Na Garagem: Turquia vira nova fronteira da F1 e vê Montoya dar ‘forcinha’ a Alonso

Há exatos dez anos a F1 realizou sua primeira corrida em Istambul, no marcante circuito de Kürtkoy, lembrado até hoje pela famosa e desafiadora Curva 8. A prova na antiga Constantinopla foi marcada pela boa jornada da McLaren, que quase emplacou uma dobradinha, não fosse um erro de Juan Pablo Montoya no fim da disputa

No dia 21 de agosto de 2005, a F1 disputou pela primeira vez o GP da Turquia. A primeira corrida em terras turcas foi a 14ª etapa daquela temporada. Kimi Räikkönen e Fernando Alonso venceram 14 das 19 corridas daquele ano, com Michael Schumacher, Giancarlo Fisichella e Juan Pablo Montoya brigando pelo terceiro lugar da tabela com metade dos pontos dos dois líderes.

Alonso venceu cinco dos dez primeiros GPs da temporada e construiu uma bela vantagem para o finlandês da McLaren. No intervalo entre a segunda e a sétima etapas, Alonso venceu na Malásia, Bahrein e San Marino, em sequência. Também venceu os GPs da Europa e da França, mantendo a diferença sempre acima dos 22 pontos.

Kimi, por sua vez, sofria com problemas de confiabilidade em sua McLaren e marcou apenas sete pontos nas quatro primeiras corridas da temporada de 2005; apenas para efeito de comparação, o espanhol da Renault tinha feito 36 nessas mesmas quatro provas. Uma vantagem quase impossível de ser revertida.

Há dez anos a Turquia recebia pela primeira de sete vezes o Mundial de F1 (Foto: Ferrari)

Quando os problemas de confiabilidade da equipe de Woking foram resolvidos, a sorte de campeão do espanhol falou alto. Em Nürburgring, Kimi liderava quando a suspensão dianteira direita quebrou faltando menos de uma volta. Com a má sorte do ‘homem de gelo’, o espanhol abriu mais 12 pontos na dianteira do campeonato.

Mas outro fator também fez diferença na briga entre os dois: os companheiros de equipe. Enquanto Alonso tinha em Fisichella um escudeiro capaz de pontuar em 12 etapas e em duas dessas ocasiões terminar à frente de Kimi, Montoya fez uma temporada mediana pela McLaren, só roubando pontos de Alonso uma vez em 15 etapas. Muito pouco para quem tinha o melhor carro do grid.

Um erro de Juan Pablo Montoya deixou Alonso muito mais perto do título de 2005 (Foto: Daimler)

Além disso, o colombiano ficou de fora das etapas de Bahrein e de San Marino por conta de uma contusão no braço. A história nunca foi totalmente esclarecida, mas segundo os boatos, Montoya teve uma queda de moto nos Estados Unidos. Uma atitude pouco profissional, talvez. Noutras vezes, trapalhadas na pista fizeram com que o colombiano deixasse de ajudar Kimi na briga com Alonso.

Uma dessas trapalhadas aconteceu no GP da Turquia. O GP turco, disputado entre 2005 e 2011, tinha uma peculiaridade: em cinco dessas sete etapas, quem largou na pole, venceu. Assim foi com Kimi em 2005. Com o tempo de 1min26s797, ele cravou a pole, com 0s242 à frente de Fisichella. Alonso saiu em terceiro, 0s011 atrás do companheiro de Renault. Montoya partiu em quarto, 0s555 atrás do pole.

Faltavam duas voltas para o fim da corrida, Montoya estava em segundo, perto de sacramentar a primeira dobradinha da equipe McLaren no ano — ironicamente, até aquele momento, só a Ferrari tinha conseguido colocar os dois pilotos no topo do pódio, no infame GP dos Estados Unidos, em Indianápolis. Se a corrida terminasse assim, Kimi encurtaria a distância para Alonso e deixaria a diferença em 22 faltando cinco provas para o término do campeonato. A virada era plausível.

Graças a uma 'forcinha' de Montoya, Alonso evitou a dobradinha da McLaren em Istambul (Foto: Daimler)

Mas um erro de Montoya ao ultrapassar o retardatário Tiago Monteiro, da Jordan, fez com que o colombiano rodasse, permitindo a ultrapassagem de Alonso e melando a dobradinha da equipe prateada. Era fácil culpar o português, mas as imagens mostram Montoya travando as rodas dianteiras, ao fazer uma ultrapassagem desnecessária àquela altura.

Alonso sorriu e guardou dois pontinhos a mais no bolso. “Sabemos que a McLaren é mais rápida, e esse resultado foi melhor que o esperado”, disse o espanhol, após a prova. Com a diferença em 24 pontos, mesmo se Kimi ganhasse todas as etapas até Xangai, Alonso só precisava ser terceiro em todas.

O finlandês não podia contar apenas com Montoya: dependia da ajuda alheia ou de algum abandono de Alonso, que acabou tornando-se campeão mundial ao fim da temporada.

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