Na Garagem: Barrichello é 3º no GP do Pacífico e vai a 1º pódio na F1. Schumacher vence
Foi há exatos 30 anos que Rubens Barrichello levou a modesta Jordan ao top-3 de uma corrida de Fórmula 1, no GP do Pacífico. Michael Schumacher, em mais um desfile magistral com a Benetton, venceu com mais de 1min de vantagem sobre Gerhard Berger
O ano de 1994 é, sem dúvida, um dos mais emblemáticos da história da Fórmula 1 por razões distintas. Foi o ano que viu o nascimento daquele que se tornaria um dos maiores vencedores da categoria em todos os tempos, mas também marcou a morte de um dos grandes ídolos do esporte a motor. E ainda que talvez de menor tamanho, foi em 1994 que Rubens Barrichello não apenas anotou o primeiro dos seus 68 pódios na F1 como também foi responsável pela estreia da modesta Jordan no top-3.
O feito aconteceu em 17 de abril, há exatos 30 anos, numa época em que pontos na F1 eram muito mais suados, pois apenas os seis primeiros de cada corrida somavam tentos na classificação. Se trouxéssemos para os dias atuais usando a ordem de forças como exemplo, seria uma briga muito mais limitada a Red Bull, Ferrari, McLaren e Mercedes.
No início da década de 1990, McLaren também era potência, porém 1992 trouxe uma surpreendente Williams para a ponta impulsionada pela suspensão ativa, e a revolução foi tão grande que não demorou para Ayrton Senna ocupar um dos assentos do time inglês, logo após o fim de 1993. Só que o início da temporada de 1994 foi particularmente difícil para o brasileiro, que demonstrava mais dificuldades que o normal para guiar o carro.
Enquanto Senna buscava se entender com o FW16, Barrichello começava o ano um tanto mais otimista após a temporada de estreia com pontos na Jordan. A impressão do piloto de então 21 anos sobre o carro era melhor, e isso se confirmou já na primeira prova do ano, no Brasil, quando Rubens saltou de 14º para quarto no grid.
O palco seguinte, contudo, não seria fácil: o GP do Pacífico no travado e estreito circuito japonês de Aida, a primeira de duas edições que fizeram parte do calendário da F1. Na classificação, mais uma vez Ayrton mostrou a magistral condução em volta rápida e conquistou a pole-position, com Michael Schumacher em segundo. Barrichello, por sua vez, conseguiu repetir a melhor posição de largada alcançada em 93, no GP da França, e alinhou em oitavo, tendo Nicola Larini — chamado às pressas para substituir o lesionado Jean Alesi na Ferrari — ao seu lado, em sétimo.
Na largada, Senna deu uma leve patinada que o fez perder tempo suficiente para Schumacher assumir o primeiro lugar. O piloto da Williams colocou-se logo atrás do alemão da Benetton, porém o toque de Mika Häkkinen, já na McLaren, ainda na primeira curva o fez rodar. Ayrton até teria chances de voltar à corrida, porém foi acertado em cheio por Larini, que foi parar na brita tentando fugir da confusão.
O na largada fez Barrichello pular para quinto, atrás de Gerhard Berger (Ferrari), Damon Hill (Williams) Häkkinen e Schumacher e ganhando a posição de Martin Brundle (McLaren), que havia largado à frente do piloto da Jordan, em sexto. Mas eis que, ainda no terceiro giro, Hill perdeu o controle do carro e rodou sozinho, despencando para a nona colocação. Com isso, Barrichello colocou-se novamente em quarto.
Não demorou muito, contudo, para Hill recuperar os postos perdidos, primeiro superando Jos Verstappen, depois Heinz-Harald Frentzen, Christian Fittipaldi, Brundle até chegar em Barrichello, ultrapassagem efetuada na volta 13. Seis giros depois, Häkkinen dava adeus à disputa por conta de um problema hidráulico.
Quando Hill parou para a troca de pneus e reabastecimento, Rubens subiu para terceiro. Só que, novamente, o representante da Williams deu início a mais uma remontada até voltar ao top-3. Retardando o primeiro pit-stop o máximo possível, até a volta 31, Barrichello voltou à prova em quarto, à frente de Fittipaldi e Brundle, que perdeu mais tempo que o esperado na parada e retornou apenas em sexto. O piloto da McLaren só conseguiu passar o Footwork de Fittipaldi sete giros depois.
Na frente, Hill também deixava a corrida em definitivo após falha na transmissão, na volta 49. Com o inglês fora de jogada e Berger até então bem consolidado em segundo, Barrichello e Brundle iniciaram o duelo para ver qual dos dois subiria ao último degrau do pódio. O britânico, então foi mais uma vez para o pit-lane, retornando em sexto e dando um leve respiro ao brasileiro.
A corrida começou a se definir para valer da volta 56 em diante. Berger entrou para efetuar a segunda parada e foi devolvido à prova atrás de Barrichello, que tinha apenas Schumacher à sua frente, seguro em seu passeio por Aida. Só que o os pneus de Rubens já estavam muito gastos, portanto o brasileiro logo foi ao pit-lane realizar outro pit-stop.
Dessa vez, no entanto, a Jordan teve problemas. O motor Hart do carro de Barrichello apagou, fazendo-o perder momentaneamente o pódio, voltando em quarto. Berger e Brundle completavam, até então, o top-3 do GP do Pacífico.
Com Barrichello aparentemente fora de jogada, Brundle passou a buscar Berger na briga pelo segundo posto, só que não contava com um superaquecimento do motor. Sem alternativa, retornou aos boxes para abandonar de vez. A sorte sorria para Barrichello e fazia justiça à bela performance do brasileiro ao volante da Jordan em Aida.
Schumacher, em uma de tantas atuações maiúsculas, cruzou a linha de chegada com impressionantes 1min15s300 de vantagem sobre Berger. Barrichello foi terceiro com uma volta de diferença para o alemão. No pódio, enquanto Michael transbordava euforia pela segunda vitória em duas corridas realizadas e 20 pontos já sobre Senna no campeonato, Rubens era só sorrisos com o feito. Para completar, Fittipaldi ainda terminou em quarto, repetindo o melhor resultado na F1 obtido no ano anterior, na África do Sul.
Por conta das circunstâncias envolvendo abandonos de nomes de peso, como a dupla da Williams, Barrichello deixou Aida na vice-liderança graças aos 7 pontos somados em duas etapas. O terceiro GP daquele ano, em San Marino, porém, marcaria para sempre a vida do brasileiro, que sofreu um grave acidente durante os treinos livres. Mas o baque maior seria no domingo, após o acidente fatal de Senna.
A Fórmula 1 volta a acelerar entre os dias 19 e 21 de abril, para o GP da China, retorno da etapa ao calendário pós-pandemia, com cobertura completa do GRANDE PRÊMIO.
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