Opinião GP: Aleatoriedade da F1 ‘A’ é bacana, mas expõe inabilidade em bater Red Bull

A McLaren é a mais recente prova do tamanho da imprevisibilidade do grupo chamado de F1 ‘A’, que é basicamente formado pelas equipes que deveriam confrontar Max Verstappen e a Red Bull. E por mais que seja interessante perceber as mudanças constantes nessa ordem de forças, não deixa de ser inquietante o fato de que esses times de ponta ainda falham em impor algum tipo de resistência aos taurinos em 2023

“A McLAREN VEIO DO NADA”. A frase dita por um espantado George Russell resumiu bem o fim de semana da Fórmula 1 na Inglaterra. Porque é mais uma prova da excentricidade que tomou conta da popularmente chamada F1 ‘A’. Sim, a superioridade de Max Verstappen é tamanha que ele vive em uma liga própria, sem ser ameaçado. Já o restante do grid aparece dividido em grupos distintos, mas muito equilibrados, algo absolutamente singular na história da maior categoria do esporte a motor. O caso agora é que o Mundial ganhou um episódio dos mais intrigantes em Silverstone, com a promoção da equipe laranja ao bloco que tenta se aproximar do líder do campeonato. E esse movimento é também mais um de uma temporada que se vê obrigada a se contentar com uma disputa em camadas e aleatória.

E que funciona mais ou menos assim em 2023: entre o Bahrein e a Austrália, uma inesperada Aston Martin tomou à frente da F1 ‘A’. No Azerbaijão, a Ferrari ensaiou uma briga mais acirrada — afinal, Charles Leclerc foi capaz de superar Verstappen ao menos na classificação. Aí veio Miami, com um Fernando Alonso reassumindo o posto de ‘melhor do resto’. Isso durou até Mônaco. Na Espanha, a Mercedes apareceu montada em um revisado W14 e colocou seus dois carros no pódio. Duas semanas mais tarde, o Canadá viu um duelo entre o carro verde e o preto. Então, a Áustria revelou uma Ferrari veloz de novo, mas com mais ritmo de corrida. E na viagem à Inglaterra, a McLaren surpreendeu e roubou para si os holofotes.

Relacionadas


Não deixa de ser divertido acompanhar essas constantes mudanças na ordem de força de quem está em busca do posto de ‘melhor do resto’. É até lúdico pensar no que a F1 poderia ser sem a presença de Verstappen e da Red Bull nessa posição de domínio. Equilíbrio é a primeira palavra que vem na mente, claro. Certamente, seria um campeonato mundial dos sonhos, um dos mais imprevisíveis da história recente, algo muito semelhante ao que aconteceu em boa parte de 2012. De fato, há uma paridade técnica das mais interessantes entre todas essas equipes, com seus pontos fortes e fracos dependentes demais de situações particulares.

Há, no entanto, um pensamento inquietante em tudo isso. Como é possível que uma marca como a Ferrari não seja capaz de acertar duas corridas seguidas? Por que é tão complicado entender o desenvolvimento de um carro e tomar decisões acertadas? Indo além: é ok para uma fabricante tão especial se conformar com tão pouco?

Ou a Mercedes, por exemplo, que venceu oito vezes consecutivas o Mundial de Construtores. Perdeu a mão do sucesso de repente? O gosto pela vitória? Mesmo a McLaren, que atravessou momentos de extremo perrengue até ser resgatada por um apaixonado Zak Brown, jamais deixou de ser um time de ponta, de grande estrutura técnica. É impossível pensar que essas organizações, tão bem equipadas e com o que há de melhor no campo técnico e financeiro, pareçam tão amadoras de tantas maneiras.

Aqui é importante ressaltar também: Ferrari e Mercedes, especialmente, partem de um mesmo ponto de desenvolvimento e recursos. Então, essa oscilação diz muito sobre a (falta) capacidade técnica, as falhas e problemas frente ao que faz a Red Bull. É uma derrota e um atestado de incompetência.

Nunca é fácil acertar de cara um novo regulamento na F1, mas a apatia que toma esse grupou muitas vezes causa espanto e certa decepção. Lewis Hamilton disse no sábado que “há algo muito errado” com as atualizações de sua equipe, mas isso se estende a todos. Há algo que parece não funcionar a pleno e não tem nada a ver com o domínio dos taurinos, não.

LEIA TAMBÉM
+5 coisas que aprendemos no GP da Inglaterra, 10ª etapa da Fórmula 1 2023

Mais um pódio diferente em 2023, sendo Verstappen a única constante (Foto: AFP)

Enquanto isso, Verstappen e a Red Bull se colocam em um ponto de grandeza e excelência que fica cada vez mais difícil imaginar alguém vencendo no lugar do holandês. Na etapa inglesa, apesar das condições adversas da classificação, o bicampeão não esmoreceu e, apesar de um erro bobo no pit-lane, conquistou a pole sem piedade, frustrando mais de 150 mil pessoas que gritavam por Lando Norris. No dia seguinte, até tomou um susto com uma largada atrapalhada, mas recuperou terreno rapidamente, superou o herói local e cruzou a linha de chegada na frente, para ampliar seus números e performance.

É tão potente o atual desempenho de Max que a conquista na Inglaterra se junta a inacreditáveis 11 vitórias seguidas, somando o fim de 2022 e o início de 2023. É a maior marca de todos os tempos na F1, ao lado da lendária McLaren de 1988. Inclusive, os taurinos podem reescrever a história neste ano se venceram todas as corridas da temporada. Quem mais chegou perto disso foi justamente a equipe de Woking naquele mesmo campeonato.

Portanto, essa Fórmula 1 irritantemente aleatória parece mais danosa à imagem do campeonato do que o domínio autêntico de Verstappen e dos energéticos.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

Fórmula 1 retorna em duas semanas, entre os dias 21 e 23 de julho, com o GP da Hungria, em Hungaroring, 11ª etapa da temporada 2023. E o GRANDE PRÊMIO acompanha tudo.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.