. O automobilismo, assim como a vida como um todo, é feito de vários. Por vezes, coincidências permitem que eles comecem e terminem no mesmo dia. De certa forma, foi isso que aconteceu exatos 40 anos atrás, no GP dos Estados Unidos de 1980: no mesmo 30 de março, Nelson Piquet conquistou sua primeira vitória e foi ao pódio com Emerson Fittipaldi, que participava do último banho de champanhe de sua carreira na Fórmula 1.
 
A corrida em questão foi em Long Beach e, em nome da precisão, foi o GP dos Estados Unidos do Oeste. Era a quarta prova de um campeonato que tinha Renault e Williams como favoritas inicias, apostando suas fichas respectivamente em René Arnoux e Alan Jones. Piquet pilotava uma Brabham que, apesar de mostrar alguns sinais promissores nas três etapas iniciais, ainda estava longe de ser uma dor de cabeça para as rivais. Essa impressão só durou até o treino classificatório em Long Beach: foi quando o brasileiro conseguiu uma pole-position com tempo nada menos do que 0s995 melhor que o do adversário mais próximo, Arnoux.
 
Era o primeiro sinal de vida da Brabham como uma possível candidata ao título em muito tempo. 1979 foi desastroso para a equipe de Bernie Ecclestone, fazendo Niki Lauda pular da barca e colocando Piquet em evidência. Com uma pole tão dominante, Nelson deixava claro que controlava seu destino: uma prova sem erros deveria bastar para conseguir a primeira vitória brasileira desde 1975.
 
Para Fittipaldi, o domingo não seria um passeio no parque. Carregando nas costas a equipe sua própria equipe, que já nem o patrocínio da Copersucar tinha mais, Long Beach aparentava ser muito mais questão de cumprir tabela: largando em 24° em uma pista pouco propícia para ultrapassagens, Emerson provavelmente esperava um GP como os últimos 17: sem pontos. A seca durava desde o GP da Argentina do ano anterior, mais de 12 meses antes.
Nelson Piquet liderou desde a largada em Long Beach em 1980 (Foto: Reprodução/Twitter)
A largada aconteceu com tranquilidade para Piquet. O brasileiro não só seguiu em primeiro como também viu o menos ameaçador Patrick Depailler colocar sua Alfa Romeo em segundo, na frente de Arnoux e sua Renault. Mais atrás, três abandonos na primeira volta permitiam a subida de Fittipaldi para 19°, mas ainda milhas distante até mesmo de pontuar.
 
Arnoux seguiu perdendo terreno gradativamente, figurando em quinto já na altura da volta 14. Enquanto isso, Jones subia para segundo, ultrapassando Depailler. Piquet, por sua vez, abria vantagem confortável na liderança. Fittipaldi, evitando um novo acidente de quatro carros e se beneficiando de problemas mecânicos alheios, fazia valer a confiabilidade do carro brasileiro. O bicampeão entrou no top-10 na volta 20 e começava a sonhar ao menos com um pontinho.
 
A corrida seguiu calma, tendo como principais mudanças mais três abandonos: Jones, Depailler e Gilles Villeneuve ficaram pelo caminho após andar em segundo, terceiro e quarto. Era tudo que Piquet precisava: o segundo colocado agora era o bem menos preocupante Riccardo Patrese. Parecia questão de manter o carro inteiro até o fim para celebrar a primeira vitória da carreira.
 
Na volta 50, a corrida ganhou contornos sombrios: Clay Regazzoni perdeu freios no fim da reta principal, acertando o carro estacionado de Ricardo Zunino e, em seguida, uma barreira de concreto. O suíço sobreviveu, mas com sequelas: seu corpo estava paralisado da cintura para baixo, o que forçaria o fim da carreira e o resto da vida em uma carreira de rodas.
Nelson Piquet começou a se destacar na F1 em 1980 (Foto: StatsF1)
Na corrida em si, Fittipaldi começava a ganhar ainda mais terrenos. O carro seguia sem problemas mecânicos, o que permitia superar gente grande na pista. John Watson, por exemplo, teve defeitos na caixa de câmbio e foi presa fácil. Arnoux, com um pneu furado nas voltas finais, também. Na volta 63, não era mais questão de pontuar: Emerson estava em terceiro, atrás apenas de Piquet e Patrese.
 
Mais 17 giros e, com 80 ao todo, chegava ao fim a corrida em Long Beach. Piquet cruzou a linha de chegada com nada menos do que 49s de vantagem sobre Patrese e 1min18s sobre Fittipaldi. Do quarto colocado para trás, todos levaram ao menos uma volta, consequência do forte ritmo do futuro tricampeão.
 
Aquele seria o único pódio compartilhado por Piquet e Fittipaldi, que viveriam trajetórias quase opostas na sequência da década. Nelson venceu mais duas provas e assegurou o vice-campeonato com uma Brabham progressivamente mais forte. Estavam plantadas as sementes que renderiam dois títulos mundiais, em 1981 e 1983. Já consolidado como piloto de ponta, o brasileiro ainda seria campeão em 1987, já pela Williams.
 
Para Fittipaldi, era o começo do fim. A jornada da escuderia própria se tornou frustração pura, o que tirou o bicampeão do grid ao fim do ano. A equipe seguiu, agora com Chico Serra formando dupla com Keke Rosberg, mas fecharia de vez em 1982. Foi um momento duro, mas que permitiu a Emerson a ida aos Estados Unidos, onde teria enorme sucesso através de duas vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis.

 


 
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