Opinião GP: Com campeonato encaminhado para Hamilton, F1 enfim se preocupa com razão de ser

Em um fim de semana marcado pelas discussões sobre o futuro da F1 e a crise financeira das equipes médias e pequenas, Lewis Hamilton deu um passo importante na luta pelo título ao vencer na pista o maior oponente e cara que tinha a obrigação de vencer

 A F1 DESEMBARCOU em Austin com duas equipes a menos, e aí mergulhou em uma séria discussão sobre como fazer o negócio funcionar para todos os competidores do grid daqui para frente. Pela primeira vez desde 2005, apenas 18 carros estavam inscritos na disputa, e as ausentes Caterham e Marussia, na verdade, acabaram se fazendo presentes ao tornarem real a crise dentro da maior categoria do automobilismo mundial.

Na quinta-feira, dia ainda sem ações de pista, mas de muita conversa e entrevistas, Bernie Ecclestone trabalhou demais. Teve de se mexer, porque, afinal, o show precisa continuar. Então, foi em busca de soluções, com reuniões aqui e ali e um pouco de cena também para acalmar as críticas. Falou-se na adoção do terceiro carro para os times de ponta e alguns outros pequenos ajustes, mas a raiz do imbróglio é muito clara: a F1 é cara demais e vive dentro de orçamentos astronômicos e desenfreados.

Bernie Ecclestone tentou intervir, mas sem sucesso (Foto: Getty Images)

Ecclestone não foge da responsabilidade, diga-se. O chefão admitiu entender o problema, mas não uma forma de solucioná-lo a curto prazo. Evidentemente, como também reconheceu depois, o inglês não deseja ver o trabalho de praticamente uma vida fracassar dessa forma e por suas próprias mãos. Quer dizer, em um futuro não muito distante, os acordos de hoje terão de ser revistos e a habilidade do dirigente será colocada à prova mais uma vez, isso se o caminho de uma melhor distribuição da receita interna for tomado.

A questão é saber se o tempo de revisão vai ser curto o suficiente para não fazer as equipes definharem. A Sauber, por exemplo, não se furtou em esconder a realidade: assinou com Marcus Ericsson não pelos belos olhos nórdicos ou sua habilidade questionou, mas pelo quanto carrega de investimento financeiro. Falam que seu companheiro será Giedo van der Garde. Quer coisa mais terrível? É o preço que, literalmente, se paga.

Então o foco do campeonato, que chegou aos EUA para mais um capítulo do duelo entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, mudou. As discussões sobre o título deram lugar a uma interessante manobra, ainda que velada, do pelotão intermediário do grid. Cientes dos problemas das colegas menos favorecidas, as equipes médias também aproveitaram o momento e se fizeram ouvir.

A briga pelo Mundial perdeu mais um round entre sexta-feira e sábado com uma suposta ameaça de boicote. O sinal de alerta partiu da Force India, por meio do chefe-adjunto Bob Fernley, que disse a jornais ingleses que poderia até haver um boicote a corrida norte-americana caso as queixas também de Lotus e Sauber não fossem ouvidas pelas grandes.

Claro que os chefes não confirmaram a informação e nem levaram a cabo o motim, mas a ação tomou grandes proporções, dominou o sábado por completo e forçou de novo Bernie a apagar incêndios. Nem a inesperada pole de Nico Rosberg conseguiu desviar as atenções. Ao fim e ao cabo, a F1 ainda terá muito que tramar nesses próximos meses, as discussões ainda estão começando e a pergunta que fica é, ainda que sem querer parafrasear 'Game of Thrones': quem vai sobreviver ao inverno?

Lewis Hamilton deu um passo enorme na luta pelo título em Austin (Foto: Getty Images)

Porém, no domingo, finalmente as ações de pista ganharam a atenção. E o que se pode dizer é que, agora, parece quase impossível parar Lewis Hamilton. O inglês não gostou de ter sido superado tão inesperadamente pelo companheiro e rival Nico Rosberg no sábado, mas não se abalou e decidiu que daria o troco na mesma moeda.

Hamilton não se preocupou em atacar logo na largada, erro que o próprio Rosberg cometera há três semanas. Lewis foi um pouco mais diabólico, aproveitando o fim de semana de Dia das Bruxas.

Deixou que Nico ganhasse confiança com a pole e com a liderança inicial, esperou para ver as armas do oponente e resolveu pegá-lo de surpresa. Sem aviso, o britânico encostou, fez uma ultrapassagem segura, mas dura e foi embora. Nico ainda tentou esboçar uma reação, mas já era tarde. E muito pouco também para quem tinha a obrigação de ganhar – Nico não vence desde julho na Alemanha. 

A apatia de agora praticamente entregou a taça ao adversário. Ainda há tempo? Há. Tem como? Tem, mas Rosberg agora não depende mais só de si.

E britânico entra na fase decisiva da temporada mais favorito do que nunca e com méritos. O campeão de 2008 soube reagir na hora certa, tirou proveito de todas as situações que pôde, não entregou os pontos e agora celebra uma incrível décima vitória no ano. Venceu quando tinha de vencer. Essa seria a única lição do campeonato deste ano não fosse a crise que ele escancara.

Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.

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HAMILTON vs. ROSBERG:
SÓ 0s003 DE DIFERENÇA

A Mercedes apavorou nesta sexta-feira (31) em Austin. E se transformou no pior pesadelo de suas adversárias neste Dia das Bruxas nos EUA. E olha que a equipe nem precisou lançar mão de feitiços ou traquinagens para despachar a concorrência. Sem dó ou docinhos, os prateados não quiseram saber de aboboras e foram cruéis no domínio. Apenas Lewis Hamilton e Nico Rosberg andaram na casa de 1min39s, e a diferença entre os dois protagonistas do Mundial foi miserável, apenas 0s003. Só que impuseram 1s1 no rival mais próximo.

Leia a reportagem completa no GRANDE PRÊMIO.

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